30 abril, 2015

Tráfico humano: documento sobre o compromisso cristão

(RV) O Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes e a Caritas Internacional apresentaram, nesta quarta-feira dia 29 de abril em Roma, um documento intitulado “Compromisso cristão”, redigido juntamente com a rede ecuménica Coatnet.

O texto foi apresentado por esses organismos na sede da Caritas Internacional. A apresentação contou com a presença do Presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, Cardeal Antonio Mario Vegliò, e do Secretário-Geral da Caritas Internacional, Michel Roy.

O tráfico de seres humanos é o ponto central da declaração. Segundo estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), as vítimas desse comércio são cerca de dois milhões e quatrocentas mil pessoas. Privadas da sua dignidade, dos seus direitos civis e da sua liberdade são obrigadas, por meio de fraude, ao trabalho forçado, à exploração sexual e à submissão por causa de dívidas e outras formas de servidão.

É “a cultura da indiferença”, tal como a define o Papa Francisco, que causa a violência e os abusos. “Ela não é suficientemente combatida pelas autoridades, pela opinião pública, pelos educadores e pela Igreja”, pode-se ler no documento.

A declaração dá algumas indicações concretas para prevenir e consciencializar os grupos em risco, por exemplo, pessoas em busca de trabalho fora do seu país ou imigrantes irregulares. Segundo o documento, também se deve promover uma ação de consciencialização a professores, médicos, sacerdotes, enfermeiros, assistentes sociais e funcionários governamentais. (RS)

29 abril, 2015

Audiência: convidai Jesus para o vosso matrimónio

(RV) Quarta-feira, 29 de abril: o sol de Roma acolheu as dezenas de milhares de fiéis que saudaram o Papa Francisco para a audiência geral na Praça de S. Pedro. O Santo Padre propôs mais uma catequese sobre o matrimónio, partindo, desta vez, do episódio narrado por S. João: As bodas de Caná.

“Jesus não só participou naquele matrimónio, mas ‘salvou a festa’ com o milagre do vinho!”

O Papa recordou a catequese da semana anterior na na qual se referiu à obra-prima de Deus: o homem e a mulher, criados à imagem e semelhança de Deus. O Santo Padre reforçou, assim, a ideia de que a obra-prima da sociedade é a família.

No entanto, desde o tempo das Bodas de Caná, para as quais foi convidado Jesus, muita coisa mudou – considerou o Papa. Devemos interrogar-nos seriamente sobre as razões que levam tantos jovens a optar por não se casarem e preferem a convivência – afirmou o Santo Padre.

Porque não se casam? – perguntou o Papa.

Segundo o Papa Francisco, as dificuldades não são apenas de caráter económico, nem se ficam a dever – como querem alguns – à emancipação da mulher. Na realidade, quase todos os homens e mulheres sonham com uma segurança afetiva estável, um matrimónio sólido e uma família feliz. A família aparece mesmo no topo das preferências dos jovens – recordou o Santo Padre – mas, com medo de falir, muitos descartam-na; “e este medo de falir é talvez o maior obstáculo para aceitarem a palavra de Cristo, que promete a sua graça à união conjugal e à família.”

Em Caná, Jesus não só participou nas Bodas, mas salvou a festa com o milagre do vinho – salientou o Santo Padre que exortou os cristãos a não terem medo de convidar Jesus para as suas bodas e a testemunharem a alegria e a vida conjugal abençoada por Deus no matrimónio:

“O testemunho mais persuasivo da bênção do matrimónio cristão é a vida boa dos esposos cristãos e da família. Não há modo melhor para manifestar a beleza deste sacramento!”

O Papa Francisco referiu ainda que a semente cristã da radical igualdade entre os cônjuges deve hoje dar novos frutos. Por exemplo, os cristãos devem ser mais exigentes com a igualdade de retribuição para igual trabalho, entre homem e mulher. Ao mesmo tempo, deve ser reconhecida como uma riqueza a maternidade e a paternidade – acrescentou o Santo Padre que concluiu a sua catequese dizendo aos fiéis para não terem medo de convidar Jesus para as suas núpcias.

No final da catequese o Papa Francisco saudou também os peregrinos de língua portuguesa:

“Caros peregrinos de língua portuguesa, em particular os sacerdotes de Aracajú e os diversos grupos paroquiais do Brasil e de Portugal, sede bem-vindos! De coração vos saúdo a todos, confiando ao bom Deus a vossa vida e a dos vossos familiares. Rezai também vós por mim! Que as vossas famílias se reúnam diariamente para a reza do terço sob o olhar da Virgem Mãe, para que nelas não se esgote jamais o ‘vinho bom’ de Jesus!”

O Papa Francisco a todos deu a sua bênção! (RS)

Encíclica sobre temas ambientais será publicada em breve

(RV) A Encíclica do Papa Francisco sobre temas ambientais já está pronta e será publicada em finais de maio ou nos inícios de junho – quem o afirma é D. Marcelo Sánchez Sorondo chanceler da Academia Pontifícia das Ciências e da Academia Pontifícia das Ciências Sociais. Esta informação foi concedida em entrevista à RV nesta terça-feira, dia 28 de abril, à margem do Seminário organizado no Vaticano sobre o tema “Proteger a terra, enobrecer a humanidade. As dimensões morais das mudanças climáticas e do desenvolvimento sustentável”. Eis as declarações do prelado argentino D. Marcelo Sorondo:

 “O Papa disse na manhã desta terça-feira que a Encíclica está pronta, estão a fazer as traduções e, provavelmente, será publicada no final de maio ou início de junho.”

No Seminário sobre temas ambientais organizado pela Academia Pontifícia das Ciências em colaboração com a ONU e a Conferência das Religiões para a Paz, esteve presente o secretário-geral das Nações Unidas Ban Ki-moon, que teve um encontro privado com o Papa Francisco no qual expressou a sua gratidão pelo contributo do Santo Padre através da Encíclica que em breve será publicada. D. Sorondo referiu-se também a este aspeto:

“Ban Ki-moon está muito contente, naturalmente. De facto, este Encontro realiza-se para apoiar a Encíclica, oferecendo argumentos especificamente científicos que naturalmente a Encíclica não poderá dar porque tem um estilo pastoral. O homem é o guardião, no sentido que deve desenvolver a Criação num modo sustentável, como hoje dizemos. Isso já o dizia Paulo VI na “Populorum Progressio”. Isso significa inclusão social, uma agricultura que responda às necessidades reais da alimentação do povo e significa muitas outras coisas.”

No Seminário desta terça-feira no Vaticano participaram mais de 60 convidados especiais entre chefes de Estado, cientistas, empresários, diplomatas e líderes de várias religiões. Este acontecimento, muito desejado pelo Santo Padre, foi uma clara chamada de atenção para que a comunidade internacional chegue a um acordo concreto na Convenção do Clima de Paris, de dezembro próximo, para reduzir as emissões de gases causadores do efeito de estufa.

Até dezembro, em Paris, vão decorrer uma série de eventos destinados a definir um novo acordo climático global pós-2020, centrado na redução de emissões para limitar o aumento médio da temperatura.

As reflexões que o Papa Francisco vai apresentar na sua Encíclica serão um contributo concreto para que esse acordo leve em consideração aqueles que mais sofrem com as mudanças climáticas e que são os pobres. (RS)

Papa: vida cristã não é museu, o Espírito Santo renova tudo

(RV) Terça-feira, 28 de abril: na Missa em Santa Marta o Papa Francisco afirmou que a vida cristã não é um museu de recordações, pois o Espírito Santo tudo renova.

Inspirando-se na leitura dos Atos dos Apóstolos proposta pela liturgia deste dia, o Santo Padre destacou o quanto é fundamental na vida da Igreja abrir-se sempre ao Espírito Santo. Muitos, naquela época, ficavam inquietos ao saber que o Evangelho era anunciado aos pagãos. Os discípulos de Cristo começam a pregar não apenas aos judeus, mas também aos gregos, aos pagãos e um grande número deles acreditou e converteu-se ao Senhor.

Deus é surpresa – afirmou o Papa Francisco que sublinhou ser o Espírito Santo quem nos faz conhecer as novidades. Com a nossa inteligência não podemos ver a verdade – disse ainda o Santo Padre – “podemos estudar toda a História da Salvação, podemos estudar toda a Teologia, mas sem o Espírito Santo não podemos entender” – advertiu o Papa. Para o Espírito atuar na nossa vida é preciso rezar e estar abertos às surpresas e novidades do Espírito Santo – declarou o Santo Padre:

“… a Igreja vai em frente com essas surpresas, com essas novidades do Espírito Santo. É preciso discerni-las, e para discerni-las devemos rezar, pedir esta graça.”

A graça do discernimento vem da oração e traz-nos a coragem apostólica de sermos portadores de vida e não de um museu de recordações – disse o Papa na conclusão da sua homilia:

“E nesta Missa, vamos pedir essa coragem, essa coragem apostólica de ser portador de vida e não fazer da nossa vida cristã um museu de recordações.” (RS)

28 abril, 2015

A IDADE DA REFORMA E A VIDA NOVA





Ao chegar à idade e tempo da reforma, pus-me a pensar no que tal facto me dizia na minha relação com Deus.

Enquanto trabalhamos, (num trabalho fixo, porque os reformados nunca deixam de trabalhar), servimo-nos muitas vezes dessa situação para nos desculparmos interiormente com a falta de tempo para a oração, para um melhor conhecimento das coisa de Deus e da Igreja, para uma relação mais assídua e, portanto, fortalecida, com a família e com os outros.
Ora quem quer viver com Deus, segundo a vontade de Deus, sabe bem que Ele deve estar presente em todos os momentos e situações da vida, pelo que, quando nos desculpamos com a falta de tempo, estamos, mais coisa menos coisa, a dizer que a vida que Deus nos proporciona, é causa, afinal, da nossa falta de tempo para aquilo que verdadeiramente devemos fazer, segundo a sua vontade.

Claro que haveria muito a dizer sobre isto, mas o que me interessa agora é, em que medida, o tempo da reforma pode alterar tudo isto.
Logicamente, dispondo de mais tempo, por falta do trabalho fixo de condições exigentes e obrigatórias, podemos desaproveitar esse tempo nada fazendo, ou podemos aproveitá-lo então, para um maior e melhor tempo de oração, (ou seja de relação e diálogo com Deus), para ler, e quem sabe, frequentar alguma formação em Igreja, sobre Deus, a Doutrina, etc., para dar mais atenção à família, (sem o stress do trabalho diário que provoca, por vezes, incompreensões e discussões), tornando-a mais igreja doméstica, e também no serviço aos outros, que é sem dúvida serviço a Deus.

Então, e já que ainda há tão pouco tempo celebrámos a Páscoa, a Ressurreição, (que continuamos a celebrar durante 50 dias), podemos ver este tempo de reforma, como um tempo novo, na nossa vida.
E é assim curioso pensar, que o tempo de reforma, que aos olhos da sociedade é uma espécie de “fim de vida”, se pode tornar afinal numa vida nova, numa “ressurreição” para a vida, se realmente, mais livres do “mundo do trabalho”, e não só, nos aproximarmos mais de Deus, procurando ainda mais fazer a sua vontade, (em todas as circunstâncias da vida), sendo assim testemunhas do seu amor.

Quisera eu saber entregar-me assim e fazer aquilo que aqui escrevo, (para não ser «Tomás, faz o que ele diz, não faças o que ele faz»), e pela graça de Deus, dar uma vida nova à vida que Ele me deu.

Tudo e sempre para a sua glória!


Marinha Grande, 16 de Abril de 2015
Joaquim Mexia Alves

Nota: 
Texto da minha colaboração no "Grãos de Areia", Boletim Paroquial da Marinha Grande, do mês de Abril.