30 abril, 2017
Papa apela à paz na Venezuela e recorda a sua viagem ao Egipto
(RV) Depois
do seu discurso e de se deter bastante a saudar muitos dos presentes,
nesse grande clima de alegria que o Papa disse partilhar de modo
particular, pois o seu pai e avó faziam parte da Acção católica, chegou o
momento da oração do Regina Coeli, que Francisco pronunciou ali mesmo
na Praça. Começou por evocar a situação dramática que se está a vive na
Venezuela com o agravar-se de recontros que já provocaram numerosos
mortos, feridos e detidos.
“Enquanto me uno à dor dos familiares das vítimas, pelos
quais asseguro orações de sufrágio, dirijo um premente apelo ao Governo e
a todas as componentes da sociedade venezuelana a fim de que seja
evitada toda e qualquer ulterior forma de violência, sejam respeitados
os direitos humanos e se procurem soluções negociadas à grave crise
humanitária, social, política e económica que está a minguar a população”.
O Papa confiou depois a Nossa Senhora as intenções de paz,
reconciliação e democracia naquele amado País e pediu orações para todos
os Países que estão a atravessar graves dificuldades, mencionando de
modo particular a Ex-República Jugosláva da Macedónia.
A seguir, Francisco recordou que ontem, na cidade italiana de Verona,
foi proclamada Bem-aventurada Leopoldina Naudet, fundadora das Irmãs da
Sagrada Família, que ainda hoje está viva na Igreja. Ela nasceu em
Florença em 1773, cresceu na Corte de Ausburgo e em Viena e teve desde
pequena vocação pela oração e pelo serviço educativo. Consagrou-se a
Deus e acabou por morrer em Verona em 1834.
Hoje na Itália é Dia da Universidade Católica do Sagrado Coração –
recordou ainda Francisco que encorajou a apoiar esta importante
instituição que continua a investir na formação de jovens para melhorar
o mundo.
A Universidade Católica do Sagrado Coração foi fundada em 1921. É uma
instituição privada, italiana de inspiração cristã. A sua sede central é
em Milão, mas está também presente em Roma, Brescia, Cremona, e
Piacenza.
Ainda a propósito da formação cristã baseada na Palavra de Deus, agradou a Francisco recordar também que hoje na Polónia tem lugar o chamado “domingo bíblico”.
“Nas igrejas paroquiais, nas escolas e nos media é lida publicamente
uma parte da Sagrada Escritura. Desejo todo o bem por esta iniciativa”.
Finalmente, mais uma palavrinha de agradecimento aos membros da Acção
Católica e um “ide para a frente”, e uma saudação a diversos grupos de
peregrinos de outras nações (Espanha, Croácia, Alemanha, Porto Rico)
antes de o Papa se referir à sua viagem apostólica ao Egipto com estas palavras:
“Juntos, dirijamo-nos a Maria Nossa Mãe. Agradecemo-la, de
modo particular, pela viagem apostólica ao Egipto que acabei de
realizar. Peço ao Senhor que bendiga todo o povo egípcio, tanto
acolhedor, as autoridades e os fieis cristãos e muçulmanos; e que dê a
paz àquele País”
(DA)
Acção Católica vive à altura da tua história com olhos para a frente
Francisco encorajou-os nesta caminhada de testemunho da alegria do Evangelho e a crescer no estilo de uma autentica sinodalidade, ou seja em harmonia entre a Igreja Universal e a Igreja particular, atentos aos sinais dos tempos para compreender e viver a vontade de Deus. E recordou-lhes que, hoje como ontem, são chamados, pela sua vocação, a pôr-se ao serviço da diocese, nas paróquias, lá onde a Igreja habita no meio das pessoas. E acrescentou:
“É na vossa vocação tipicamente laical a uma santidade vivida no quotidiano que podeis encontrar a força e a coragem para viver a fé permanecendo ali onde vos encontrais, fazendo do acolhimento e do diálogo o estilo com o qual tornar-vos próximos uns dos outros, experimentando a beleza de uma responsabilidade partilhada.”
Nisto o Papa convidou-os também a levarem avante a “experiencia apostólica enraizada na Paróquia” que não é uma estrutura caduca, mas sim um espaço onde as pessoas podem sentir-se acolhidas, isto à condição de que a Acção Católica que vive nas paroquias não seja uma estrutura fechada. O caminho deve ser o de “uma experiencia missionária, destinada a evangelizar, não à autoconservação” - frisou Francisco, insistindo no dizer que o pertencer à Diocese e à paróquia deve ser encarnado na cidade, nos bairros e nos países através dos serviços de caridade, do empenho político, (política com p maiusculo) da paixão educativa e da participação no confronto cultural. E exortou:
“Alargai o vosso coração para alargar o coração das vossas paróquias. Sede viandantes da fé, para encontrar todos, acolher todos, auscultar todos, abraçar todos”
Recordando ainda que cada rosto humano nos mostra o rosto de Cristo, Francisco disse que “ninguém pode sentir exonerado da preocupação pelos pobres e pela justiça social”. E rematou com este convite:
“Permanecei abertos à realidade que vos circunda. Procurai sem temor o diálogo com quem vive ao vosso lado, com quem pensa diferentemente, mas que como vós deseja a paz, a justiça, a fraternidade. É no dialogo que se pode projectar um futuro partilhado. É através do diálogo que construímos a paz, cuidando de todos e dialogando com todos”.
“Caros jovens e adultos da Acção Católica: ide, chegai a todas as periferias! Ide e sede lá Igreja, com a força do Espirito Santo.”
(DA)
29 abril, 2017
Quem escapa da cruz, escapa da Ressurreição - Papa ao clero, no Cairo
(RV) Depois da animada Missa desta manhã no
Estádio “Air Defense” do Cairo, em que participaram cerca de 25 mil
pessoas, o Papa Francisco teve mais um importante encontro na capital
egípcia antes de regressar a Roma: o encontro, no Seminário Patriarcal,
com o clero católico, religiosas, religiosos e seminaristas.
Francisco foi acolhido pelo P. Toma Adly Saky, Reitor do Seminário que o designou como “nosso Irmão Maior no caminho da consagração” e comparou essa visita do Papa à “Aparição de Jesus Ressuscitado dos mortos aos seus discípulos reunidos à porta fechada”, assim como também no caminho de Emaús.
O P. Toma pediu depois ao Papa para rezar pelos consagrados a fim de
que saibam enfrentar, com humildade, os desafios da vida consagrada,
para que os formadores sejam uma bênção para os noviços, e prometeram
também rezar pelo Papa.
Francisco ao tomar a palavra exprimiu logo a sua felicidade por se
encontrar nesse lugar que representa - disse - o “coração da Igreja
Católica no Egipto” e por saudar nesse “pequeno rebanho católico no
Egipto” o “fermento” que “Deus prepara para esta terra abençoada, para que, juntamente com os nossos irmãos ortodoxos, cresça nela o seu Reino”.
O Papa agradeceu-lhes seguidamente pelo trabalho e testemunho cristão
que dão no meio de tantos desafios e não raro com poucas consolações e
encorajou-os nessa caminhada:
“Desejo também encorajar-vos. Não tenhais medo do peso do
dia-a-dia, do peso das circunstâncias difíceis que alguns de vós têm de
atravessar. Nós veneramos a Santa Cruz, instrumento e sinal da nossa
salvação. Quem escapa da cruz, escapa da Ressurreição”.
E Francisco recordou-lhes que “se trata de crer, testemunhar a verdade, semear e cultivar sem esperar pela colheita”.
Mas no meio de tantas vozes negativas e desesperadas, de profetas de
destruição e condenações, os motivos de desânimo podem ser muitos. Por
isso o Papa exortou-os a serem uma força positiva, luz e sal dessa
sociedade, locomotiva que faz o comboio avançar para a meta.
“Sede semeadores de esperança, construtores de pontes, obreiros de diálogo e de concórdia”.
Isto só é possível – disse-lhes Francisco – se a pessoa consagrada “não ceder às tentações que todos os dias encontra no seu caminho”
E enumerou sete das mais significativas tentações que devem ser
evitadas e que aliás devem ser bastante conhecidas no Egipto, pois que
delas falavam os monges do país. Francisco desenvolveu depois cada uma
dessas tentações:
A primeira é a “de se deixar arrastar em vez de guiar”.
Arrastar pelo desânimo e pessimismo. Perante isso, recordar-se que a
nossa fidelidade ao Senhor nunca deve depender da gratidão humana.
manter-se sempre fiel ao Senhor.
A segunda tentação indicada pelo Papa é a de “lamentar-se continuamente”
acusando tudo e todos. E recorda que a pessoa consagrada, “pela unção
do Espírito transforma cada obstáculo em oportunidade, e não cada
dificuldade em desculpa”. Quem se lamenta sempre, no fundo, “é uma
pessoa que não quer trabalhar”
Outra tentação muito séria a evitar é a “da crítica e da inveja”.
O Papa sublinha que “A inveja é um cancro que arruína qualquer corpo em
pouco tempo” e recorda que foi “por inveja do diabo que a morte entrou
no mundo” . “A crítica é o seu instrumento e a sua arma” - disse
Francisco passando à quarta tentação: “a de se comparar com os outros”.
Isto leva a esquecer que a riqueza reside na diferença e na unicidade de
cada um e a cair no rancor, na soberba, na preguiça.
A quinta tentação a evitar é o “faraonismo”, de
resto estamos no Egipto, exclamou o Papa! E explicou que por faraonismo
se entende o endurecimento do coração, fechando-o ao Senhor e aos
irmãos. E frisou que o antidoto a esta tenção é a frase de Cristo “Se
alguém quiser ser o primeiro, há-de ser o último de todos e o servo de
todos”.
Há também que evitar a tentação do “individualismo”,
indicou o Papa em sexto lugar. E citou o proverbio egípcio que diz “Eu,
e depois de mim, o dilúvio”. É a tentação dos egoístas que pensam em si
mesmos em vez de pensar nos outros. Na Igreja, onde a salvação de um
membro está ligada à santidade de todos, o individualista é motivo de
escândalo e conflitualidade.
Finalmente, em sétimo lugar, o Papa indicou a tentação do “caminhar sem bússola nem objectivo”.
A pessoa consagrada perde a sua identidade e não é nem peixe, nem carne
e em vez de guiar os outros, dispersa-os. E recordou-lhes que a sua
identidade como filhos da Igreja é o de ser coptas radicados nas raízes
nobres e antigas – e de ser católicos – isto é parte da Igreja una e
universal: “como uma árvore que quanto mais enraizada está na terra
tanto mais alta se eleva no Céu.”
O Papa tem consciência de que “não é fácil resistir a estas
tentações, mas é possível se estivermos enxertados em Jesus” – disse.
Recordou-lhe que “da qualidade da nossa espiritualidade depende a da
nossa consagração. E exortou-os a beberem do exemplo do inestimável
tesouro da vida monástica do Egipto, por forma a poderem ser luz e sal,
motivo de salvação para todos.
Francisco terminou encorajando mais uma vez os consagrados do Egipto na sua caminhada:
“Coragem e avante, como o Espirito Santo”.
**
Depois das suas palavras, o Papa benzeu as vestes dos noviços que já
chegaram ao fim do seu percurso que os vestiram imediatamente. O
encontro concluiu-se com a oração do Pai Nosso cantado em árabe e
acompanhado com a guitarra.
Papa Francisco visitou a Igreja Copta de São Paulo, no Cairo
(RV) A última etapa do primeiro dia da viagem do
Papa Francisco ao Egipto foi a visita de cortesia ao seu homólogo da
Igreja Copto-ortodoxa, Papa Tawadros II.
Nas palavras que proferiu (ver sector Vaticano), Francisco frisou que
o sangue inocente dos mártires une os cristãos. É preciso opor-se à
violência pregando o bem e fazendo juntos iniciativas de caridade.
“Caríssimo irmão – disse, dirigindo-se ao Papa Tawadros II –
tal como única é a Jerusalém celeste, único também é o nosso
martirológio, e os vossos sofrimentos são também os nossos, o seu sangue
inocente nos une. Reforçados pelo vosso testemunho, empenhemo-nos na
oposição à violência, pregando e semeando o bem, fazendo crescer a
concórdia e mantendo a unidade, pregando a fim de que tantos sacrifícios
abram caminho a um futuro de plena comunhão entre nós e de paz para
todos”.
No final do encontro, para além da assinatura duma importante
Declaração comum, houve também uma troca de dons. Seguiu-se depois a
procissão em direcção à vizinha Igreja de São Pedro e Paulo, atingida a
11 de Dezembro passado por um atentado suicida do Isis, e que ceifou a
vida a 29 pessoas. No átrio Francisco prestou homenagem em frente do
lugar que recorda as vítimas. Depois houve de uma oração ecuménica
juntamente com outros chefes religiosos cristãos, tendo-se concluído com
a deposição de uma coroa de flores e o acendimento de uma vela.
Já à noitinha o Papa transferiu-se para a Nunciatura Apostólica, onde
foi acolhido por um grupo de crianças de uma Escola dos Missionários
Combonianos do Cairo. Depois do jantar, o Papa abençoou um grupo de
cerca de 300 jovens, reunidos na Praça em frente, vindos em peregrinação
de vários partes do País para se encontrar com o Pontífice.
(DA)
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