28 fevereiro, 2017

Papa: escolher Deus que nos dá alegria, e não as riquezas




(RV) Seguir o Senhor que nos doa tudo, e não buscar as riquezas. Foi o que afirmou o Papa na missa matutina na Casa Santa Marta (28/02). Comentando o Evangelho do dia, o Papa ressaltou a “plenitude” que Deus nos doa: uma plenitude “aniquilada” que termina na Cruz.

“Não se pode servir a dois senhores”, ou servimos Deus ou as riquezas. Na vigília da Quarta-feira de Cinzas, Francisco falou que nesses dias antes da Quaresma a Igreja “nos faz reflectir sobre a relação entre Deus e as riquezas”. E recorda o encontro entre o “jovem rico, que queria seguir o Senhor, mas no final era tão rico que escolheu as riquezas”.

O Papa observou que o comentário de Jesus assusta um pouco os discípulos: “Quanto é difícil que um rico entre no Reino dos Céus. É mais fácil que um camelo passe pelo buraco de uma agulha”. Hoje, prosseguiu, o Evangelho de Marcos nos mostra Pedro que pergunta ao Senhor o que será deles já que deixaram tudo para trás. É como se Pedro pedisse contas ao Senhor”:

“Não sabia o que dizer: ‘Sim, este foi embora, mas nós?’. A resposta de Jesus é clara: ‘Eu vos digo: não há ninguém que deixe tudo sem receber tudo’. ‘Pois bem, nós deixamos tudo’. ‘Receberão tudo’, com aquela medida transbordante com a qual Deus oferece os dons. ‘Receberão tudo. Quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho receberá cem vezes mais agora, durante esta vida - casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições - e, no mundo futuro, a vida eterna’. Tudo. O Senhor não sabe dar menos do que tudo. Quando Ele doa algo Ele doa a si mesmo, que é tudo”.

Todavia, acrescentou o Papa, “há uma palavra” neste trecho do Evangelho “que nos faz reflectir: receber já agora neste tempo cem vezes mais em casas, irmãos, com perseguições”.

Francisco explicou que isto é “entrar” em “outro modo de pensar, em outro modo de agir. Jesus dá todo si mesmo, porque a plenitude, a plenitude de Deus é uma plenitude aniquilada na Cruz”:

“Este é o dom de Deus: a plenitude aniquilada. E este é o estilo do cristão: buscar a plenitude, receber a plenitude aniquilada e seguir este caminho. Não é fácil, isso não é fácil. E qual é o sinal, qual é o sinal deste ir avante em doar tudo e receber tudo? É o que ouvimos na primeira leitura: ‘Faz todas as tuas oferendas com semblante sereno, e com alegria consagra o teu dízimo. Dá a Deus segundo a doação que ele te fez, e com generosidade, conforme as tuas posses. Semblante sereno, alegria… O sinal que nós estamos neste caminho do tudo e nada, da plenitude aniquilada, é a alegria”.

Ao invés, o jovem rico, disse o Papa, “ficou com o semblante fechado e foi embora triste”. “Não foi capaz de receber, acolher esta plenitude aniquilada – advertiu – assim como os Santos, o próprio Pedro, a acolheram. E em meio às provações, às dificuldades, tinham o semblante sereno, o olhar alegre e a alegria do coração. Este é o sinal, evidenciou Francisco, que concluiu a homilia recordando o Santo chileno Alberto Hurtado:

“Ele trabalhava sempre, dificuldade atrás de dificuldade ... trabalhava pelos pobres ... Foi realmente um homem que abriu caminhos no seu país … A caridade para a assistência aos pobres … Mas foi perseguido, muitos sofrimentos. Mas ele, quando justamente estava ali, aniquilado na cruz, a frase foi: ‘Contento, Señor, Contento’, ‘Feliz, Senhor, feliz’. Que ele nos ensine a caminhar nesta estrada, nos dê a graça de caminhar nesta estrada um pouco difícil do tudo e do nada, da plenitude aniquilada de Jesus Cristo e dizer sempre, sobretudo nas dificuldades: ‘Feliz, Senhor, feliz’”.

UM CARNAVAL A CAMINHO DA QUARESMA




 
Hoje é dia de Carnaval.

Muitos colocam as suas máscaras, sobre outras “máscaras” das suas vidas, e vão divertir-se, tentando esquecer as “máscaras”, por detrás das máscaras visíveis.
Sim, eu sei, estou a julgar outros e por isso, que Deus me perdoe.

Hoje, dia de Carnaval em que se colocam máscaras, eu quero pedir a Deus que me ajude a retirar as minhas “máscaras”, a limpar o meu interior, a purificar os meus pensamentos, e a colocar-me perante Ele, nu, sem nada, (tanto quanto me é possível), pedindo-lhe que me ajude a viver esta Quaresma, (que amanhã começa), como o meu reencontro permanente com Ele.

Que eu me saiba despir de mim, para me deixar vestir por Ele, e tendo-O em mim, saiba eu reconhecer as minhas fraquezas, os meus defeitos, e, tomado pelo seu amor recomece a conversão que nunca acaba, até à plenitude do gozo com Ele e n’Ele.

Que não seja um caminho só, mas que pela Sua graça outros me acompanhem e eu acompanhe outros, porque Deus só se vive em comunidade, porque ela própria é o reflexo e o sentido da interioridade de cada um.

Que eu saiba fazer este caminho quaresmal, segundo a Sua vontade, na paz, no amor e sobretudo na alegria de reconhecer o meu Salvador.

Que no fim deste caminho quaresmal eu possa dizer como Tomé e Samuel: «Meu Senhor e meu Deus … Estou aqui! Fala Senhor, que o teu servo escuta!»


Marinha Grande, 28 de Fevereiro de 2017
Joaquim Mexia Alves
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27 fevereiro, 2017

CAMINHANDO PARA E COM DEUS

 
 
Recentemente fui substituído numa “missão” que muito me agradava e para a qual me “sentia talhado”.
Sempre senti, desde o meu regresso a Deus e à Igreja, obstáculos pessoais que me impedem de aproximar mais e melhor da vontade de Deus, e que por vezes me afastam mesmo, dos quais julgo, para além de outros, os maiores serão o orgulho e a vaidade.
Muitos que comigo lidam talvez não os percebam na sua relação comigo, mas sinto-os eu e isso me basta.

Já uma vez, pelo menos, tive que “fazer das tripas coração”, e “exigir” em determinada eleição para um determinado “cargo” que ocupava há demasiado tempo, que não votassem em mim, porque não aceitaria continuar, não porque não quisesse ou não pudesse, mas porque uma voz cá dentro me dizia que essa era muito mais uma vontade minha, do que a vontade de Deus.
E agora, foi quase a mesma coisa, embora desta vez ajudado por bons amigos que me ajudaram a aceitar a decisão sem grande constrangimento.

Ao voltar ao que escrevi acima reparei nesta frase «determinado “cargo” que ocupava há largo tempo», e fez-se um pouco de luz sobre o assunto.
Realmente o que muitas vezes faço, (e não só eu), é “ocupar” um cargo, uma missão, em vez de servir a Deus num cargo, ou numa missão.

É que se servimos a Deus num cargo, ou numa missão, então estamos sempre disponíveis para servir a Deus em tudo o que Ele nos pedir, mas se “ocupamos” um cargo, ou uma missão, então o cargo ou a missão, tornam-se coisa nossa, que nos serve, (sobretudo ao nosso orgulho e vaidade), e não como caminho para servir a Deus.
E depois ouvimos aqueles que, com verdadeira amizade, nos dizem que somos os melhores para aquilo que estamos a fazer, e convencemo-nos disso mesmo, para não darmos azo a ser substituídos e a perder “estatuto”.

E hoje, quando meditava nisto mesmo e começava a escrever, iam surgindo razões, (a vontade de Deus tem sempre razão e é sempre razão), para ser afinal substituído e bem substituído.

E vinha ao meu pensamento essa ideia de que realmente terei muitos conhecimentos, terei até muito jeito para tal cargo ou missão, mas, deixando-me ficar, acabo por não renovar, acabo por querer fazer aquilo que acho melhor, e aquilo que eu acho melhor é aquilo que eu já faço.
Então percebi, (como todos devemos perceber), que o Senhor, no seu infinito amor, me dizia que todo o “meu saber” acumulado vinha d’Ele, e que usado agora numa ajuda, numa colaboração sincera e desprendida com aquele/aqueles que me substituíram pode ter um “valor acrescentado”, que é o novo, a novidade que eles podem trazer, também seguramente conduzidos pelo Espírito Santo.

É curioso, que até ao escrever isto que agora escrevo, me parece estar a ser orgulhoso e vaidoso, mas recorro ao Santo Padre Pio, que dizia, mais coisa menos coisa, que o inimigo se serve muitas vezes de coisas aparentemente boas, (o reconhecimento dos nossos defeitos), para nos tentar impedir de fazer a vontade de Deus.

E descanso então no Evangelho de hoje e na resposta de Jesus à pergunta dos discípulos: «Quem pode então salvar-se?» Mc 10, 26

«Aos homens é impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é possível». Mc 10, 27


Marinha Grande, 27 de Fevereiro de 2017
Joaquim Mexia Alves
 

Papa Francisco quer visitar o Sudão do Sul juntamente com os anglicanos




(RV) Visita histórica do Papa Francisco, na tarde de ontem, domingo, à Igreja Anglicana de Allo Saints, em Roma: nunca um Pontífice tinha ido a essa comunidade que festeja este ano o bicentenário de sua presença na capital italiana.

Uma nova etapa significativa nos 50 anos do início do diálogo ecuménico entre católicos e anglicanos. Durante a visita, Francisco abençoou o novo ícone de Cristo Salvador, e foi oficializada a parceria entre essa paróquia e a paróquia católica de Todos os Santos. Nesta ocasião, o Papa anunciou que está estudando uma viagem ao martirizado Sudão do Sul.

Depois de receber as boas-vindas do Rev. Jonathan Boardman e do bispo Robert Innes, o Papa agradeceu o convite e entrou imediatamente no coração da visita: o desejo de caminhar juntos agora longe da suspeita, da desconfiança e das hostilidades recíprocas do passado. E a sua reflexão começa com o ícone de Cristo Salvador, que ele abençoou:

“Cristo nos olha, e o seu olhar sobre nós é um olhar de salvação, de amor e de compaixão. É o mesmo olhar misericordioso que atravessou o coração dos Apóstolos, que iniciaram um caminho de vida nova para seguir e anunciar o Mestre. Nesta santa imagem, Jesus, olhando-nos, parece dirigir também a nós um chamado, um apelo: “Estás pronto a deixar alguma coisa do teu passado por mim? Queres ser mensageiro de meu coração, de minha misericórdia?”.

E é precisamente a necessidade da misericórdia divina, unida à humildade, seguindo o exemplo de São Paulo, que a comunidade de Corinto foi capaz de superar os mal-entendidos surgidos, a chave para compreender o caminho ecuménico de hoje: “Tornar-se humilde” e “reconhecer-se necessitados de Deus, mendicantes de misericórdia”. É este o ponto de partida - disse o Papa - porque é Deus quem opera”.

Católicos e Anglicanos – disse ainda Francisco -, são chamados a caminhar juntos, através do testemunho concorde da caridade, com o qual se torna visível o rosto misericordioso de Jesus:

“Agradecemos ao Senhor porque entre os cristãos cresceu o desejo de uma maior proximidade, que se manifesta no rezar juntos e no comum testemunho ao Evangelho, sobretudo por meio das várias formas de serviço”.

Às vezes, - continuou o Papa -, o progresso no caminho rumo à plena comunhão pode parecer lento e incerto, mas hoje podemos tirar um encorajamento deste nosso encontro. Pela primeira vez um Bispo de Roma visita a comunidade de vocês. É uma graça e também uma responsabilidade: a responsabilidade de fortalecer as nossas relações em louvor a Cristo, a serviço do Evangelho e desta cidade.

Falando como melhorar as relações à luz de quanto de bom fazem as igreja no Sul do mundo o Papa disse:

“As Igrejas jovens têm uma vitalidade diferente, porque são jovens. Por exemplo, eu estou estudando, os meus colaboradores estão estudando a possibilidade de uma viagem ao Sudão do Sul, porque vieram os bispos, o anglicano, o presbiteriano e o católico, os três juntos a me dizer: “por favor, venha ao Sudão do Sul, apenas um dia, mas não venha sozinho, venha com Justin Welby, o Arcebispo de Cantuária. Deles, Igreja jovem, veio essa criatividade. E estamos pensando se isso pode ser feito, apesar da situação estar muito ruim lá ... Mas devemos fazê-lo, porque eles, os três juntos, eles querem a paz e eles trabalham juntos pela paz”.

Portanto, continua viva a intenção da Declaração Conjunta assinada em outubro passado entre o Papa Francisco e o primaz da Comunhão Anglicana, Justin Welby: a vontade de ir além dos obstáculos em direcção da plena unidade e o desejo de um caminho ecuménico, que não seja apenas teológico, mas nas acções concretas sobre questões comuns, tais como o cuidado da criação, a caridade e a paz. (BS/SP)

Papa na Igreja Anglicana: testemunhar juntos o Evangelho da caridade




(RV) Na tarde de  domingo, 26 de fevereiro, o Papa Francisco realizou uma visita histórica, ao participar das celebrações dos 200 anos da Paróquia anglicana All Saints, em Roma. Foi o primeiro Pontífice a entrar no templo.

Eis na íntegra o discurso do Santo Padre:

“Queridos irmãos e irmãs,

Vos agradeço pelo gentil convite em celebrar juntos este aniversário paroquial. Transcorreram mais de duzentos anos desde que realizou-se o primeiro serviço litúrgico público anglicano em Roma, para um grupo de residentes ingleses que viviam nesta parte da cidade. Muita coisa mudou desde então, em Roma e no mundo. No decorrer destes dois séculos, muito também mudou entre anglicanos e católicos, que no passado olhavam-se com suspeita e hostilidade; hoje, graças a Deus, nos reconhecemos como verdadeiramente somos: irmãos e irmãs em Cristo, mediante o nosso batismo comum. Como amigos e peregrinos desejamos caminhar juntos, seguir juntos o nosso Senhor Jesus Cristo.

Vocês me convidaram para abençoar o novo ícone de Cristo Salvador. Cristo nos olha, e o seu olhar sobre nós é um olhar de salvação, de amor e de compaixão. É o mesmo olhar misericordioso que atravessou o coração dos Apóstolos, que iniciaram um novo caminho de vida nova para seguir e anunciar o Mestre. Nesta santa imagem, Jesus, olhando-nos, parece dirigir também a nós um chamado, um apelo: “Estás pronto a deixar alguma coisa do teu passado por mim? Queres ser mensageiro de meu coração, de minha misericórdia?”.

A misericórdia divina é a fonte de todo o ministério cristão. O diz o Apóstolo Paulo, dirigindo-se ao Coríntios, na leitura que acabamos de ouvir. Ele escreve: “Este é o nosso ministério, nós o temos pela misericórdia de Deus; por isto, não perdemos a coragem” (2 Cor 4,1).

Com efeito, São Paulo nem sempre teve uma relação fácil com a comunidade de Corinto, como demonstram as suas cartas. Houve também uma visita dolorosa a esta comunidade e palavras inflamadas foram trocadas por escrito. Mas esta passagem mostra o Apóstolo que supera as divergências do passado e, vivendo o seu ministério segundo a misericórdia recebida, não se resigna diante das divisões, mas trabalha pela reconciliação. Quando nós, comunidade de cristãos batizados, nos encontramos diante de desacordos e nos colocamos diante do rosto misericordioso de Cristo para superá-los, fazemos precisamente como fez São Paulo em uma das primeiras comunidades cristãs.

Como se compromete Paulo nesta missão, de onde começa? Da humildade, que não é somente uma bela virtude, é uma questão de identidade: Paulo se compreende como um servidor, que não anuncia a si mesmo, mas Cristo Jesus Senhor. E cumpre este serviço, este ministério, segundo a misericórdia que lhe foi dada; não com base em sua bravura e contando com suas forças, mas na confiança com que Deus o olha e apoia, com misericórdia a sua fraqueza. Tornar-se humilde é sair do centro, reconhecer-se necessitado de Deus, mendigo de misericórdia: é o ponto de partida para que seja Deus a operar.

Um Presidente do Conselho Ecumênico das Igrejas descreve a evangelização cristã como “um mendigo que diz a outro mendigo onde encontrar o pão”. Acredito que São Paulo teria aprovado. Ele se sentia “com fome de misericórdia” e a sua prioridade era compartilhar com os outros o seu pão: a alegria de ser amados pelo Senhor e de amá-lo.

Este é o nosso bem mais precioso, o nosso tesouro, e neste contexto Paulo introduz uma de suas imagens mais conhecidas, que podemos aplicar a todos nós: “Temos este tesouro em vasos de barro”. Somos somente vasos de barro, mas guardamos dentro de nós o maior tesouro do mundo. Os Coríntios sabiam bem que era tolice preservar algo de precioso em vasos de barro, que eram baratos, mas se quebravam facilmente. Ter dentro deles algo de precioso significava risco de perdê-lo. Paulo, pecador, agraciado, humildemente reconhece ser frágil como um vaso de barro. Mas experimentou e sabe que precisamente ali, onde a miséria humana se abre à ação misericordiosa de Deus, o Senhor opera maravilhas. Assim opera o “extraordinário poder de Deus”.

Confiante neste humilde poder, Paulo serve o Evangelho. Falando de alguns adversários seus em Corinto, os chamou “super-apóstolos”, talvez, e com uma certa ironia, porque o tinham criticado pelas suas fraquezas, das quais eles se consideravam isentos”. Paulo, pelo contrário, ensina que somente reconhecendo-nos frágeis vasos de barro, pecadores sempre necessitados de misericórdia, o tesouro de Deus se derrama em nós e sobre os outros mediante nós. De outra forma, seremos somente cheios de tesouros nossos, que se corrompem e apodrecem em vasos aparentemente bonitos. Se reconhecemos a nossa fraqueza e pedimos perdão, então a misericórdia restauradora de Deus resplandecerá dentro de nós e será também visível de fora; os outros irão experimentar de alguma forma, através de nós, a beleza gentil da face de Cristo.

A um certo ponto, talvez no momento mais difícil com a comunidade de Corinto, Paulo cancelou uma visita que havia programado, renunciando também às ofertas que teria recebido. Existiam tensões na comunhão, mas não tiveram a última palavra. A relação voltou ao normal e o Apóstolo aceitou a oferta para o sustento da Igreja de Jerusalém.

Os cristãos de Corinto voltaram a trabalhar junto às outras comunidades visitadas por Paulo, para apoiar quem era necessitado. Este é um sinal forte de comunhão restabelecida. Também a obra que a vossa comunidade desenvolve junto a outras de língua inglesa aqui em Roma, pode ser vista desta forma. Uma comunhão verdadeira e sólida cresce e se robustece quando se age juntos por quem tem necessidade. Por meio do testemunho concorde da caridade, a face misericordiosa de Jesus torna-se visível na nossa cidade.

Católicos e anglicanos, somos humildemente agradecidos porque, depois de séculos de recíproca desconfiança, somos agora capazes de reconhecer que a fecunda graça de Cristo está em ação também nos outros. Agradecemos ao Senhor porque entre os cristãos cresceu o desejo de uma maior proximidade, que se manifesta no rezar juntos e no comum testemunho ao Evangelho, sobretudo por meio das várias formas de serviço. Às vezes, o progresso no caminho rumo à plena comunhão pode parecer lento e incerto, mas hoje podemos tirar um encorajamento deste nosso encontro. Pela primeira vez um Bispo de Roma visita a comunidade de vocês. É uma graça e também uma responsabilidade: a responsabilidade de fortalecer as nossas relações em louvor a Cristo, a serviço do Evangelho e desta cidade.

Encorajando-nos uns aos outros a tornar discípulos sempre mais fieis a Jesus, sempre mais livres dos respectivos preconceitos do passado e sempre mais desejosos de rezar por e com os outros. Um bonito sinal desta vontade é a “parceria” concretizada entre a vossa paróquia All Saints e a católica, de Todos os Santos. Que os Santos de cada Confissão cristã, plenamente unidos na Jerusalém celeste, nos abram o caminho para percorrer aqui todas as possíveis vias de um caminho cristão fraterno e comum. Onde nos reunimos em nome de Jesus, ali Ele está presente, e dirigindo o seu olhar de misericórdia, chama a trabalharmos pela unidade e pelo amor. Que o rosto de Deus resplandeça sobre nós, sobre vossas famílias e sobre toda a comunidade!”.

(BS/JE)

26 fevereiro, 2017

Francisco: mensagem do Ângelus


(RV) Hoje, domingo dia 26 de Fevereiro de 2017 às 12 horas de Roma, o Papa Francisco procedeu a recitação da oração mariana do Ângelus na Praça de S. Pedro, repleta de fiéis e peregrinos provenientes de diversos cantos da Itália e do mundo inteiro.

A página evangélica deste domingo (Mt 6,24-34), disse Francisco, é um forte chamamento à ter fé em Deus, que cuida de todos os seres viventes na criação. Ele procura alimento para todos os animais: se preocupa das aves dos céus, dos lírios do campo; o seu olhar benéfico e solícito vigia quotidianamente sobre a nossa vida. Essa nossa vida, acrescenta o Papa, que se desenvolve sob o sobressalto de tantas preocupações que diariamente nos afligem e que correm o risco, muitas vezes, de privar-nos daquela serenidade e equilíbrio necessários para continuar a nossa quotidiana batalha vital.

Jesus, prossegue o Santo Padre, exorta-nos com insistência a não preocuparmo-nos do amanhã, recordando-nos que por de cima de tudo existe um Pai que nos ama e não se esquece nunca dos seus filhos: entregar-se a Ele não resolve certamente de forma mágica os nossos problemas, mas permite-nos de enfrentar os problemas com o ânimo justo.

Deus não é um ser que está longe e anónimo: é o nosso refúgio, a fonte da nossa serenidade e da nossa paz. É a rocha sobre a qual podemos apoiar na certeza de não cairmos; é a nossa defesa contra o mal sempre às espreitas. Deus é para nós o grande amigo, o aleado, o Pai, mas nem sempre damo-nos conta disso. Preferimos apoiar-nos a bens imediatos  e contingentes esquecendo e às vezes recusando, o bem supremo, isto é o amor paterno de Deus. Sentir a sua paternidade nesta época de orfandade é muito importante! Nós nos afastamos do amor de Deus quando andamos na procura obsessiva dos bens terrenos e das riquezas, manifestando assim um amor exagerado a esta realidade».

Ora, Jesus, observa ainda Francisco, adverte-nos que esta busca frenética dos bens materiais não é só ilusória, mas é também fonte de infelicidade. Ele dá por conseguinte aos seus discípulos uma regra fundamental: procurai primeiro o reino de Deus e a sua justiça e tudo o mais vos será dado por acréscimo. Trata-se, segundo o pontífice, de realizar o projecto que Jesus anunciou no discurso da montanha, confiando-se em Deus que nunca desilude.

Neste sentido, afirma o Santo Padre, somos chamados a tudo fazer para sermos administradores fiéis dos bens que Deus nos deu, incluindo os bens terrenos, mas evitando aquela frenesia que nos leva a agir como se tudo, inclusive a nossa salvação, dependesse unicamente de nós.

«Esta atitude evangélica requer uma opção clara que o texto do Evangelho deste domingo indica com precisão: vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro. Ou o Senhor ou os ídolos fascinantes mas ilusórios. Esta opção que somos chamados a realizar se manifesta em todos os nossos actos, programas e empenhos. Trata-se de uma opção que deve ser feita de maneira firme, clara e constantemente renovada, já que as tentações de reduzir tudo ao dinheiro, ao prazer e ao poder estão sempre às espreitas».

Trata-se, observa Francisco, de uma decisão que somos chamados a tomar firmes na esperança cristã que nos orienta sempre ao cumprimento das promessas de Deus e não se arresta perante as dificuldades pois é fundada sobre a fidelidade a Deus que sempre cumpre as suas promessas. Que a virgem Maria, concluiu dizendo Francisco, nos ajude a entregarmo-nos ao amor e à bondade do Pai celeste, a viver Nele e com Ele.

Após a recitação do Ângelus, Francisco saudou aos milhares de fiéis e peregrinos congregados na Praça de S. Pedro e de modo especial aos peregrinos provenientes de Varsávia e outras localidades da Polónia; aos peregrinos provenientes da Espanha, particularmente da Cidade Real e os jovens da cidade italiana de Formentera; saudou igualmente aos adolescentes provenientes das cidades italianas de Cuneo, Zelarino, Mattarello e Malcessine, Fino Monasco e Monteolimpico; os crismandos de Cavenago d’Adda, Almeno San Salvatore e Serravalle Scrivia e os fiéis de Ferrara, Latina, Sora, Roseto degli Abruzzi, Creazzo e Rivalta sul Mincio.

Em seguida Francisco dirigiu uma especial saudação ao grupo dos peregrinos provenientes a Roma por ocasião da Jornada mundial das doenças raras” que se celebra na próxima terça-feira dia 28 de Fevereiro. O Papa agradeceu à todos por tudo quanto fazem ao serviço destes pacientes e das suas famílias, augurando que estes pacienets sejam sempre adequadamente sustentados neste não fácil caminho, seja a nível médico que logíslativo.

E à todos Francisco augurou finalmente um bom domingo pedindo que não se esqueçam de rezar por Ele.   

 

25 fevereiro, 2017

HÁ MOMENTOS!

 
 
 
Há momentos
em que Ele chega,
toma-nos pela mão,
ou seja,
entra-nos no coração,
e diz-nos,
como se nós não soubéssemos:
Amo-te, meu filho!

Paramos tudo,
quase deixamos de viver,
(esta vida terrena, claro),
e perguntamos,
certos da resposta:
és Tu, Senhor?

E Ele sorri,
olha-nos nos olhos,
e diz:
Alguma vez duvidaste,
que Eu morri por ti?

Envergonhados,
baixamos a cabeça,
pomos a mão no peito,
e respondemos:
Só Tu,
Senhor,
és a nossa certeza!

O Seu sorriso,
abre-se ainda mais,
enche-nos de compaixão,
 e diz-nos,
olhando-nos nos olhos,
com a voz repassada de amor:
Toma tudo o que Eu te dou,
e ama os outros,
como Eu te amo!
Ama-os,
com o Meu amor!


Marinha Grande, 25 de Fevereiro de 2017
Joaquim Mexia Alves
 

Papa: risco de guerra mundial pela água. Escutar grito dos pobres




(RV) O Papa Francisco participou na tarde desta sexta-feira (24/02), na Casina Pio IV, no Vaticano, do encontro sobre o direito à agua, promovido pela Pontifícia Academia das Ciências. Especialistas na área vieram do mundo inteiro para debater o tema inspirado, inclusive, em passagens da Encíclica Laudato si.

No seu discurso, o Papa Francisco começou saudando os participantes que se propuseram a enfrentar “a problemática do direito humano à água e a exigência de políticas públicas” no sector, para dar uma resposta à essa necessidade que vive o homem de hoje.

Em seguida, Francisco usou uma passagem do Livro do Génesis para tratar a questão de maneira fundamental e urgente: “a água está no princípio de todas as coisas”, fonte de vida e de fecundidade.

“Fundamental porque onde tem água, tem vida, e assim a sociedade pode nascer e progredir. E é urgente porque a nossa casa comum tem necessidade de protecção e, também, que se compreenda que nem toda a água é vida: somente a água segura e de qualidade. Toda pessoa tem o direito ao acesso à água potável e segura; é um direito humano essencial e uma das questões cruciais no mundo actual. É triste ver quando, numa legislação de um país ou de um grupo de países, não se considera a água como um direito humano. É ainda mais triste quando se apaga aquilo que era escrito ali e se nega esse direito humano.”

O Papa Francisco novamente enfatizou que é um problema que diz respeito a todos nós, pois faz parte da nossa casa comum, aquela que “suporta tanta miséria e exige soluções efectivas, realmente capazes de superar os egoísmos que impedem a actuação desse direito vital para todos os seres humanos”. É necessário atribuir à água, acrescentou o Pontífice, “a centralidade que merece no âmbito das políticas públicas”.

“O nosso direito à água é também um dever com a água. Do direito que temos à ela vem a obrigação que é ligada à ela, e não se pode separar. É imprescindível anunciar esse direito humano essencial e defendê-lo, como se está fazendo, mas também agir de maneira concreta, assegurando um empenho político e jurídico com a água. Nesse sentido, cada Estado é chamado a concretizar, também com instrumentos jurídicos, o que vem indicado nas resoluções aprovadas pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2010, sobre o direito humano à água potável e à higiene.”

O Papa continuou o seu discurso, sublinhando como “o direito à água é determinante para a sobrevivência das pessoas”, e como decide o futuro da humanidade. Por isso, continuou, é uma prioridade também “educar as próximas gerações sobre a gravidade dessa realidade”.

“A formação da consciência é uma tarefa difícil, requer convicção e dedicação. E eu me pergunto se, em meio a esta terceira guerra mundial em pedaços que estamos vivendo, não estamos caminhando em direcção à grande guerra mundial pela água.”

Francisco citou dados “graves” das Nações Unidas que não podem nos deixar indiferentes e devem ser parados: “mil crianças morrem todos os dias por causa de doenças ligadas à água e milhões de pessoas consomem água contaminada”. “Ainda não é tarde”, disse o Papa, “mas é urgente estarmos cientes da necessidade da água e do seu valor essencial para o bem da humanidade”. O Pontífice também abordou o tema, do respeito à água, como “condição para o exercício dos outros direitos humanos”.

“Se respeitarmos esse direito como fundamental, estaremos a colocar as bases para proteger os outros direitos. Mas se violarmos esse direito essencial, como poderemos vigiar os outros e lutar por eles! Nesse empenho de dar à água o lugar justo é necessária uma cultura do cuidado, parece uma coisa poética. A criação é uma poiesis, essa cultura do cuidado que é criativa. E também favorecer a cultura do encontro, em que se unem numa causa comum todas as forças necessárias de cientistas e empreendedores, governantes e políticos. Isso é poesia, como a criação. Precisamos unir todas as nossas vozes numa mesma causa. Não serão tantas vozes individuais e isoladas, mas o grito do irmão que protesta por nós, é o grito da terra que pede o respeito e o compartilhamento responsável de um bem, que é de todos. Nessa cultura do encontro, é imprescindível a acção de cada Estado para garantir o acesso universal à água segura e de qualidade.”

O Papa Francisco finalizou exortando o olhar de Deus Criador nesse trabalho, mas sublinhou que “o trabalho é nosso, a responsabilidade é nossa”. Uma acção prioritária para que “as pessoas possam viver”, um ideal pelo qual “vale a pena lutar e trabalhar. Com o nosso ‘pouco’”, disse Francisco, “contribuiremos para que a nossa casa comum seja mais habitável e mais solidária”. (BS/AC)

24 fevereiro, 2017

Papa: em Deus justiça é misericórdia. Não ceder à lógica da casuística




(RV) O Papa celebrou a missa na capela da Casa Santa Marta na sexta-feira (24/02). Na homilia, Francisco advertiu para a hipocrisia e para o engano provocado por uma fé reduzida a uma “lógica casuística”.

“É lícito para um marido repudiar a própria mulher?”. Esta é a pergunta contida no Evangelho de Marcos que os doutores da Lei fazem a Jesus durante a sua pregação na Judeia. “E o fazem para colocar Cristo à prova mais uma vez”, observou o Papa, que se inspirou na resposta de Jesus para explicar o que mais conta na fé:

“Jesus não responde se é lícito ou não; não entra na lógica casuística deles. Porque eles pensavam na fé somente em termos de ‘pode’ ou ‘não pode’, até onde se pode, até onde não se pode. É a lógica da casuística: Jesus não entra nisso. E faz uma pergunta: ‘Mas o que Moisés vos ordenou? O que está na vossa lei?’. E eles explicam a permissão que Moisés deu de repudiar a mulher, e são eles a cair na própria armadilha. Porque Jesus os qualifica como ‘duros de coração’: ‘Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés vos escreveu este mandamento’, e diz a verdade. Sem casuística. Sem permissões. A verdade.”

“Jesus sempre diz a verdade”, “explica as coisas como foram criadas”, destaca ainda o Papa, a verdade das Escrituras, da Lei de Moisés. E o faz também quando a interrogá-lo sobre o adultério são os seus discípulos, aos quais repete: “Quem se divorciar de sua mulher e casar com outra, cometerá adultério contra a primeira. E se a mulher se divorciar de seu marido e casar com outro, cometerá adultério”.

Mas se a verdade é esta e o adultério é “grave”, como explicar então que Jesus falou “tantas vezes com uma adúltera, com uma pagã”?, pergunta o Papa. “Bebeu de seu copo, que não era puro?”. E no fim lhe disse: “Eu não te condeno. Não peques mais”? Como explicar isso?

“O caminho de Jesus – vê-se claramente - é o caminho da casuística à verdade e à misericórdia. Jesus deixa a casuística de fora. Aos que queriam colocá-lo à prova, aos que pensavam com esta lógica do ‘pode’, os qualifica – não aqui, mas em outro trecho do Evangelho – como hipócritas. Também com o quarto mandamento eles negavam de assistir os pais com a desculpa de que tinham dado uma bela oferta à Igreja. Hipócritas. A casuística é hipócrita. É um pensamento hipócrita. ‘Pode – não pode… que depois se torna mais sútil, mais diabólico: mas até que ponto posso? Mas daqui até aqui não posso. É a enganação da casuística.”

O caminho do cristão, portanto, não cede à lógica da casuística, mas responde com a verdade que o acompanha, a exemplo de Jesus, “porque Ele é a encarnação da Misericórdia do Pai, e não pode negar a si mesmo. Não pode negar a si mesmo porque é a Verdade do Pai, e não pode negar a si mesmo porque é a Misericórdia do Pai”. “Este é o caminho que Jesus nos ensina”, notou o Papa, difícil de ser aplicado diante das tentações da vida:

“Quando a tentação toca o coração, este caminho de sair da casuística à verdade e à misericórdia não é fácil: é necessária a graça de Deus para que nos ajude a ir assim avante. E devemos pedi-la sempre. ‘Senhor, que eu seja justo, mas justo com misericórdia’. Não justo, coberto com a casuística. Justo na misericórdia. Como és Tu. Justo na misericórdia. Depois, uma pessoa de mentalidade casuística pode se perguntar: ‘Mas o que é mais importante em Deus? Justiça ou misericórdia?’. Este também é um pensamento doente… o que é mais importante? Não são duas: é somente uma, uma só coisa. Em Deus, justiça é misericórdia e misericórdia é justiça. Que o Senhor nos ajude a entender esta estrada, que não é fácil, mas nos fará felizes, a nós, e fará feliz muitas pessoas.”

23 fevereiro, 2017

Papa em Santa Marta: abandonar vida dupla, não adiar a conversão




(RV) “Não escandalizar os pequeninos com a vida dupla, porque o escândalo destrói”, disse o Papa Francisco na homilia da missa matutina celebrada, nesta quinta-feira (23/02), na Casa Santa Marta.

“Cortar a mão”, “arrancar o olho”, mas “não escandalizar os pequeninos”, ou seja, os justos, “os que confiam no Senhor, que simplesmente crêem no Senhor”.

“Mas o que é o escândalo? O escândalo é dizer uma coisa e fazer outra; é ter vida dupla. Vida dupla em tudo: sou muito católico, vou sempre à missa, pertenço a esta e aquela associação; mas a minha vida não é cristã. Não pago o que é justo aos meus funcionários, exploro as pessoas, faço jogo sujo nos negócios, reciclo dinheiro, vida dupla. Muitos católicos são assim. Eles escandalizam. Quantas vezes ouvimos dizer, nos bairros e outras partes: ‘Ser católico como aquele, melhor ser ateu’. O escândalo é isso. Destrói. Joga você no chão. Isso acontece todos os dias, basta ver os telejornais e ler os jornais. Os jornais noticiam vários escândalos e fazem publicidade de escândalos. Com os escândalos se destrói.”

O Papa citou o exemplo de uma empresa importante que estava à beira da falência. As autoridades queriam evitar uma greve justa, mas que não faria bem e queriam conversar com os chefes da empresa. As pessoas não tinham dinheiro para arcar com as despesas cotidianas, pois não recebiam o salário. O responsável, um católico, estava de férias numa praia no Oriente Médio e as pessoas souberam disso mesmo que a notícia não tenha saído nos jornais. “Estes são escândalos”, disse Francisco:

“No Evangelho, Jesus fala daqueles que escandalizam, sem dizer a palavra escândalo, mas se entende: ‘Você chegará ao Céu, baterá à porta e: Sou eu, Senhor! Não se lembra? Eu ia à Igreja, estava sempre com você, pertencia a tal associação, fazia muitas coisas. Não se lembra de todas as ofertas que eu fiz? Sim, lembro-me! As ofertas! Lembro-me bem: todas sujas, roubadas aos pobres. Não o conheço. Esta será a resposta de Jesus aos escandalosos que fazem vida dupla.”

“A vida dupla provém do seguir as paixões do coração, os pecados mortais que são as feridas do pecado original”, disse o Papa. A Primeira Leitura exorta a não se deixar levar pelas paixões do coração e a não confiar nas riquezas. A não dizer: “Contento-me de mim mesmo”. Francisco convidou a não adir a conversão:

“A todos nós, a cada um de nós, fará bem, hoje, pensar se há algo de vida dupla em nós, de parecer justos. Parecer bons fiéis, bons católicos, mas por baixo fazer outra coisa; se há algo de vida dupla, se há uma confiança excessiva: O Senhor me perdoará tudo. Então, continuo. Ok! Isso não é bom. Irei me converter, mas hoje não! Amanhã. Pensemos nisso. Aproveitemos da Palavra do Senhor e pensemos que o Senhor nisso é muito duro. O escândalo destrói.” (BS/MJ)