31 maio, 2016

Papa em Santa Marta: a coragem do serviço e do encontro


RV) Terça-feira, 31 de maio – na Missa em Santa Marta o Papa Francisco exortou os cristãos à coragem do serviço e do encontro. O Santo Padre dedicou a sua homilia a Nossa Senhora, no dia em que termina o mês mariano. Falou da coragem das mulheres.

A liturgia propôs no Evangelho a visita de Maria a Santa Isabel e Francisco sublinhou “a coragem feminina”, a capacidade de ir ao encontro dos outros e estender a mão para ajudar com a alegria que enche o coração e dá à vida um novo sentido – disse o Papa.

Maria embora estivesse grávida e corresse o risco de encontrar malfeitores durante o caminho, segundo o Evangelho, dirigiu-se apressadamente para visitar Isabel. É a coragem – disse o Papa – a “coragem das mulheres” que, tal como Nossa Senhora, “levam em frente a família” e a “educação dos filhos” e tratam dos doentes.

Mulheres que se levantam e servem – afirmou o Santo Padre – e o serviço é um sinal cristão, assim como, o encontro, pois o Senhor está no serviço e no encontro.

O Papa Francisco salientou, no final da sua homilia, que “uma pessoa que se diz cristã e não é capaz de ir ao encontro dos outros, de encontrar os outros, não é totalmente cristã.”

(RS)

30 maio, 2016

Papa: Igreja é livre na profecia, engaiolada na lei faz escravos




(RV) “No seu caminho de fé, a Igreja e todo cristão devem cuidar para não se fechar num sistema de normas, mas abrir espaço para a memória dos dons recebidos por Deus, o dinamismo da profecia e o horizonte da esperança”, disse o Papa Francisco na homilia da missa celebrada nesta segunda-feira, (30/05), na Casa Santa Marta.

A estrutura da lei que delimita tudo e o sopro libertador da profecia que impulsiona para além dos confins.

“Na vida de fé o excesso de confiança na norma”, adverte o Papa Francisco, “pode sufocar o valor da memória e o dinamismo do Espírito”.

Jesus, no Evangelho do dia demonstra este assunto aos escribas e fariseus com a parábola dos vinhateiros homicidas.

Os agricultores resolveram revoltar-se contra o patrão que plantou e arrendou a vinha para eles, espancando e matando os empregados que o patrão enviava para receber a sua parte dos frutos da vinha.

O cúmulo do drama ocorreu quando mataram o único filho do patrão, pensando que herdariam toda a propriedade.

Casuística e liberdade

Matar os empregados e filho, imagem dos profetas da Bíblia e de Cristo, “mostra a imagem de um povo fechado em si mesmo, que não se abre para as promessas de Deus, que não espera as promessas de Deus”, disse o Papa.

“Um povo sem memória, sem profecia e sem esperança”. Aos chefes do povo, em particular, interessa erguer um muro de leis, “um sistema jurídico fechado”, e nada mais:

“A memória não interessa. A profecia: melhor que não venham os profetas! E a esperança? Cada um irá ver. Este é o sistema com o qual eles legitimam: doutores da lei, teólogos que sempre caminham na estrada da casuística e não permitem a liberdade do Espírito Santo. Não reconhecem o dom de Deus, o dom do Espírito e engaiolam o Espírito, porque não permitem a profecia na esperança.”

Este é o sistema religioso do qual fala Jesus. “Um sistema de corrupção, mundanidade e concupiscência”, diz São Pedro na Primeira Leitura.

A memória liberta

No fundo, reconheceu o Papa, “o próprio Jesus é tentado a perder a memória da sua missão, de não dar lugar à profecia e de preferir a segurança à esperança”, isto é, a essência das três tentações que sofreu no deserto. Então Francisco observou:

“Por conhecer a tentação, Jesus repreende essas pessoas: ‘Vocês percorrem o mundo para fazer um prosélito e quando o encontram, o fazem escravo’. Este povo assim organizado, esta Igreja assim organizada faz escravos! E assim se entende como Paulo reage quando fala da escravidão da lei e da liberdade que a graça oferece. Um povo é livre, uma Igreja é livre quando tem memória, quando dá lugar aos profetas, quando não perde a esperança”.

Coração aberto ou engaiolado?

A vinha bem organizada, destacou o Papa, é “a imagem do povo de Deus, a imagem da Igreja e também a imagem da nossa alma” que o Pai cuida sempre com “tanto amor e tanta ternura”. Rebelar-se a Ele, como para os agricultores homicidas, é “perder a memória do dom” recebido por Deus. “Para recordar e não errar no caminho”, é importante “voltar sempre às raízes”:

“Eu tenho memória das maravilhas que o Senhor fez na minha vida? Tenho memória dos dons do Senhor? Eu sou capaz de abrir o coração aos profetas, isto é, a quem me diz ‘assim não dá, tem que ir para lá; vai para frente, arrisca? É o que os profetas fazem… Eu estou aberto a isso ou sou temeroso e prefiro me fechar na gaiola da lei? E por fim: eu tenho esperança nas promessas de Deus, como teve o nosso pai Abraão, que saiu da sua terra sem saber para onde ir somente porque acreditava em Deus? Nos fará bem fazer essas três perguntas …”. (BS/MJ/BF)

Papa a Scholas Occurrentes: no diálogo todos ganham, ninguém perde




(RV) O Papa Francisco recebeu em audiência na tarde deste domingo (29/05) na Sala Nova do Sínodo, no Vaticano, representantes de mais de 40 universidades de todo o mundo da Fundação Pontifícia Scholas Occurrentes, reunidos no Congresso Mundial em Roma desde sexta-feira. O tema do seminário foi “Entre a Universidade e a Escola, um muro ou uma ponte”. Durante o encontro foi feito o anúncio da criação de cátedras Scholas, um espaço académico para aprofundar o ensinamento de Francisco, que promoveu, como arcebispo de Buenos Aires, esta rede de ensino.

Um encontro animado, feito de perguntas dos jovens ao Papa e de suas respostas. O Papa Francisco, antes de tudo aprecia o clima de comunicação, que representa um desafio neste mundo:

“Quando os povos se separam, as famílias se separam, os amigos se separam: na separação somente se encontra a inimizade, inclusive o ódio; no entanto, quando as pessoas se unem, se dá a amizade social, a amizade fraterna; e se dá uma cultura do encontro, que nos protege de qualquer tipo de cultura de descarte. Obrigado por isso e por aquilo que estais a fazer”.

O Papa, como sempre nestes casos, entra numa relação de grande confidência sobre a sua vida:

“Eu nunca pensei que iriam me eleger. Foi uma surpresa para mim ... Mas a partir daquele momento Deus me deu uma paz que dura até hoje. E isso me leva para a frente. Esta é a graça que recebi. Por outro lado, pela minha natureza, sou inconsciente e, portanto, vou em frente.”

Um encontro alternado também por tocantes testemunhos e prémios pelo compromisso em prol da paz, conferido a Richard Gere, Salma Hayek e George Clooney. Os actores receberam o prémio, pelos seus esforços em ajudar os jovens das periferias. Assim, o Papa sublinha a importância de “dar pertença” às pessoas. Dar pertença, de facto, significa dar identidade:

“Por isso urge, é urgente oferecer pertença de qualquer tipo essa seja, para que se possa sentir que se pertence a um grupo, a uma família, a uma organização: e isso dá uma identidade”.

E depois há a linguagem dos gestos: uma carícia, um sorriso. O Papa pede gestos concretos e que se acabem com as agressões. Por exemplo, o bullying é uma agressão que esconde crueldade, o mundo é cruel, bem como as guerras. E a crueldade da guerra chega até às crianças, chega até a cortar a garganta de uma criança. Para construir um mundo novo, no entanto, é preciso eliminar todos os tipos de crueldade. Depois há a capacidade de ouvir os outros:

“No diálogo todos ganham, ninguém perde. Na discussão, há um que vence e um que perde: mas na realidade ambos perdem. O diálogo é a capacidade de ouvir, colocar-se no lugar do outro, construir pontes”.

Devemos banir o orgulho e a arrogância. Para o Papa Francisco, o mundo precisa abaixar o nível de agressão e cultivar, ao invés, a docilidade, a escuta, um caminho juntos.

Neste encontro, cheio de acção, onde emergiu toda a riqueza de Scholas Occurrentes, há também a oração de representantes religiosos, como também foi anunciada uma plataforma digital, através da qual os jovens poderão fazer perguntas ao Papa. As respostas de Francisco serão recolhidas num livro que será publicado pela Editora Mondadori e será lançado em outubro ou novembro. Também presente no encontro, a música da Orquestra Scholas Arts que, no final da apresentação, presenteou o Papa com um violino antigo. No “palco” deste encontro de Scholas também há espaço para o desporto, com as experiências do mundo do futebol e os testemunhos da contribuição que os desportistas podem dar à causa da paz. Anunciado ainda que o próximo jogo pela paz será na Argentina, no dia 10 de julho. E precisamente do governo do país natal do Papa Francisco, chega a garantia de que será aprovada uma lei do Estado em favor de Scholas Occurrentes.

O VI Congresso Mundial das ‘Scholas Occurrentes’, - a rede de escolas pelo encontro que o Papa lançou para promover uma mudança no sistema educativo -, encerrou o seu encontro neste domingo na sede da Academia Pontifícia das Ciências com a audiência concedida por Francisco aos participantes, incluindo representantes de mais de 40 universidades.

O director de ‘Scholas Occurrentes’, José María del Corral, explicou à Rádio Vaticano que a criação das “Cátedras Scholas” querem ser “um espaço em que se encontram o âmbito académico e da reflexão com o âmbito do trabalho e das necessidades das comunidades educativas”.

Neste momento há mais de 500 projectos sociais e de educação na rede ‘Scholas’. “Existem projectos que têm a ver com a problemática dos refugiados, com as escolas que não possuem, por exemplo, água potável para os seus alunos”, explica del Corral. 42 universidades de vários continentes e inspirações religiosas vão assumir o compromisso de acompanhar estas realidades locais, ao longo dos próximos 12 meses.

A rede internacional ‘Scholas’ nasceu em Buenos Aires, há 20 anos, por vontade do então Arcebispo da cidade argentina, Dom Jorge Mario Bergoglio, hoje Papa Francisco.

A organização internacional de direito pontifício ‘Scholas Occurrentes’ foi aprovada pelo Pontífice em 13 de agosto de 2013. (BS/SP)

29 maio, 2016

Crianças do mundo unam-se às da Síria em oração pela Paz - Papa no Angelus

 
(RV) No final da Missa, nas palavras proferidas antes da oração do Angelus, o Papa Francisco saudou de forma especial os “Caros Diáconos, vindos da Itália e de diversos Países”, agradecendo-lhe pela “sua presença hoje, mas sobretudo na Igreja”.

Depois, saudou os peregrinos, mencionando de modo particular a Associação europeia dos “Schutzen”, organismo nascido há cerca de um século e meio na Alemanha e que anima a vida católica nas aldeias.

O Papa citou também os participantes no “Caminho do Perdão” promovido pelo Movimento Celestiano; a Associação nacional italiana para a “Tutela das Energias Renováveis” empenhada em acções de educação à preservação do Ambiente.

Recordou ainda que hoje se celebra o Dia Nacional italiano do Alívio, que tem por objectivo ajudar as pessoas a viver bem a fase final da existência terrena; assim como a tradicional peregrinação que se realiza neste domingo na Polónia, junto do Santuário mariano de Piekary e pediu à Mãe da Misericórdia para que apoie as famílias e os jovens em direcção à Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia.

E no aproximar-se do Dia Internacional da Criança, Francisco disse:

Quarta-feira próxima, 1 de Junho, por ocasião da Jornada Internacional da Criança, as comunidades cristãs da Síria, tanto católicas como ortodoxas, viverão juntas uma oração especial para a paz, que terá como protagonistas a própria criança. As crianças sírias convidam as crianças do mundo inteiro a unirem-se com elas em oração pela paz”.

E o Papa concluiu invocando por estas intenções todas a intercepção de Nossa Senhora, confiando-lhe ao mesmo tempo a vida e o ministério dos Diáconos do mundo.

(DA)

Servir é assumir o estilo de Deus - Papa aos Diáconos


(RV) A esplanada da Basílica de São Pedro pintou-se de branco na manhã deste domingo com as vestimentas dos diáconos e sobre as quais sobressaía o emblema deste Ano Jubilar da Misericórdia. Vieram numerosos, de várias partes do mundo, acompanhados por familiares, para os três dias de Jubileu a eles dedicados e que se concluíram com Missa presidida na Praça de São Pedro pelo Santo Padre.

Na sua homilia Francisco recordou-lhes o espírito de serviço que deve animar o seu ser diáconos, indicou os passos principais nesta caminhada, encorajou na oração e sugeriu alguns modelos a seguir: antes de mais Cristo que “se fez diácono de todos”, que se fez “nosso servo”. Assim também “são chamados a fazer os seus anunciadores”. Aliás, apóstolo e servidor são dois termos que não podem ser separados, disse o Papa, citando a carta de São Paulo aos Gálatas. “Quem anuncia Jesus é chamado a servir e quem serve anuncia Jesus” . Há, portanto, que imitar Cristo.

Por outras palavras, se evangelizar é a missão confiada a cada cristão pelo Baptismo, servir é o estilo com o qual viver essa missão, o único modo de ser discípulos de Jesus. É seu testemunho quem faz como Ele: quem serve os irmãos e as irmãs, sem se cansar de Cristo humilde, sem se cansar da vida cristã que é vida de serviço”.

Por onde começar, então, para se tornar “servos bons e fiéis” ? – perguntou-se o Papa, logo respondendo que, antes de mais, é preciso disponibilidade, quer dizer não permanecer agarrado ao próprio tempo, não ser escravo de uma agenda pré-definida, mas doar a vida, ser dócil de coração, estar sempre pronto para o irmão e aberto ao imprevisto, que nunca falta, e é muitas vezes a surpresa quotidiana de Deus. Saber abrir as portas mesmo a quem chega fora de horário, pois o servidor é aberto às surpresas quotidianas de Deus, disse o Papa sublinhando que se sente amargurado quando vê que uma paróquia está aberta da hora tal á hora tal e que para além desse horário não há padres, diácono, ou leigo para receber as pessoas… Isto faz doer o coração – disse, encorajando os diáconos a transgredirem os horários, mesmo quando isso interfere com o merecido repouso:

Assim, caros diáconos, vivendo na disponibilidade, o vosso serviço será privo de interesses pessoais e a evangelização será fecunda” .

O Papa recordou depois que o evangelho deste domingo fala de serviço indicando dois exemplos de humildade a seguir: o servo do centurião e o próprio centurião que disse não se sentiu digno que Jesus se deslocasse à sua casa. Palavras que tocaram Jesus, pela sua mansidão, discrição, pequenez, tal “como é o estilo de Deus” que “é manso e humilde de coração” – insistiu Bergoglio,  dizendo que a mansidão é uma das virtudes do diácono, diácono que a seu ver não deve imitar o Padre, mas ser humilde, manso. E recordou que Deus que é amor, por amor chega mesmo a servir-nos:  é paciente connosco, benévolo, sempre pronto e bem disposto, sofre pelos nossos erros e procura a via para nos ajudar a melhorar.

Estas são as características benignas e humildes do serviço cristão que é imitar Deus servindo os outros: acolhendo-os com amor paciente, compreendendo-os sem se cansar, fazendo-lhes sentir-se acolhidos, em casa, na comunidade eclesial, onde não é grande quem manda, mas quem serve. E nunca repreender, nunca! Assim, caros diáconos, na benignidade, amadurecerá a vossa vocação de ministros da caridade”. 

Para além do apóstolo Paulo e do centurião, o Papa falou ainda dum terceiro servo que as leituras de hoje nos apresentam: aquele que é curado por Jesus. Mais que a doença física, Francisco orientou a reflexão para a saúde do coração, necessária para “ser hábeis servidores” – disse . “Um coração sanado por Deus, que se sinta perdoado e não seja fechado, nem duro”.

E Francisco recomendou e encorajou aos diáconos a pedirem isso a Jesus todos os dias na oração, uma oração, confiante, na qual apresentar as fadigas, os imprevistos, os cansaços  e as esperanças: “uma oração verdadeira, que leve a vida ao Senhor e o Senhor à vida”  - frisou, rematando:

Assim, disponíveis na vida, benignos no coração e em constante diálogo com Jesus, não tereis medo de ser servidores de Cristo, de encontrar e acariciar a carne do Senhor nos pobres de hoje”.

(DA)

28 maio, 2016

Papa aos Orionitas: coração “no cenáculo” e caridade sempre no caminho




(RV) O Papa Francisco recebeu no final da manhã desta sexta-feira, (27/05), os participantes do Capítulo Geral da Pequena Obra da Divina Providência, conhecidos como Orionitas; a obra foi fundada por São Luis Orione.

Presente no encontro o novo Conselho Geral da Congregação, eleito nos dias passados. Como novo Superior Geral foi escolhido o brasileiro Padre Tarcísio Gregório Vieira. A Congregação, além do Brasil, está presente em 32 países.

Dom Orione pedia a vocês – disse o Papa no seu discurso aos presentes – para “procurar curar as feridas do povo, curar as suas enfermidades, ir ao encontro dele no moral e no material: desta forma, a vossa acção será não só eficaz, mas profundamente cristã e salvadora”.

“Essas indicações são mais do que nunca verdadeiras! De fato, fazendo isso, não só imitareis Jesus, o Bom Samaritano, mas oferecereis às pessoas a alegria de encontrar Jesus e a salvação que ele traz para todos. Na verdade, “quem se deixa ser salvo por Ele está livre do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo sempre nasce e renasce a alegria”, afirmou o Pontífice.

Todos nós estamos no caminho do seguimento de Jesus. Toda a Igreja – disse Francisco - é chamada a caminhar com Jesus nas estradas do mundo, para encontrar a humanidade de hoje que precisa - como escreveu Dom Orione - do “pão do corpo e do divino bálsamo da fé”.
Para encarnar no hoje da história essas palavras do vosso fundador e viver a essência do seu ensinamento, colocastes no centro das reflexões do Capítulo Geral a vossa identidade, resumida por Dom Orione no título de “servos de Cristo e dos pobres”.

"A estrada mestra é manter sempre unidas estas duas dimensões da vossa vida pessoal e apostólica. Fostes chamados e consagrados por Deus para permanecerdes com Jesus e servi-Lo nos pobres e nos excluídos da sociedade. Neles, tocais e servis a carne de Cristo e cresceis na união com Ele, vigiando sempre para que a fé não se torne ideologia e a caridade não se reduza à filantropia", advertiu Francisco.

O Papa destacou ainda que o anúncio do Evangelho, especialmente nos nossos dias, requer tanto amor ao Senhor, junto com uma particular iniciativa.

“Eu soube – continuou o Santo Padre – que quando ainda era vivo, o Fundador, em alguns lugares vós éreis chamados de “os padres que correm”, porque sempre vos viam em movimento, no meio do povo, com os passos rápidos de quem se preocupa. "Amor est via", (o amor é o caminho) recordava São Bernardo, o amor está sempre na estrada, no caminho.

O Pontífice fez então uma exortação: Com Dom Orione, também eu vos exorto a não permanecerdes fechados nos vossos ambientes, mas ir “para fora”.

Há tanta necessidade de sacerdotes e religiosos, não fiqueis apenas nas instituições de caridade – embora necessárias – mas que saibais ir além dos confins delas, para levar em todos os ambientes, mesmo o mais distante, o perfume da caridade de Cristo.
Nunca percam de vista nem a Igreja nem a sua comunidade religiosa, ao contrário, o coração deve estar lá no seu “cenáculo”, mas depois é preciso sair para levar a misericórdia de Deus a todos, sem distinção.

O Papa Francisco concluiu confiando a Congregação à materna protecção de Nossa Senhora, venerada pelos Orionitas como “Mãe da Divina Providência”.

(BS/SP)

Papa abraça Hebe de Bonafini, fundadora das Mães da Plaza de Mayo



(RV) O Papa Francisco encontrou no final da tarde desta sexta-feira (27/05), na Casa Santa Marta, no Vaticano, Hebe de Bonafini, fundadora e presidente das “Mães da Plaza de Mayo”, uma associação formada pelas mães dos desaparecidos, os dissidentes desaparecidos durante a ditadura militar argentina (1976 – 1983).

Hebe de Bonafini, 87 anos, não perdeu o seu espírito combativo. A sua vida passou por duras provações e privações durante a ditadura militar na Argentina: perdeu dois filhos e a nora, desaparecidos como tantos outros opositores do regime.

O encontro com o Papa na Casa Santa Marta foi longo, muito afectuoso: nós nos comovemos e nos abraçámos, disse Bonafini, que no passado havia criticado o Papa Bergoglio, e por isso pediu-lhe desculpas.

Tempos atrás, numa carta, reconhecera ter-se enganado, não conhecendo o empenho e compromisso de Bergoglio em favor dos pobres. A fundadora das “Mães da Plaza de Mayo” falou ao Pontífice sobre a dramática situação da Argentina, com o povo sem trabalho e a lutar pela sobrevivência.

27 maio, 2016

Corpo de Deus. Papa convida a repartir a vida pelos outros


(RV) Quinta-feira, 26 de maio, Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo – o Papa Francisco celebrou Missa no adro da Basílica de S. João de Latrão e após a celebração prosseguiu em Procissão Eucarística até à Basílica de Santa Maria Maior. Na sua homilia lembrou a força da Eucaristia para repartir a vida pelos outros. O Santo Padre referiu os cristãos que repartiram a vida para defenderem a dignidade de todos.

“Fazei isto em memória de mim” – foi com estas palavras que Francisco iniciou a sua homilia na Festa do Corpo de Deus. O Papa recordou Jesus que diz aos discípulos para “repetirem o gesto com o qual instituiu o memorial da sua Páscoa”: a Eucaristia tem sempre Jesus como sujeito, mas atua “através das nossas pobres mãos” – disse o Santo Padre que referiu que Jesus, perante as multidões cansadas e esfomeadas, descritas no Evangelho, diz aos discípulos para darem eles próprios de comer os dois peixes e os cinco pães:

“É claro que este milagre não quer apenas saciar a fome de um dia, mas é sinal daquilo que Cristo entende cumprir para a salvação de toda a humanidade dando a sua carne e o seu sangue. Todavia, é preciso sempre passar através daqueles dois pequenos gestos: oferecer os poucos pães e peixes que temos; receber o pão repartido das mãos de Jesus e distribuí-lo a todos.”

Na força da Eucaristia repartir pelos outros, esta a ideia apresentada pelo Papa Francisco recordando tantos “santos e santas – famosos ou anónimos – que se repartiram a si próprios para dar de comer aos irmãos”:

”Quantas mães, quantos pais, juntamente com o pão de cada dia, partido na mesa de casa, repartiram o seu coração para criar os filhos e fazê-los crescer bem! Quantos cristãos, como cidadãos responsáveis, repartiram a própria vida para defenderem a dignidade de todos, especialmente dos mais pobres, marginalizados e discriminados!”

Nas palavras do Papa Francisco também a Procissão Eucarística que decorreu após a Missa é um gesto “para dar de comer à multidão de hoje” para repartir “a nossa vida” como “sinal do amor de Cristo para esta cidade e para o mundo inteiro” – disse o Santo Padre no final da sua homilia.

(RS)