30 julho, 2017

Papa no Angelus: é Jesus o tesouro que dá alegria e sentido à vida



(RV) Antes da oração mariana do Angelus e dirigindo-se aos milhares de fiéis e peregrinos reunidos da Praça de S. Pedro, o Papa Francisco comentou as três semelhanças que concluem o cap. 13 de Mateus: o tesouro escondido, a pérola preciosa e a rede de pesca.

Vou me debruçar nas duas primeiras, disse o Pontífice, que sublinham a decisão dos protagonistas de venderem tudo para conseguir aquilo que descobriram.

No primeiro caso, é um agricultor que acidentalmente se depara com um tesouro escondido no campo onde estava a trabalhar e, visto que o campo não era de sua propriedade, decide arriscar todos os seus bens para comprar o campo e não perder aquela ocasião realmente excepcional; e no segundo caso, é um negociante de pérolas preciosas que, como bom conhecedor, identifica uma pérola de grande valor e, ele também, decide apostar tudo sobre aquela pérola, chegando a vender todas as outras.

Estas semelhanças, continuou o Papa, destacam duas características relacionadas com a posse do Reino de Deus: a procura e o sacrifício, pois o Reino de Deus é, sim, oferecido a todos, mas não é disponibilizado num prato de prata, é preciso procurar, caminhar, empenhar-se – reiterou Francisco:

“A atitude da procura é a condição essencial para encontrar; é necessário que o coração se abrase com o desejo de alcançar o bem precioso, ou seja, o Reino de Deus, que se faz presente na pessoa de Jesus. É Ele o tesouro escondido, é Ele a pérola de grande valor. Ele é a descoberta fundamental, que pode dar um impacto decisivo à nossa vida, enchendo-a de significado”.

Perante a descoberta inesperada, tanto o agricultor como o negociante percebem que têm diante de si uma oportunidade única a não perder, e portanto eles vendem tudo o que possuem, observa Francisco, ressaltando que a avaliação do valor inestimável do tesouro, leva-os os dois a uma decisão que também envolve sacrifício, desprendimentos e renúncias. Quando o tesouro e a pérola foram descobertos, isto é, quando encontramos o Senhor, não se deve deixar estéril esta descoberta, mas sacrificar por ela qualquer outra coisa, disse o Pontífice, que também acrescentou:

“Não se trata de desprezar o resto, mas de subordiná-lo a Jesus, colocando a Ele em primeiro lugar. O discípulo de Cristo não é alguém que se privou de algo essencial; é alguém que encontrou muito mais: encontrou a alegria plena que só o Senhor pode dar. É a alegria evangélica dos doentes curados; dos pecadores perdoados; do ladrão a quem se abre a porta do paraíso”.

Trata-se, pois, da alegria do Evangelho que enche o coração e toda a vida daqueles que se encontram com Jesus, pois na verdade os que se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento.

Hoje somos convidados a contemplar a alegria do agricultor e do negociante das parábolas, é a alegria de cada um de nós quando descobrimos a proximidade e a presença consoladora de Jesus na nossa vida, uma presença que transforma o coração e nos abre às necessidades e ao acolhimento dos irmãos, especialmente os mais fracos – concluiu Francisco convidando todos a rezar, por intercessão da Virgem Maria, para que cada um de nós saiba testemunhar, com as palavras e os gestos de cada dia, a alegria de ter encontrado o tesouro do Reino de Deus, isto é, o amor que o Pai nos deu mediante o seu Filho Jesus.

Após o Angelus Francisco recordou o Dia Mundial de luta contra o tráfico de seres humanos que hoje se comemora:

“Hoje celebra-se o Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas, promovido pelas Nações Unidas. Todos os anos, milhares de homens, mulheres e crianças são vítimas inocentes da exploração laboral e sexual e do tráfico de órgãos. E parece que estamos de tal maneira habituados a ele que o consideramos uma coisa normal. Isto é feio, é cruel, é criminoso. Quero recordar o empenho de todos para que este flagelo aberrante, uma forma de escravidão moderna, seja adequadamente combatida. Rezemos juntos à Virgem Maria para que sustente as vítimas do tráfico de pessoas e converta os corações dos traficantes”.
Em seguida o Papa dirigiu uma saudação a todos, romanos e peregrinos, e em particular saudou as Irmãs Murialdinas de São José, as Noviças das Irmãs de Maria Auxiliadora, os Acólitos de várias paróquias italianas, e o clube italiano de Hockey Feminino de Buenos Aires.

E a todos Francisco desejou bom domingo pedindo, por favor, para que não nos esqueçamos de rezar por ele.

Bom almoço e até logo!

29 julho, 2017

Papa confia Charlie Gard ao Pai celeste



(RV)Confio ao Pai o pequeno Charlie e rezo pelos seus pais e as pessoas que o amaram” – Este o tweet lançado pelo Papa Francisco ao fim da tarde de sexta-feira, 28, depois da notícia da morte do bebé inglês.
A nossa esplêndida criança já se foi. Sentimo-nos realmente orgulhosos de Charlie” – foi com estas palavras que  Connie Yates e Chris Gard anunciaram ontem a morte do seu filho de 11 meses, depois da transferência – por decisão do Supremo Tribunal de Londres – a um hospício, onde lhe foi interrompida a respiração artificial que o mantinha em vida.
Charlie que sofria de uma doença genética rara, morreu depois de uma longa batalha legal dos pais, que queriam curá-lo graças a terapias experimentais nos Estados Unidos, não obstante a oposição do Hospital pediátrico de Londres – Great Ormond Street Hospital – onde estava internado e da justiça britânica.
Milhares de orações e declarações de afeição, estão a chegar aos pais de Charlie através dos novos meios de comunicação social e, devido ao excesso de tráfico não se pode aceder ao sítio web, onde se conta a dramática e dolorosa vicissitude de Charlie. Vicissitude que o Papa Francisco acompanhou e pelo qual rezou sempre.
Em declarações à Rádio Vaticano, D. Vincenzo Paglia, Presidente da Academia Pontifícia pela Vida, sublinhou a imensidão do amor de Deus que "nunca desliga a ficha”.  Esta vicissitude nos leva a “promover uma cultura de acompanhamento” e a “dizer três grandes nãos: à eutanásia, ao abandono e ao “obstinação  terapeutica”. Para o bispo, devemos ser, pelo contrário, favoráveis a “grandes sim” como o “acompanhamento, o progresso da ciência e o sim à terapia da dor.
Em Londres, o Cardeal Vincent Nichols, arcebispo de Westminster e Presidente da Conferência Episcopal da Inglaterra e Gales, declarou-se profundamente triste pela morte do pequeno Charlie, apresentou as condolências aos pais e assegurou-lhes a oração de toda a comunidade católica. O Cardeal Nichols referiu-se também ao pessoal do Hospital Pediátrico em que Charlie estava internado, hospital que disse ter visitado recentemente e onde – afirmou – os pequenos pacientes são tratados com grande profissionalismo. 
(DA)

27 julho, 2017

Santa Sé: só o diálogo levará a paz no Médio Oriente




(RV) O processo de paz entre Israel e a Palestina não pode ser excluído das prioridades da comunidade internacional. Este é um dos pontos-chave indicados por Dom Simon Kassas, Encarregado de negócios junto à Missão do Observador Permanente da Santa Sé na ONU
Em pronunciamento, esta terça-feira (25/07) em Nova Iorque, no debate promovido pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a situação no Médio Oriente e sobre a questão palestina, o representante vaticano recordou que a Santa Sé reitera o seu firme apoio à solução de dois Estados.

Foram expressos votos de uma nova ordem geopolítica que contemple o Estado de Israel tendo ao lado o Estado palestino numa moldura de paz e dentro de confins internacionalmente reconhecidos.

Solução seja negociada

Para garantir segurança e prosperidade na perspectiva de uma coexistência pacífica não existe alternativa a um acordo negociado que leve a uma solução reciprocamente concordada.

O caminho a seguir é o de negociações directas entre israelitas e palestinos, com o apoio da comunidade internacional, acrescentou. Para que este processo possa ser completado com bom êxito, israelitas e palestinos devem dar passos relevantes a fim de reduzir tensões e violências.

Ambas as partes devem abster-se de acções, inclusive a de assentamentos, que podem contradizer o compromisso em favor de uma solução negociada.

Não facções, mas uma frente unida palestina

Em seguida, o Prelado libanês recordou a visita ao Vaticano, em 2014, do Presidente israelita Shimon Peres e do seu homólogo palestino Mahmoud Abbas.

No âmbito de tais encontros o Papa Francisco exortou a rezar e a promover a cultura do diálogo, de modo que se possa deixar em herança às novas gerações “uma cultura que saiba delinear estratégias não de morte, mas de vida, não de exclusão, mas de integração”.
A solução de dois Estados requer também que todas as facções palestinas mostrem uma vontade política unitária trabalhando juntas. Uma frente unida palestina seria fundamental para a prosperidade económica, a coesão social e a estabilidade política de um Estado da Palestina, observou o representante vaticano.

A questão Jerusalém

Também não se deve esquecer Jerusalém, cidade sagrada para os judeus, os cristãos e os muçulmanos. O status quo dos sítios sagrados é uma questão de profunda sensibilidade. A Santa Sé confirma a sua posição em linha com a comunidade internacional e renova o seu apoio por uma solução completa, justa e duradoura concernente à questão da cidade de Jerusalém, disse Dom Kassas.

Além disso, o Prelado reiterou a importância de um estatuto especial para Jerusalém, que seja internacionalmente garantido a fim de assegurar liberdade de religião e de consciência. Deve-se também garantir aos fiéis de todas as religiões e nacionalidades o acesso seguro e livre aos lugares sagrados.

Domingo passado (23/07), ao término do Angelus, o Papa Francisco dirigiu um apelo em favor do Médio Oriente, recordando “as graves tensões e as violências destes dias em Jerusalém”. “Sinto a necessidade de expressar um veemente apelo à moderação e ao diálogo”, afirmou o Santo Padre.

Empenho e soluções políticas para o Oriente Médio

Dom Kassas deteve-se em seguida sobre a situação em várias regiões do Médio Oriente. A Santa Sé exprime a sua dor pelos dramas provocados por guerras e por conflitos em vários países, em particular na Síria, no Iémen e no norte do Iraque.

Nestas áreas, a dramática situação humanitária requer um renovado empenho por parte de todos para se chegar a uma solução política. O Papa Francisco aprecia profundamente os esforços incansáveis daqueles que buscam encontrar uma solução política para o conflito na Síria, acrescentou.

O Pontífice encoraja todos os actores a trabalhar por um processo político sírio que leve a uma transição pacífica e inclusiva, baseada nos princípios do comunicado de Genebra de 30 de junho de 2012.

Um acordo pacífico concordado pelos partidos sírios devolverá estabilidade ao País, permitirá o retorno seguro dos refugiados e dos deslocados, promoverá uma paz duradoura e a reconciliação.

Deste modo, se favorecerá um contexto necessário para esforços eficazes contra o terrorismo preservando a soberania, a independência, a unidade e a integridade do Estado sírio.

Comunidades cristãs não sejam esquecidas

Referindo-se ainda ao Médio Oriente, o representante vaticano recordou, por fim, que as comunidades cristãs habitam naquela região há mais de dois mil anos convivendo pacificamente com as outras comunidades.

A Santa Sé convida a comunidade internacional a não esquecê-las e considera que o estado de direito, incluindo o respeito pela liberdade religiosa, é fundamental para o alcance e manutenção da convivência pacífica, concluiu. (BS/RL/AL)

26 julho, 2017

24 julho, 2017

SER PARÓQUIA – SER PAROQUIANO

 Ontem, em certo momento da Eucaristia Dominical, vieram ao meu coração estas palavras: ser paróquia, ser paroquiano. Deixei-as na memória para reflexão futura, o que agora faço.

Obviamente que para se ser paróquia, (entenda-se como ser Igreja), tem que se ser paroquiano, mas nem todos os paroquianos são, seguramente, paróquia.

Poderá parecer estranha a afirmação, mas realmente pode-se ser paroquiano por se pertencer a uma paróquia, mas também se pode e deve ser paroquiano, por ser paróquia.

Com efeito, aquele que se serve da paróquia para “ir” à Missa, para as celebrações normais da vida, baptismo, matrimónio, funeral, etc., mas nada mais faz pela/na paróquia, é apenas um pertencente à paróquia, mas não é paróquia, ou seja, não é Igreja, não é paróquia, enquanto porção da Igreja.
Tal como aquele que apenas critica, aponta defeitos, que usufrui dos serviços da paróquia, mas nada faz para ajudar a melhorar, para ajudar a construir a paróquia, seja de que modo for, ajudando como o seu tempo, ou até mesmo, com o seu muito ou pouco ter material.

Todos conhecemos as mais diversas desculpas do tipo, “não tenho tempo”, “não tenho conhecimentos”, “ninguém me pediu nada”, até mesmo, “não gosto do prior”, que servem apenas para não se ser paróquia, chegando mesmo a, “eu cá tenho a minha fé e eu é que sei o que Deus me pede”.

Estarei a ser duro, exigente, a “meter-me onde não sou chamado”, mas a verdade é que a paróquia tem sentido quando está aos serviço dos paroquianos, não apenas como uma instituição dispensadora de serviços religiosos, mas sobretudo como Igreja, (assembleia convocada por Deus), e como tal, onde todos devem ser parte activa, construtora, testemunhante.

Ser paroquiano, ser paróquia, é dar de si a todos os outros, em tempo, (e Deus arranja-nos sempre tempo se O quisermos servir), em talento, (seja o talento qual for, desde varrer a igreja, até ensinar e ajudar à formação dos outros), materialmente, (com o pouco ou muito, que com o nosso trabalho e a ajuda de Deus, possuímos).

Ser paroquiano, ser paróquia, é estar disponível para integrar os conselhos, os serviços da paróquia, porque ao fazê-lo, estamos a servir a Deus, servindo os outros, ou seja, estamos ser Igreja, estamos a ser paróquia.

Claro que é muito mais fácil pertencer à paróquia, do que ser paróquia, mas se realmente queremos fazer a vontade de Deus, temos muito mais que ser, do que pertencer, sobretudo em Igreja, e como tal, em paróquia.


Marinha Grande, 24 de Julho de 2017
Joaquim Mexia Alves

23 julho, 2017

Francisco apela à moderação e ao diálogo em Jesrusalém


(RV) Hoje, domingo, dia 23 de Julho de 2017, às 12 horas de Roma, o Papa Francisco procedeu a habitual recitação mariana do Ângelus na Praça de S. Pedro repleta de fiéis e peregrinos provenientes das diversas partes da Itália e do mundo inteiro justamente para assistir à esta cerimónia mariana.

A página evangélica de hoje, disse Francisco, propõe três parábolas através das quais Jesus fala às multidões sobre o Reino dos céus. De entre estas três parábolas, o Papa concentra a sua atenção apenas na primeira parábola: a parábola do trigo bom e do joio que, segundo o Santo Padre, ilustra o problema do mal no mundo e põe em evidência a paciência de Deus. A narração se desenvolve num campo com dois protagonistas opostos. Duma parte, observa o Papa, está o patrão do campo que representa Deus e semeia a boa semente; doutra parte o inimigo que representa o Satanás e espalha, semeia a erva daninha.

Com o decorrer do tempo no meio do trigo cresceu também o joio e diante deste facto o patrão e os seus servos manifestam atitudes diferentes. Os servos gostariam de intervir e cortar o joio, a zizânia, mas o patrão que está principalmente preocupado com a salvação do trigo se opõe à esta iniciativa dizendo: <>. Com esta imagem, disse o Santo Padre, Jesus nos diz que neste mundo o bem e o mal são também interligados, que é impossível separar-lhes e arrancar todo o mal. Só Deus pode fazer isso e o fará no juízo final, no fim dos tempos.

Com a sua ambiguidade e o seu carácter compósito, a situação presente é o campo da liberdade dos cristãos, na qual se realiza o difícil exercício do discernimento. Trata-se portanto de unir com grande fé em Deus e na sua providência, duas atitudes aparentemente contraditórias: a decisão e a paciência. A decisão consiste em querer ser um bom grão de trigo, com todas as próprias forças e portanto distanciar-se do maligno e das suas seduções. A paciência significa preferir a Igreja que é fermento na pasta, que não teme de sujar as mãos lavando os panos dos seus filhos, em vez de ser uma Igreja dos “puros” que pretende julgar antecipadamente quem está e quem não está presente no Reino de Deus.

O Senhor, que é a Sapiência encarnada, ajuda-nos hoje a compreender, acrescentou Francisco, que o bem e o mal não podem ser identificados em territórios definidos ou em determinados grupos humanos. Ele nos diz que a linha de confim entre o bem e o mal passa no coração de cada pessoa humana. Somos todos pecadores, recordou ainda o Santo Padre, que dirigindo-se aos presentes na Praça de S. Pedro, pediu que levante a mão quem achar que não seja pecador! Ninguém! Todos portanto, somos pecadores observou o Pontífice.
Jesus com a sua morte na cruz e a sua ressurreição, libertou-nos da escravidão do pecado e nos dá a graça de caminhar numa vida nova; mas com o Baptismo nos deu também a Confissão, porque temos sempre necessidade de ser perdoados pelos nossos pecados. Olhar sempre e exclusivamente o mal que está fora de nós significa não querer reconhecer o pecado que existe também em nós.

Por outro lado, concluiu dizendo Francisco, Jesus ensina-nos uma maneira diversa de olhar o mundo, de observar a realidade. Somos por isso chamados a aprender os tempos de Deus e também do seu olhar: graças à influência benéfica de uma trepidante espera, aquilo que era joio ou parecia tal, pode transformar-se num produto bom. É a perspectiva da esperança.

Que a Virgem Maria nos ajude a colher na realidade que nos circunda não só a sujeira e o mal, mas também o bem e o belo, a desmascarar a obra do Satanás, mas sobretudo, a confiar na acção de Deus que fecunda a história.

Após a recitação Mariana do Ângelus, o Santo Padre partilhou com os fiéis e peregrinos presentes na Praça de S. Pedro as suas preocupações relativa a violência perpetrada nestes dias em Jerusalém. Sinto a necessidade, disse Francisco, de exprimir um vibrante apelo à moderação e ao diálogo e convido todos a unirem-se a mim na oração para que o espírito do Senhor infunda em todos propósitos de reconciliação e de paz.

Em seguida o Papa saudou todos os presentes , de modo particular, disse aos fiéis de Roma e peregrinos provenientes de várias partes do mundo: as famílias, os grupos paroquiais, as associações. Uma saudação especial também aos fiéis de Munster (Irlanda); às Irmãs Franciscanas Elisabettine Bigie; ao grupo coral sinfónico de Enna; aos jovens de Casamassima que desempenham um serviço de voluntariado na cidade de Roma; aos jovens adolescentes participantes do “Cantiere Hombre Mundo” empenhados a testemunhar a alegria do Evangelho nas periferias mais difíceis nos vários continentes do mundo inteiro.

Finalmente, à todos o Papa augurou um bom domingo, exortando-os que não se esqueçam de rezar por Ele.

20 julho, 2017

Abusos Regensburg. Pe. Zollner: Igreja esclareceu realidade dolorosa



(RV) O advogado Ulrich Weber apresentou à imprensa, nesta quarta-feira (19/07), os resultados do relatório sobre os casos de abusos perpetrados contra estudantes, durante décadas, na escola do Coral da Catedral de Regensburg, frequentada por pequenos cantores.



Weber foi encarregado pela diocese alemã de esclarecer o escândalo de abusos cometidos desde 1945 ao início dos anos 90.

Quinhentas e quarenta e sete vítimas contaram ter sofrido violências físicas e psicológicas, das quais 67 sofreram também abuso sexual.

O relatório identificou 49 pessoas responsáveis por maus-tratos corporais, das quais 9 teriam cometido abusos sexuais. Trata-se de sacerdotes e professores.

As primeiras denúncias públicas começaram a ser feitas em 2010, muito tempo depois dos delitos para que os culpados possam ser hoje levados à justiça. Os crimes teriam de fato caducado. Mas permanece a dor das crianças de então, que hoje adultas descreveram a escola como “uma prisão, um inferno, um campo de concentração” e falaram dos anos transcorridos naquela estrutura “como os piores de suas vidas, marcados pelo medo, violência e falta de ajuda”. Para cada uma delas a diocese estabeleceu uma indenização de 20 mil euros.

O relatório chama em causa o Mons. Georg Ratzinger, irmão de Bento XVI, diretor do Coral durante 30 anos, e o Cardeal Gerhard Ludwig Müller, Bispo de Regensburg em 2010. O primeiro não teria dado atenção aos sinais de perigo de abusos e o segundo não teria reagido com decisão ao escândalo.

O presidente do Centro para a proteção de menores da Pontifícia Universidade Gregoriana, Pe. Hans Zollner, teólogo e psicólogo jesuíta alemão, natural de Regensburg, expressa satisfação sobre como foi tratado este escândalo hoje, à luz do sol e sem medo da verdade:

Zollner: “Sim, foi o desejo do bispo da cidade de Regensburg, minha cidade natal, que deu a tarefa a um advogado ao qual ofereceu todas as possibilidades não somente de consultar os arquivos, mas também de contatar as vítimas e falar com outras pessoas envolvidas. Portanto, foi a coragem do bispo que iluminou uma escuridão muito profunda.”
O advogado Weber desempenhou este trabalho com grande rigor e seriedade de independência
Zollner: “Ele tinha todos os instrumentos para investigar, tinha as mãos livres e trabalhou com rigor, com uma comissão de conselheiros científicos. Portanto, produziu realmente um relatório muito bem feito e irrepreensível em sua vastidão, profundidade e ciência.”

Esse relatório marca uma mudança na maneira de enfrentar o mal quando se insinua também dentro da Igreja

Zollner: “Obviamente, temos de fazer isso, devemos encarar a realidade e devemos enfrentar todas as injustiças, os pecados, os crimes que são cometidos por parte de sacerdotes e também por funcionários da Igreja. Por exemplo, no caso de Regensburg, haviam muitos professores leigos dentro da escola que abusaram dos menores com violência física e também sexual”.

O advogado Weber aponta o dedo também para as responsabilidades dos pais que não deram a atenção justa e importância às histórias dos filhos e aponta também o dedo contra as autoridades do Estado que foram superficiais nas inspeções escolares, não tutelando a infância.

Zollner: “Sim, mas os pais tinham também o grande orgulho de enviar seus filhos e essa escola prestigiosa, para que se tornasse grandes músicos e pudessem andar pelo mundo. Para nós em Regensburg essa escola era considerada realmente uma estrela e ter um filho ali e formá-lo lá era orgulho para a família. Depois, o Estado, certo, os departamentos de superintendência para a educação e a escola. Devemos dizer que fecharam os olhos, os ouvidos e não fizeram o seu dever. É também difícil julgar como pensamos hoje a questão, porque naquela época provavelmente algumas dessas pessoas consideravam um fato normal que se batesse nas crianças, embora esse não fosse o costume desde o fim dos anos 60 e início dos anos 70. Lembro-me que na minha escola primária havia dois garotos que me contavam que desde crianças apanhavam naquela escola. Eu pensei que os seus pais soubessem. Não havia ainda a sensibilidade necessária e suficiente para se pronunciar publicamente para denunciar o fato e seguir as leis. Certamente, esses crimes, naquela época, teriam sido incriminados.”

Como o senhor considera essa publicidade que se fez apresentando o relatório diretamente à imprensa?

Zollner: “Esse é um passo muito importante também para a conscientização de toda a sociedade e todas as instituições seja da Igreja seja fora da Igreja, pois numa instituição é possível fazer muitas coisas para prevenir o abuso. Por exemplo, na escolha de professores e outros funcionários, na educação e formação dessas pessoas que trabalham com os garotos: que sejam pessoas saudáveis, equilibradas e saibam o que é a transgressão de suas competências e a transgressão em termos de violência que não são somente inadmissíveis, mas também crimes.”

(MJ)

19 julho, 2017

Papa: rezemos pelas vítimas das máfias, lutemos contra a corrupção



(RV) O Papa Francisco publicou um tweet nesta quarta-feira (19), somente em língua italiana, em virtude dos 25 anos do assassinato do juiz Paolo Borsellino e dos seus cinco agentes de segurança, vítimas da máfia em Palermo, na Itália. Diz a mensagem de Francisco publicada na conta @Pontifex: “Rezemos por todas as vítimas das máfias, peçamos a força para seguir em frente, para continuar a lutar contra a corrupção”.



O crime aconteceu em 19 de julho de 1992, mas, 57 dias antes, foram também assassinados o seu amigo, a sua mulher e mais três homens da segurança.

O tweet do Papa reforça uma série de iniciativas no país para renovar o compromisso na luta e na defesa da legalidade e da justiça. No Senado italiano, o presidente Pietro Grasso pediu um minuto de silêncio em memória à coerência e ao sentido de dever do juiz assassinado que, num “domingo qualquer de verão” se transformou, num instante, “numa ferida que nunca poderemos curar”.

Já o presidente da Itália, Sergio Mattarella, reafirmou que a “máfia não é um mal incontestável, mas um fenômeno criminal que pode ser derrotado”. Mattarella falou de um país que vive dias de reconhecimento ao juiz Borsellino e a homens como ele, capazes de promover uma sociedade sana e virtuosa e com um método eficiente de trabalho que definiu como “patrimônio precioso” contra a criminalidade.

O Pe. Luigi Ciotti, presidente de “Libera”, uma entidade italiana de promoção da legalidade e da justiça, pediu coragem por parte das instituições para aprofundar a leitura judiciária dos fatos e as responsabilidades políticas. E advertiu: “hoje, mais do que nunca, é preciso que os homens das instituições falem, dando a sua contribuição em busca da verdade”. (AC)