01 maio, 2018

Papa: "O silêncio de José é habitado pela voz de Deus"

 
Sala Clementina: funcionários do jornal Avvenire e familiares (Vatican Media)
 
Na manhã de terça-feira (01/05), dia dedicado a São José Operário, Francisco refletiu sobre a figura deste ‘homem do silêncio’ e alertou os jornalistas: “Não devemos fazer o bem de quem nos ouve, mas educá-los a pensar e a julgar”.
 
Cidade do Vaticano

Na manhã de terça-feira (01/05), o Papa Francisco recebeu em audiência especial no Vaticano cerca de 400 funcionários do jornal italiano católico ‘Avvenire’ e os seus familiares. O cotidiano foi fundado em Milão há 50 anos.

No dia dedicado a São José Operário, Francisco presenteou o grupo com uma reflexão sobre a figura deste santo trabalhador definindo-o ‘homem do silêncio’. 

O silêncio e a dignidade atribuída pelo trabalho 

Lembrando que “o silêncio pode parecer como a antítese do comunicador”, o Papa iniciou afirmando que “o silêncio de José é habitado pela voz de Deus e gera a obediência da fé”.

“Homem justo, capaz de se doar ao sonho de Deus, José encarrega-se das pessoas e situações que a vida lhe confia: é um educador e pai que sabe fazer crescer a vida, acompanhar as pessoas e transmitir o trabalho”, prosseguiu.

“A dignidade humana não se relaciona ao dinheiro, à visibilidade ou ao poder, mas ao trabalho”, frisou, comparando a marcenaria de José à redação deste jornal, onde o trabalho teve que ser reorganizado e harmonizado com as novas tecnologias e a colaboração com as outras mídias ligadas à Conferência Episcopal Italiana. 

O Evangelho anunciado como beleza e bem comum 

“Neste panorama, a Igreja sente que a sua voz não pode faltar, fiel à missão que a chama ao anúncio do Evangelho da misericórdia. A mídia oferece enormes potencialidades para contribuir na cultura do encontro”, destacou, convidando os jornalistas, por um momento, a focarem a comunicação como verdade, beleza e bem comum.

O marceneiro de Nazaré convida-nos a reencontrar o sentido da saudável lentidão, da calma e da paciência: “Com o seu silêncio, recorda-nos que tudo tem início com a escuta, para abrir-se à palavra e à história do próximo”, ressaltou Francisco. 
“ É o diálogo a vencer o medo e a Igreja deve ser seu artífice ”
O Papa dirigiu algumas recomendações aos ‘amigos do Avvenire’: “Não se cansem de buscar a verdade com humildade; escutem, aprofundem, comparem. Contribuam para superar contraposições estéreis e prejudiciais e sejam companheiros de quem se dedica à justiça e à paz”. 

Ninguém é 'excesso' 

“Desejo que saibam afinar e defender esta visão; que superem a tentação de não ver, afastar ou excluir. Encorajo-vos a não discriminar, a não considerar ninguém como ‘excesso’, a não se contentarem do que os outros já veem. Que ninguém, além dos pobres, dos últimos e dos sofredores, dite a sua agenda. Não aumentem a fila daqueles que contam a parte de realidade já iluminada pelos refletores. Comecem pelas periferias, conscientes de que não são o fim, mas início da cidade”.

Francisco mencionou um discurso feito por Paulo VI em 1971 aos comunicadores: “Não devemos fazer o bem de quem nos ouve, mas educá-los a pensar e a julgar”. E neste sentido, encorajou os jornalistas a evitar a informação de fácil consumo, que não compromete; a aproximarem-se das pessoas com respeito e a apostar em relações que constituem e reforçam as comunidades. 

Amor pela causa 

“Nada cria proximidade como a misericórdia”, frisou, concluindo com outras palavras de Paulo VI:
“ Temos que ter um grande amor pela causa, dizer que acreditamos no que fazemos e no que queremos fazer. ”

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A audiência reuniu cerca de 400 pessoas
 
 VATICAN NEWS

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