22 janeiro, 2016

Papa: comunicar a verdade com misericórdia, criar pontes e não exclusões


(RV) A comunicação deve construir pontes, sanar as feridas e tocar os corações das pessoas – é uma das passagens da Mensagem do Papa Francisco para o 50° Dia Mundial das Comunicações Sociais, sob o tema: "Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo". No documento publicado esta sexta-feira (22/01) o Papa reafirma que o verdadeiro poder da comunicação é a "proximidade" e pede aos cristãos para comunicarem a verdade com amor, sem julgar as pessoas. Em seguida, o Papa Francisco exorta a converter mesmo as redes sociais em lugares de misericórdia, onde se promovem relações e partilha.

"Aquilo que dizemos e como dizemos, cada palavra e cada gesto deveria poder exprimir a compaixão, a ternura e o perdão de Deus para com todos". No Ano Santo da Misericórdia, o Papa Francisco recorda  antes de tudo que "o amor, por sua natureza, é comunicação", e por isso "somos chamados a comunicar como filhos de Deus com todos, sem excluir ninguém". Em particular, lê-se na mensagem, "faz parte da linguagem e das acções da Igreja transmitir a misericórdia de Deus, tocar os corações das pessoas". E depois o Papa convida a difundir  o "calor da Igreja Mãe", aquele "calor que dá substância às palavras da fé" e acende "a faísca que as torna vivas".

A comunicação – sublinha ainda Francisco na mensagem - "tem o poder de construir pontes, de facilitar o encontro e a inclusão". E o Papa se alegra por "ver pessoas empenhadas na escolha cuidadosa de palavras e gestos para superar mal-entendidos, curar a memória ferida e construir a paz e a harmonia". As palavras, insiste Francisco, "podem construir pontes", e isto tanto no ambiente físico como no digital". Daí o convite do Papa a usar as palavras para "sair dos círculos viciosos das condenações e vinganças, que continuam a encadear indivíduos e nações". A palavra do cristão, reitera o Papa, "propõe-se fazer crescer a comunhão”.

Para o Papa, é "desejável que mesmo a linguagem da política e da diplomacia se deixe inspirar pela misericórdia" e faz apelo "àqueles que têm responsabilidades institucionais" para que "sejam sempre vigilantes" na sua maneira de se exprimir. É fácil, diz Francisco, "ceder à tentação" de alimentar "as chamas da desconfiança, do medo e do ódio" . Precisamente por isso, devemos ter a coragem de "orientar as pessoas para processos de reconciliação".

O estilo da nossa comunicação, lê-se ainda na mensagem “deve  estar à altura de superar  a lógica que separa  nitidamente os pecadores dos justos”. Nós, esta é a sua convicção “podemos e devemos julgar a situação do pecado”, mas “não podemos julgar  as pessoas, porque só Deus  pode ler na profundidade do coração”. Deve-se admoestar quem erra, denunciando a maldade e a injustiça de certos comportamentos”, mas recordando-se sempre de que a verdade é Cristo, “cuja humilde misericórdia é a medida  da nossa maneira de anunciar a verdade e de condenar a injustiça”. Portanto (diz Francisco) a verdade deve ser afirmada “com amor”, porque só assim “se tocam os corações de nós pecadores”. “Palavras e gestos duros ou moralistas (adverte Francisco) correm o perigo  de afastar ulteriormente aqueles  que gostaríamos de levar à conversão e à  liberdade, reforçando  o seu sentido de  negação e de defesa”.

É fundamental escutar o outro, continua o Papa, sem presunção de omnipotência. Aqui Francisco mete o acento nas relações  na família,  para responder a quantos “pensam que uma sisão da sociedade radicada na misericórdia” seja “ idealista ou “ indulgente”. Os Pais nos amaram e nos apreciaram  mais pelo que somos do que pelas nossas capacidades e os nossos sucessos”. O Papa encoraja “a pensar  na sociedade humana”  precisamente como “uma família  onde  a porta  está sempre aberta e se procura acolher-se  mutuamente”. “Comunicar - evidencia a Mensagem -  significa partilhar, e a partilha supõe a escuta, e o acolhimento.

Também nas redes sociais, comunicar com misericórdia. Relativamente aos social network o Papa debruça-se sobre  a comunicação digital. Também o e-mail, o SMS, as redes sociais, o chat – diz Francisco – podem ser formas de comunicação completamente humanas. Para o Papa não é a tecnologia que determina se a comunicação é autêntica ou não, mas o coração do homem” e convida a fazer  com que os social network favoreçam as relações e não conduzam  “a uma ulterior polarização  e divisão  entre as pessoas”. (BS/MM)

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