31 janeiro, 2018

Papa: ouvido, coração e mãos: o itinerário da Palavra de Deus

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Papa na Audiência Geral  (Vatican Media)
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"A Palavra de Deus faz um caminho dentro de nós. Escutamo-la com os ouvidos, passa pelo coração, não permanece nos ouvidos, deve ir ao coração e do coração passa às mãos, às boas obras. Este é o percurso que faz a Palavra de Deus: dos ouvidos ao coração e às mãos", disse o Santo Padre.
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Cidade do Vaticano

"Como poderíamos enfrentar a nossa peregrinação terrena, com as suas dificuldades e as suas provas, sem ser regularmente nutridos e iluminados pela Palavra de Deus que ressoa na liturgia?"

Ao dar continuidade à sua série de catequeses sobre a Santa Missa, o Papa Francisco falou na Audiência Geral desta quarta-feira, a 4ª de 2018 e a 213ª de seu Pontificado, sobre a Liturgia da Palavra, "que é uma parte constitutiva porque nos reunimos justamente para escutar o que Deus fez e pretende ainda fazer em nós".

"É uma experiência que acontece "ao vivo" e não por ouvir dizer - explicou o Santo Padre aos fiéis presentes na Praça São Pedro - porque quando na Igreja se lê a Sagrada Escritura, é Deus mesmo que fala ao seu povo e Cristo, presente na sua palavra, anuncia o Evangelho".

O Papa alertou então, que muitas vezes enquanto se lê a Palavra de Deus, se fazem comentários sobre como o outro se veste ou se comporta. Ao invés disto, "devemos escutar, abrir o coração porque é o próprio Deus que nos fala e não pensar noutras coisas ou em falar de outras coisas. Entenderam? Não acredito que aconteça muito, mas explicarei o que acontece nesta Liturgia da Palavra":

"As páginas da Bíblia deixam de ser um escrito para tornarem-se palavra viva, pronunciada por Deus. É Deus que por meio do que se lê nos fala e interpela a nós que escutamos com fé (...). Mas para escutar a Palavra de Deus, é preciso ter também o coração aberto para receber a palavra no coração. Deus fala e nós colocamos-nos em escuta, para depois colocar em prática o que ouvimos. É muito importante ouvir. Algumas vezes não entendemos bem porque existem algumas leituras um pouco difíceis. Mas Deus diz-nos o mesmo doutro modo: em silêncio e a ouvir a Palavra de Deus. Não esqueçam isto. Na Missa, quando começam as leituras, ouvimos a Palavra de Deus".

"Temos necessidade de escutá-lo!", enfatizou o Papa. "É de facto uma questão de vida, como bem recorda a incisiva expressão «nem só de pão o homem viverá, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus»".
Neste sentido, "falamos da  Liturgia da Palavra como da "mesa" que o Senhor prepara para alimentar a nossa vida espiritual".
 
A mesa litúrgica é abundante, "abre mais largamente os tesouros da Bíblia", do Antigo e do Novo Testamento, porque neles é anunciado pela Igreja o único e idêntico mistério de Cristo:

"Pensemos na riqueza das leituras bíblicas oferecidas pelos três ciclos dominicais que, à luz do Evangelhos Sinóticos, acompanham-nos no decorrer do ano litúrgico, uma grande riqueza".

O Papa chamou a atenção para a importância do Salmo responsorial, "cuja função é favorecer a meditação do que foi escutado na leitura que o precede".

"É bom que o Salmo seja valorizado com o canto, ao menos  do refrão", observou Francisco, acrescentando que também as leituras dos dias feriais constituem "um grande nutrimento para a vida cristã".

O Santo Padre explicou então que "as leituras da Missa, variadamente ordenadas segundo as diferentes tradições do Oriente e Ocidente, estão contidas nos Lecionários":

"A proclamação litúrgica das mesmas leituras, com os cantos deduzidos da Sagrada Escritura, exprime e favorece a comunhão eclesial, acompanhando o caminho de todos e de cada um".

Neste sentido - explica - "entende-se porque escolhas subjetivas, como a omissão de leituras e a sua substituição com textos não bíblicos, são proibidas":

"Isto de facto empobrece e compromete o diálogo entre Deus e o seu povo em oração. Pelo contrário, a dignidade do ambão e o uso do lecionário, a disponibilidade de bons leitores e salmistas. Mas procurem bons leitores, eh!, aqueles que saibam ler, não aqueles que leem e não se entende nada, eh! é assim, eh! Bons leitores, eh! Devem-se preparar e ensaiar antes da Missa para ler bem. E isto cria um clima de silêncio recetivo".

A Palavra do Senhor é uma ajuda indispensável para não nos perdermos, nutre-mos e ilumina-nos, ajudando-nos assim a enfrentarmos as dificuldades e as provas de nossa peregrinação terrena.

Mas "não basta ouvir com os ouvidos, sem acolher no coração a semente da divina Palavra, permitindo a ela dar fruto":

"A ação do Espírito, que torna eficaz a resposta, tem necessidade de corações que se deixem trabalhar e cultivar, de modo que aquilo que é ouvido na Missa passe para a vida cotidiana, segundo a advertência do apóstolo Tiago: «Sede cumpridores da palavra e não apenas ouvintes; isto equivaleria a enganardes a vós mesmos»."

"A Palavra de Deus faz um caminho dentro de nós. A escutamos com os ouvidos, passa pelo coração, não permanece nos ouvidos, deve ir ao coração e do coração passa às mãos, às boas obras. Este é o percurso que faz a Palavra de Deus: dos ouvidos ao coração e às mãos. Aprendamos estas coisas. Obrigado.”



Catequese do Papa sobre a Liturgia da Palavra

VATICAN NEWS

30 janeiro, 2018

Papa: pastores não sejam rígidos, mas ternos e próximos

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Capela da Casa Santa Marta  (Vatican Media)
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O Papa pediu para rezarmos hoje pelos nossos pastores, para que Deus dê a eles a graça de caminhar com o povo com ternura e proximidade.
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Cidade do Vaticano

As atitudes do verdadeiro pastor são aquelas com as quais Jesus acompanhou o Seu povo: proximidade e ternura concretas, não rigidez nem julgamento. Esta foi a reflexão feita pelo Papa na homilia da Missa celebrada na manhã de terça-feira (30/01) na capela da Casa Santa Marta.

As páginas do Evangelho de Marcos narram dois episódios de cura a serem mais contemplados do que refletidos, disse o Papa, porque indicam “como era um dia na vida de Jesus”, modelo de como deveria ser também a vida dos pastores, bispos ou sacerdotes.

Caminhar, estar no meio do povo, ocupar-se dele
 
O Apóstolo descreve Jesus mais uma vez circundado por uma multidão, "a multidão de pessoas que o seguia”, ao longo do caminho ou às margens do mar e com as quais Jesus se preocupava: foi assim que Deus prometeu acompanhar o Seu povo, destacou Francisco, estando no meio dele:

Jesus não abre um escritório de aconselhamento espiritual com um cartaz 'O profeta recebe segunda, quarta e sexta das 3 às 6. A entrada custa tanto ou, se quiserem, podem deixar uma oferta'. Não. Jesus não faz assim. Jesus tampouco abriu um consultório médico com o cartaz ‘Os doentes devem vir tal dia, tal dia, tal dia e serão curados’. Jesus joga-se no meio do povo.
 
E “esta é a figura de pastor que Jesus nos dá”, observou Francisco, citando um sacerdote “santo que acompanhava assim o seu povo” e que, à noite, por este motivo, estava “cansado”, mas de um “cansaço real, não ideal”, “de quem trabalha” e está no meio das pessoas.

Ir ao encontro das dificuldades com ternura  
 
Mas o Evangelho de hoje ensina também que Jesus é "comprido" entre a multidão e "tocado". Por cinco vezes este verbo aparece na narração de Marcos, notou o Papa, destacando que também hoje o povo faz assim durante as visitas pastorais, o faz para “pegar a graça” e o pastor sente isto.

E Jesus jamais se retrai, pelo contrário, “paga”, inclusive com a “vergonha” e a “zombaria”, “por fazer o bem”. São estas as “rmarcas do modo de agir de Jesus” e, portanto, as “atitudes do verdadeiro pastor”:

“O pastor é ungido com óleo no dia de sua ordenação: sacerdotal e episcopal. Mas o verdadeiro óleo, aquele interior, é o óleo da proximidade e da ternura. O pastor que não sabe fazer-se próximo, falta-lhe alguma coisa: talvez seja o dono do campo, mas não é um pastor. Um pastor ao qual falta a ternura, será um rígido, que bate nas ovelhas. Proximidade e ternura: vemos isto aqui. Assim era Jesus”.
 
Proximidade e ternura dos pastores: uma graça a ser pedida ao Senhor

Como Jesus, também o pastor – acrescenta ainda Francisco – “termina o seu dia cansado”, cansado de “fazer o bem”, e se o seu comportamento for este, o povo sentirá a presença viva de Deus.

Disto, eleva-se a oração de hoje de Francisco:

Hoje poderemos rezar na Missa pelos nossos pastores, para que o Senhor dê a eles esta graça de caminhar com o povo, estar presente no meio do povo com tanta ternura, com tanta proximidade. E quando o povo encontra o seu pastor, tem aquele sentimento especial que somente se pode sentir na presença de Deus – e assim termina a passagem do Evangelho – “E todos ficaram admirados”. A admiração de sentir a proximidade e a ternura de Deus no pastor”.

VATICAN NEWS

TALITHA KUM

 
 
 
 
Levanta-te!

Não te deixes ficar adormecido,
numa fé rotineira
vazia e sem sentido!

Levanta-te!

Não julgues que a salvação,
já é tua,
só porque bates no peito com a mão!

Levanta-te!

Acorda os outros também.
Se precisas de não fazer o mal,
mais precisas de fazer o bem!

Levanta-te!

Dá-te a ti mesmo de comer,
a Palavra de Deus,
que fortalece o teu viver.

Levanta-te!

Toma a tua cruz.
Coragem!
Lembra-te que o teu Cireneu
É Jesus!


Monte Real, 31 de Janeiro de 2018
Joaquim Mexia Alves

29 janeiro, 2018

Escola de Leigos: Formação do 2º semestre inicia em fevereiro

A Escola de Leigos do Patriarcado de Lisboa vai iniciar, no próximo dia 14 de fevereiro, o 2º semestre da Iniciação Bíblico-Teológica, que se prolonga até dia 20 de junho.

A proposta desta instância formativa do Instituto Diocesano da Formação Cristã (IDFC), que tem como tema ‘Fazer da Palavra de Deus o lugar onde nasce a fé’, está a decorrer em cinco locais diferentes da diocese: Santo Condestável (1º Ano, às segundas-feiras, às 21h00), Torres Vedras (2º Ano, às quartas-feiras, às 21h30), Oeiras (2º Ano, às segundas-feiras, às 21h30), Ramada (3º Ano, às segundas-feiras, às 21h30) e Olivais Sul (3º Ano, às segundas-feiras, às 21h00).O IDFC tem ainda a decorrer diversos Cursos Específicos, em Algueirão (‘Exortação Apostólica Verbum Domini, às segundas-feiras, às 21h30), no Centro Comercial Amoreiras (‘Lectio Divina’, dia 19 de março, segunda-feira, às 18h30), São Julião da Barra (‘Atos dos Apóstolos e Escritos Paulinos’, às quartas-feiras, às 21h00) e Campo Grande (‘A Igreja na História’, também às quartas-feiras, às 21h00).
 

Informações: 213558026 ou idfc@patriarcado-lisboa.pt

Partriarcado de Lisboa

Papa: Não existe uma verdadeira humildade sem humilhação

 
Papa Francisco na Capela da Casa Santa Marta  (Vatican Media)
 
 
O Papa Francisco inspirou a sua reflexão no Rei David, “um grande”, tinha uma “alma nobre”, mas era também um pecador, tinha “pecados grandes”.
 
Cidade do Vaticano

“Não existe uma verdadeira humildade sem humilhação” . Foi o que disse em síntese o Papa Francisco na Missa celebrada na manhã desta segunda-feira na Capela da Casa Santa Marta.

Uma reflexão que parte da figura do Rei David, centro da primeira leitura.

Davi de facto, é “um grande”. Tinha vencido o filisteu, tinha uma “alma nobre” - porque por duas vezes poderia ter matado Saul e não o fez – mas era também um pecador, tinha “pecados grandes”: “o do adultério e do assassinato de Urias, o marido de Betsabá”, “aquele do censo”.

Mesmo assim – observa Francisco – a Igreja venera-o como Santo,  “porque deixou-se transformar pelo Senhor, deixou-se perdoar”, arrependeu-se, e por “aquela capacidade não tão fácil de reconhecer ser pecador: “Sou pecador’”.

Em particular a Primeira leitura coloca o foco na humilhação de David: seu filho Absalão, “faz uma revolução contra ele”.

Naquele momento David não pensa “na própria pele”, mas em salvar o povo, o Templo, a Arca.

E foge, “um gesto que parece  covarde, mas é corajoso”, sublinha o Papa. Chorava, caminhando com a cabeça coberta e pés descalços.

Mas o grande David é humilhado, não somente com a derrota e a fuga, mas também com o insulto.

Durante a fuga, um homem chamado Semei  insultava-o dizendo que o Senhor fez recair sobre ele todo o sangue da casa de Saul – “cujo trono usurpastes – e entregando o trono ao filho Absalão: “eis que estás na ruína – afirmava – porque és um homem sanguinário”.

David o deixa fazer, não obstante os seus quisessem defendê-lo: “É o Senhor que inspira de insultar-me”, talvez “este insulto comoverá o coração do Senhor e me abençoará”.

Às vezes, nós pensamos que a humildade é ir tranquilos, ir talvez de cabeça baixa olhando para o chão... mas também os porcos caminham de cabeça baixa: isso não é humildade. Esta é aquela humildade falsa, prêt-à-porter, que não salva nem protege o coração. É bom que nós pensemos nisto: não existe verdadeira humildade sem humilhação, e se não fores capaz de tolerar, de carregar nas costas uma humilhação, não és humilde: faz de conta, mas não é.

David carrega nas costas os próprios pecados. “David é Santo; Jesus, com a santidade de Deus, é Santo”, afirmou o Papa e acrescentou: “David é pecador, Jesus é pecador, mas com o nossos pecados. Mas os dois, humilhados”.

Existe sempre a tentação de lutar contra quem nos calunia, contra quem nos humilha, quem nos faz passar vergonha, como este Semei. E David diz: “Não”. O Senhor diz: “Não”. Este não é o caminho. O caminho é o de Jesus, profetizado por David: carregar as humilhações. “Talvez o Senhor olhará para a minha aflição e me dará o bem em troca da maldição de hoje”: transformar as humilhações em esperança.

Francisco advertiu, porém, que a humildade não é justificar-se imediatamente diante da ofensa, tentando parecer bom: “Se não sabe s viver uma humilhação, não és humilde”, afirmou. “Esta é a regra de ouro”.

Peçamos ao Senhor a graça da humildade, mas com humilhações. Havia aquela freira que dizia: “Eu sou humilde, sim, mas humilhada jamais!”. Não, não! Não existe humildade sem humilhação. Peçamos esta graça. E também, se alguém for corajoso, pode pedir – como ensina Santo Inácio – pode pedir ao Senhor que lhe envie humilhações para se parecer sempre mais com o Senhor.


VATICAN NEWS

28 janeiro, 2018

Papa Francisco: Maria é a arca segura no meio do dilúvio

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Papa Francisco durante a missa na Basílica de Santa Maria Maior  (Vatican Media)
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"A Mãe não é um dom opcional, é o testamento de Cristo", disse o Santo Padre na homilia.
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Cidade do Vaticano

O Papa Francisco presidiu a celebração eucarística, na manhã deste domingo (28/01), na Basílica Papal de Santa Maria Maior, Festa da Trasladação do ícone Salus Populi Romani, que retrata Maria, tendo nos braços o Menino Jesus abençoando.
“Estamos aqui como povo de Deus a caminho, para uma pausa no templo da Mãe. A presença da Mãe faz deste templo uma casa familiar para nós, filhos."
“ Associando-nos a gerações e gerações de romanos, reconhecemos nesta casa materna a nossa casa, a casa onde encontrar repouso, consolação, proteção e refúgio. ”
“O povo cristão compreendeu, desde o início, que, nas dificuldades e provações, é preciso recorrer à Mãe, como indica a mais antiga antífona mariana: À vossa proteção, recorremos, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossas súplicas nas nossas necessidades; mas livrai-nos de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita”, disse o Pontífice na sua homilia.

Papa celebra na Basílica de Santa Maria Maior
 
"Recorremos, procuramos refúgio. Os nossos pais na fé ensinaram-nos que, nos momentos turbulentos, é preciso acolhermo-nos sob o manto da Santa Mãe de Deus.

Outrora os perseguidos e os necessitados procuravam refúgio junto das mulheres nobres da alta sociedade: quando o seu manto, que era considerado inviolável, se estendia em sinal de acolhimento, a proteção era concedida”, frisou o Papa.
“ O mesmo, fazemos nós em relação a Nossa Senhora, a mulher mais sublime do género humano. O seu manto está sempre aberto para acolher-nos e recolher-nos. ”
"Bem o recorda o Oriente cristão, onde muitos celebram a Proteção da Mãe de Deus, que, num lindo ícone, é representada com o seu manto abrigando os filhos e cobrindo o mundo inteiro.

Os próprios monges antigos recomendavam que, nas provações, nos refugiássemos sob o manto da Santa Mãe de Deus: invocá-La – «Santa Mãe de Deus» – já era garantia de proteção e ajuda.”

Segundo Francisco, “esta sabedoria, que vem de longe, ajuda-nos: a Mãe guarda a fé, protege as relações, salva nas intempéries e preserva do mal. Onde Nossa Senhora é de casa, o diabo não entra; onde está a Mãe, a perturbação não prevalece, o medo não vence.

Quem de nós não precisa disto? Quem de nós não se sente às vezes perturbado ou inquieto? Quantas vezes o coração é um mar em tempestade, onde as ondas dos problemas se amontoam e os ventos das preocupações não cessam de soprar!
“ Maria é a arca segura no meio do dilúvio. ”
"Não serão as ideias ou a tecnologia a dar-nos conforto e esperança, mas o rosto da Mãe, as suas mãos que acariciam a vida, o seu manto que nos abriga. Aprendamos a encontrar refúgio, indo todos os dias junto da Mãe”.

"Não desprezeis as súplicas. Quando nós A imploramos, Maria intercede por nós. Há um lindo título em grego – Grigorusa – que significa «Aquela que intercede prontamente»; que não demora, como ouvimos no Evangelho, onde imediatamente leva a Jesus a necessidade concreta daquelas pessoas: «Não têm vinho!» (Jo 2, 3).

Assim faz, sempre que A invocamos: quando nos falta a esperança, quando escasseia a alegria, quando se esgotam as forças, quando se obscurece a estrela da vida, a Mãe intervém.
“ Está atenta ao cansaço, sensível às turbulências, próxima do coração. ”
E nunca, nunca despreza as nossas orações; não deixa perder-se uma sequer. É Mãe, nunca Se envergonha de nós; antes, só espera poder ajudar os seus filhos.”

“Um episódio pode  ajudar-nos a compreender isto. Junto duma cama de hospital, uma mãe velava pelo seu filho, sofrendo em consequência dum acidente. Aquela mãe estava sempre ali, dia e noite. Uma vez lamentou-se com o sacerdote, dizendo: «Mas a nós, mães, o Senhor não permitiu uma coisa!» «O quê?»: perguntou o padre. «Carregar a dor dos filhos»: replicou a mulher.

Eis o coração de mãe: não se envergonha das feridas, das fraquezas dos filhos, mas quer tomá-las sobre si mesma. E a Mãe de Deus e nossa sabe tomar sobre Si, consolar e curar.”

"Livrai-nos de todos os perigos. O Papa disse ainda que “o próprio Senhor sabe que precisamos de refúgio e proteção no meio a tantos perigos. Por isso, no momento mais alto, na cruz, disse ao discípulo amado, a cada discípulo: «Eis a tua Mãe!»
“ A Mãe não é um dom opcional, é o testamento de Cristo. ”
E precisamos d’Ela como precisa de repouso um viajante, de ser levado nos braços como um bebê. É um grande perigo para a fé viver sem Mãe, sem proteção, deixando-nos arrastar pela vida como as folhas pelo vento.

O Senhor sabe isso, e recomenda-nos acolher a Mãe. Não é um galanteio espiritual, é uma exigência de vida. Amá-La, não é poesia; é saber viver. Porque, sem Mãe, não podemos ser filhos. E, antes de tudo, nós somos filhos, filhos amados, que têm Deus por Pai e Nossa Senhora por Mãe.”

Francisco recordou que “o Concílio Vaticano II ensina que Maria é «sinal de esperança segura e de consolação para o povo de Deus ainda peregrinante».

É sinal: é o sinal que Deus posicionou para nós. Se não o seguirmos, extraviamo-nos. Com efeito, há uma sinalização da vida espiritual, que deve ser observada. A nós, «que, entre perigos e angústias, caminhamos ainda na terra», tal sinalização indica-nos a Mãe, que já chegou à meta.

Quem melhor do que Ela nos pode acompanhar no caminho? Por que esperamos? Como o discípulo que, ao pé da cruz, acolheu consigo a Mãe «como sua», também nós convidamos Maria, desta casa materna, para a nossa casa.”
“ Não se pode ficar indiferente, nem separado da Mãe, caso contrário perdemos a nossa identidade de filhos e de povo, e vivemos um cristianismo feito de ideias e programas, sem consagração, sem ternura, nem coração. ”
"Mas, sem coração, não há amor; e a fé corre o risco de se tornar uma linda fábula doutros tempos. Ao contrário, a Mãe guarda e prepara os filhos. Ama-os e protege-os, para que amem e protejam o mundo. Façamos da Mãe o hóspede do nosso dia-a-dia, a presença constante na nossa casa, o nosso refúgio seguro. Consagremos-Lhe cada dia. Invoquemo-La em cada turbulência. E não nos esqueçamos de voltar junto d’Ela para Lhe agradecer”, concluiu o Papa.


VATICAN NEWS

Papa Francisco: violência desumana contra o povo afegão

Papa Francisco e dois adolescentes da Ação Católica de Roma, durante o Angelus  (AFP or licensors)
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Francisco lembrou que neste domingo, celebra-se o Dia Mundial do Hanseniano. 
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Cidade do Vaticano

Após a oração mariana do Angelus, o Papa Francisco fez um forte apelo pela paz no Afeganistão.

“Ontem, chegou do Afeganistão a notícia dolorosa sobre a terrível tragédia terrorista perpetrada, em Cabul, com mais de cem mortos e vários feridos.

Poucos dias atrás, outro atentado grave, sempre em Cabul, semeou terror e morte num grande hotel. Até quando o povo afegão deverá suportar esta violência desumana?"
“ Rezemos em silêncio por todas as vítimas e por todas as famílias, e rezemos por todos aqueles que, no país, continuam trabalhando para construir a paz. ”
Francisco lembrou que neste domingo, celebra-se o Dia Mundial do Hanseniano.

“Esta doença, infelizmente, afeta sobretudo ainda as pessoas desfavorecidas e pobres. A estes irmãos e irmãs asseguro a minha proximidade e solidariedade. Rezemos também pelas pessoas que cuidam deles e trabalham por sua reinserção na sociedade.”

O Papa saudou as famílias, as paróquias, as associações e todos aqueles que vieram na Itália e em várias partes do mundo, como os estudantes de Badajoz, na Espanha, os fiéis de Liubliana, na Eslovênia, para o Angelus dominical.

Francisco saudou com afeto os jovens da Ação Católica da Diocese de Roma, presentes na Praça São Pedro. “Espero que além do barulho vocês saibam fazer também coisas boas”, disse o Papa aos jovens.

“Queridos jovens, também este ano, acompanhados pelo arcebispo vigário, por seus pais, educadores e sacerdotes assistentes, vocês vieram numerosos no final da ‘Caravana da Paz’."
“ Agradeço a todos pela iniciativa. Não se cansem de ser instrumentos de paz e alegria entre os seus coetâneos! ”
A seguir, dois adolescentes da Ação Católica de Roma, que estavam com o Papa na janela da residência pontifícia, leram uma mensagem de paz para o Santo Padre.
O Pontífice convidou os dois adolescentes a saudarem sem medo os fiéis na Praça São Pedro.

“E agora junto com as nossas orações pela paz, cada um de nós no seu coração reze pela paz”, disse o Papa.

Da janela da residência pontifícia foram soltados alguns balões e na Praça São Pedro também.

“Junto a essas orações sobem também ao céu os balões. Vocês viram os balões?
“ Quando nós rezamos mal, quando levamos uma vida que não é a vida que Jesus quer, as nossas orações não chegam e deve vir uma ajuda para fazê-las ir para o alto. ”
Quando vocês sentirem que as suas orações não sobem, procurem a ajuda de alguém”, disse Francisco que desejou a todos um bom domingo e pediu aos fiéis para não se esquecerem de rezar por ele.