28 fevereiro, 2015

Papa às cooperativas italianas: globalizar a solidariedade


(RV) As cooperativas são inovadoras e criativas e promovem uma nova matemática em que 1+1 é igual a 3. Com estas palavras o Santo Padre encorajou as cooperativas a globalizarem a solidariedade.

Na manhã deste sábado dia 28 de fevereiro o Papa Francisco encontrou-se com os membros das cooperativas italianas que encheram totalmente a Sala Paulo VI. Presentes cooperadores de diferentes áreas de trabalho: agricultura, industria, comércio, pescas, área social, imobiliário e tantas outras. Em particular, foram apresentados testemunhos de cooperativas que, partindo de problemas sociais de difícil resolução, encontraram no método cooperativo a solução.

Nas palavras que lhes dirigiu o Papa Francisco frisou precisamente o método das cooperativas como sendo inovador e criativo, exortou-as a globalizarem a solidariedade e lançou cinco encorajamentos para a atividade das cooperativas:

Em primeiro lugar exortou-as a serem o motor de desenvolvimento das comunidades locais, criando novas cooperativas, criando novas possibilidades de trabalho nomeadamente para os jovens, as mulheres e os adultos que ficam sem emprego. O Santo Padre sublinhou o exemplo das empresas recuperadas.

Como segundo encorajamento o Papa referiu-se à função de ativar como protagonistas novas soluções de bem-estar sobretudo na área da saúde. O Santo Padre afirmou o dom da caridade colocando as pessoas e os mais necessitados sempre no centro. Apontou o princípio da subsidariedade que permite trabalhar colocando juntas as forças.

Terceira ideia lançada pelo Papa: a economia e a sua relação com a justiça social. O Santo Padre recordou que não basta criar riqueza para depois distribuir ou assumir o princípio da responsabilidade social em formato de marketing. O Papa sublinhou o valor do cooperativismo que permite que o sócio não seja somente um fornecedor ou utente mas um protagonista que cresce como pessoa em modo cooperativo no qual 1+1 são 3. Cooperar significa precisamente operar em conjunto para atingir um fim – declarou o Santo Padre.

Em quarto lugar o Papa Francisco encorajou as cooperativas para o seu papel de apoio às famílias pedindo-lhes que as apoiem procurando harmonizar o trabalho com a vida familiar. Em particular, citou o papel das mulheres para que se sintam realizadas e completamente livres e cada vez mais protagonistas.

Para fazer tudo isto é preciso dinheiro – declarou o Papa no seu último encorajamento às cooperativas – sublinhando que estas não foram fundadas por grandes capitalistas. O Santo Padre exortou os cooperadores a investirem bem nas soluções encontradas colocando em comum os meios e pagando justos salários. Recordou a expressão “o dinheiro é o esterco do diabo” que pode destruir o homem. Por isso, disse o Papa, não deve comandar o capital sobre as pessoas mas as pessoas sobre o capital.

No final da sua intervenção o Papa Francisco exortou as cooperativas a lutarem honradamente contra as manipulações do mercado. (RS)

P. Cantalamessa: encontrar Jesus que caminha ao nosso lado


(RV) Na primeira pregação da Quaresma na Capela Redemptoris Mater no Vaticano, o Padre Raniero Cantalamessa, Pregador da Casa da Pontifícia, afirmou, nesta sexta-feira, que o grande desafio de um cristão é encontrar Jesus que caminha ao seu lado. A conversão que nos pede Jesus não é um “tornar para trás” mas sim “fazer um salto em frente” – sublinhou ainda o padre capuchinho que dedicou a sua meditação à Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium” do Papa Francisco e considerou que nesta Quaresma devemos encher do Espirito Santo a nossa alma. Mas, tudo começa por um encontro pessoal com Cristo:

“A possibilidade de um tal encontro pessoal depende do facto que Jesus ressuscitado está vivo e deseja caminhar ao lado de cada crente assim realmente como caminhava ao lado dos seus discípulos de Emaús ao longo da viagem”

Para o Papa Francisco – continuou o Padre Raniero – o encontro pessoal não substitui o encontro eclesial, mas este, o encontro eclesial, deve ser livre e espontâneo e não por hábito ou uso. Neste âmbito são muito importantes os movimentos eclesiais e laicais que “são a ocasião para muitos leigos adultos de tomarem consciência do próprio batismo e de decidirem livremente a sua pertença”. Converter-se não é voltar para trás mas seguir em frente – afirmou o Pregador da Casa Pontifícia:

“Converter-se já não significa tornar para trás à aliança violada: significa fazer um salto em frente e entrar no Reino que apareceu gratuitamente por decisão de Deus no meio dos homens.”

O Padre Cantalamessa concluiu a sua pregação dizendo que neste tempo de Quaresma devemos encher a nossa alma com o Espírito Santo:

“E este tempo da Quaresma, veneráveis padres, irmãos e irmãs é o tempo mais adequado para a inspiração, para fazer fortes e grossas respirações do Espírito Santo através daquele pouco que podemos fazer, em modo que depois, quando vamos ao encontro dos outros – sem que reparemos – talvez, a nossa respiração, o nosso hálito perfuma um pouco de Jesus. Boa Quaresma a todos.” (RS)

27 fevereiro, 2015

Exercícios Espirituais: “verdadeira reforma” – Padre Fares


(RV) Sexto e último dia dos Exercícios espirituais do Papa e da Cúria Romana em Ariccia nos arredores de Roma. Tema do dia: “Recolher o manto de Elias: profetas da fraternidade”. O itinerário do dia começou com a concelebração eucarística, seguido do pequeno-almoço e da conclusão do retiro que o Padre Bruno Secondin orientou durante esta semana.

O Papa Francisco e os membros da Cúria regressaram ao Vaticano no final da manhã desta sexta-feira. Foi toda uma semana para refletir e rezar promovendo um confronto pessoal com a palavra de Deus vivendo os Exercícios Espirituais, que são, para um sacerdote, nomeadamente, os da Companhia de Jesus, algo constitutivo da sua missão. O Santo Padre é, como se sabe um sacerdote jesuíta e também o Padre Diego Fares é jesuíta e velho amigo de Jorge Bergoglio. A Rádio Vaticano entrevistou este sacerdote jesuíta argentino, que, atualmente, é membro do Colégio dos Escritores da revista “Civiltà Cattolica”. Registamos aqui as suas declarações sobre a importância dos Exercícios Espirituais:

“Esta é a verdadeira reforma! Fazer juntamente com outros os Exercícios é uma experiência espiritual muito forte. Partilha-se muito, mesmo se cada um faz os seus exercícios pessoalmente. Penso que para um grupo de colaboradores do Papa fazer os Exercícios com ele deve ser qualquer coisa de muito especial. Eu faria, com certeza! Mas não tive a coragem de pedir para ir… Isto é belo! O Papa pratica aquilo que na Companhia de Jesus chamamos de “governo espiritual”: é um estilo de governo que está atento não apenas àquilo que se deve fazer, mas a como se faz, com aquele espírito, e ad maiorem Dei gloriam. “Deve-se fazer as coisas com bom espírito” como diz Santo Inácio. E para este seu modo de governar, parece-me bom que os seus colaboradores façam os Exercícios de Santo Inácio, para compreendê-lo. Se o Papa Francisco consegue reformar a Cúria e a Igreja fará uma reforma, penso eu, que parte do interior, do coração, não será uma reforma de mudanças puramente exteriores.”

Recordemos que nesta sexta-feira foi iniciado o percurso de pregações quaresmais proposto pelo padre Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia. O tema deste ano é: “Dois pulmões, uma só respiração. Oriente e Ocidente unidos na profissão da mesma fé”. As pregações decorrem na Capela Redemptoris Mater no Vaticano em todas as sextas-feiras desta Quaresma. (RS)

26 fevereiro, 2015

Ariccia – Exercícios Espirituais seguem método da ‘lectio divina’


(RV) Quinto dia dos Exercícios Espirituais do Papa Francisco e da Cúria Romana que decorrem em Ariccia, nos arredores de Roma. O tema da meditação do dia é “Justiça e intercessão”. Da parte da manhã: “Não te deixarei a herança: testemunhos de justiça e solidariedade”, da parte da tarde: “Interceder pelo povo: profetas de fraternidade”.

Nestes Exercícios Espirituais o método adotado pelo pregador, o Padre carmelita Bruno Secondin, é o da “Lectio Divina”. Para compreender melhor o que significa esta prática, a Rádio Vaticano entrevistou um especialista, o prior da Comunidade monástica de Bose, Padre Enzo Bianchi, um dos primeiros a relançar a “Lectio Divina” nos anos 70. Eis um excerto das suas declarações:

“Em primeiro lugar, a ‘Lectio divina’ è um método de rezar a Palavra contida nas Sagradas Escrituras. É um método que remonta aos Padres da Igreja, mas que teve o seu ápice na Idade Média com os monges cistercienses e cartuxos, a ‘Página Sagrada’. Foi então que Guido o Cartuxo na “Scala Claustralium’ definiu o método. É muito simples. É um método em que se preveem quatro momentos. Em primeiro lugar, a leitura do texto da Escritura e uma compreensão do texto a partir do modo como ele pode ser lido, como diz. Um segundo momento é dado pela meditação: trata-se de buscar no texto, eventualmente, de ajudar-nos com comentários, ou mesmo buscando trechos paralelos dentro da Escritura. O terceiro elemento é a oração: deixar-se inspirar pelo trecho lido para poder rezar. Se no trecho encontramos Jesus que perdoa a adúltera, é uma oração de pedido de misericórdia pelos pecados. Se Jesus nos dá o pão de seu corpo, é uma oração a fim de que possamos participar da mesa eucarística. Em suma, é justamente neste caso que a Escritura determina as intenções da nossa oração. E o último momento, que pode parecer o mais difícil – chama-se contemplação –, é nada mais que buscar, após esta leitura, esta meditação e esta oração, ver a realidade do mundo com os olhos de Deus. A contemplação é o olhar de Deus: é o sentimento de Cristo sobre as coisas e é certamente o fruto dos primeiros três momentos da ‘Lectio divina’.”

“Quando propus a ‘Lectio divina’ no início dos anos 70 parecia uma proposta fora do comum. A ‘Lectio divina’ já não era conhecida e foi então que iniciei aquele método. Mas logo de seguida João Paulo II, no final dos anos 90, depois Bento XVI e, mas tarde o Papa Francisco recomendaram a todos que a adotassem, porque é a maneira com a qual a Palavra de Deus se torna nosso alimento. É a maneira com a qual o Evangelho nos plasma, nos transforma, nos converte. Creio que se cada um, mesmo a pessoa mais simples, aquela que trabalha no mundo, a faz por dez, quinze minutos, por um tempo mínimo, vê que a sua vida muda dia após dia porque é plasmada pela Palavra. Somente se temos essa escuta assídua, alimentamos a fé, tornamo-nos cristãos maduros, cristãos com a estatura de Cristo, como diz Paulo, tendo em nós, sobretudo, os seus mesmos sentimentos.” (RS)

P. Lombardi esclarece uma expressão utilizada pelo Papa


(RV) O Padre Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, prestou esclarecimentos sobre a expressão “evitar a mexicanização” usada pelo Papa Francisco num email privado e informal, em resposta a um amigo argentino muito comprometido na luta contra as drogas.
 
A Secretaria de Estado do Vaticano entregou uma nota informativa ao embaixador do México junto da Santa Sé na qual esclarece, que com a expressão “evitar a mexicanização” o Papa não tinha a intenção, absolutamente, de ferir os sentimentos do povo mexicano, que ama muito, nem ignorar o compromisso do Governo mexicano no combate ao tráfico de drogas.

A nota destaca que, evidentemente, o Papa não tinha outra intenção que não fosse a de chamar a atenção para a gravidade do fenómeno do tráfico de drogas que afeta o México e outros países da América Latina. E precisamente por causa dessa gravidade, a luta contra o tráfico de drogas é uma prioridade do Governo; para contrastar a violência e dar novamente paz e serenidade às famílias mexicanas, combatendo as causas que estão na origem desta chaga.

Trata-se de um fenómeno, como outros na América Latina, para os quais em várias ocasiões, também nos encontros com os bispos, o Santo Padre chamou a atenção para a necessidade de se adotar, a todos os níveis, políticas de cooperação e de consulta. (RS)