06 setembro, 2015

Abertura e acolhimento - pilares da reflexão e apelos do Papa no Angelus



(RV) Perante o drama dos refugiados a que estamos a assistir nestes dias, o Papa Francisco convidou paróquias, comunidades religiosas, santuários de toda Europa a fazer um gesto concreto de Misericórdia, acolhendo uma família de refugiados. Um gesto que as duas paróquias do Vaticano também vão realizar, assegurou Francisco.

Nas palavras depois da Oração mariana do Angelus o Papa encorajou a reunião de bispos da Colombia e Venezuela sobre a crise fronteiriça entre os dois países e convidou os dois povos a rezaram para que se saida dessa situação dificil. 

O Pontífice exprimiu também o desejo de que os Jogos Africanos, iniciados há dois dias em Brazzaville, contribuam para a paz e a fraternidade entre os Países da África. 

E não deixou de recordar a beatificação ontem na Espanha de três religiosas, assassinadas pela sua fidelidade à Cristo e à sua Igreja.

Já nas reflexões antes do Angelus, seguindo o milagre de Jesus em relação ao surdo-mudo, o Papa falou da comunicação entre Deus e Humanidade e entre os membros dessa Humanidade, convidando à abertura em relação ao outro. 

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Efatá, abre-te, este o leitmotiv da reflexão tecida neste domingo por ocasião da oração mariana do Angelus da janela do Palácio Apostólico que dá para a Praça de São Pedro. Comentando o Evangelho de São Marcos que fala da cura do surdo-mudo por Jesus, no território pagão de Decápole, o Papa recordou que esse surdo-mudo foi levado a Jesus, o que significa que temos de percorrer um caminho em direcção à fé. Outro símbolo expresso nesse surdo-mudo é que a surdez impede ouvir não só as pessoas, mas também a Palavra de Deus, pois que a fé nasce da pregação. Mais: Jesus manda afastar o surdo da multidão, primeiro porque não quer publicidade do milagre que está para realizar e, depois, porque não quer que a sua palavra seja encoberta pelo barulho do ambiente circunstante. É que:

 “A Palavra de Deus que Cristo nos transmite precisa de silêncio para ser acolhida como Palavra que cura, que reconcilia e restabelece a comunicação”.

O Papa chama depois a atenção para dois gestos realizados por Jesus: Ele toca as orelhas e a língua do surdo-mudo – um gesto que visa restabelecer a comunicação, o contacto, e dado que o milagre vem do Pai, Jesus eleva os olhos ao céu e ordena: “Abre-te”. O surdo passa então a ouvir e  a falar.

O ensinamento que tiramos deste episódio da vida de Jesus – disse o Papa – é que “Deus não está fechado em si mesmo, mas abre-se e põe-se em comunicação com a humanidade” .
A sua imensa misericórdia leva-O a vir ao nosso encontro, a comunicar connosco, a tornar-se presente em nós através do seu Filho feito homem, a Palavra que se faz carne.

“Jesus é um grande “construtor de pontes”, que constrói a grande ponte da comunhão plena com o Pai”.

Este Evangelho fala também a nós hoje – frisou o Papa. Com efeito, muitas vezes nos fechamos em nós mesmos, criamos ilhas inacessíveis e inóspitas, e nem sequer as relações humanas mais elementares encontram espaço… casais, famílias, grupos, paróquias pátrias… fechados…

No entanto - prosseguiu Francisco - o Baptismo, origem da nossa vida cristã, representa precisamente esse gesto e palavra de Jesus: abre-te. Através disso somos inseridos na grande família da Igreja, podemos ouvir Deus que nos fala e comunicar a sua Palavra.

E o Papa concluiu convidando a invocar Nossa Senhora, mulher da escuta e do testemunho alegre, para que nos apoie no empenho de professar a nossa fé e de comunicar as maravilhas do Senhor a quantos passam pelo nosso caminho.

Depois das reza das Avé-Marias, o Papa lançou um amplo apelo ao acolhimento dos migrantes e refugiados, nas famílias, paróquias e conventos da Europa.

Dando o exemplo de Madre Teresa, cujo aniversario da morte celebramos ontem, o Papa recordou que a Misericórdia de Deus se reconhece nas nossas obras. Por isso, perante a tragédia de dezenas de milhares de refugiados que fogem da morte devido à guerra e à fome, é preciso fazer-se próximo e dar-lhes uma esperança concreta. Não basta dizer “coragem paciência”. A esperança é combativa… Daí que em jeito de preparação de forma concreta para o Ano Santo da Misericórdia, o Papa tenha lançado o pelo às paróquias, comunidades religiosas, mosteiros e santuários de toda a Europa a exprimirem o carácter concreto do Evangelho, acolhendo uma família de refugiados.

“Cada paróquia, cada comunidade religiosa, cada mosteiro, cada santuário da Europa hóspede uma família, a começar pela minha Diocese de Roma.”

O Papa dirigiu-se depois a todos os seus “irmãos Bispos da Europa, verdadeiros pastores, a fim de que nas suas dioceses apoiem este seu apelo, recordando a todos que a Misericórdia é o segundo nome do Amor:

“Tudo o que fizestes a um só destes meus irmãos mais pequenos, a mim o fizestes”.
O Papa terminou este premente apelo fazendo saber que:

 “Também as duas paróquias do Vaticano vão acolher nestes dias duas famílias de refugiados”.
A seguir o Papa falou em espanhol  da situação entre a Venezuela e a Colômbia, dizendo que nestes dias os bispos destes dois países reuniram-se para examinar juntos a dolorosa situação que se criou na fronteira entre os dois Países.

“Vejo nisto um claro sinal de esperança. Convido todos, de modo particular os amados povos venezuelano e colombiano, a rezar para que, com um espírito de solidariedade e fraternidade, se possam superar as actuais dificuldades”.

De seguida, o Papa Francisco lembrou que ontem, em Gerona, na Espanha foram beatificadas três irmãs – Fidélia Oller, Josefa Monrabal e Faconda Margenat – religiosas do Instituto das Irmãs de São José de Gerona, assassinadas pela sua fidelidade a Cristo e à Igreja.

“Não obstante as ameaças e intimidações, estas mulheres permaneceram corajosamente nos seus lugares para assistir doentes, confiando em Deus. A seu heróico testemunho, até à efusão do sangue, dê força e esperança a quantos hoje são perseguidos devido à própria fé cristã. E como sabemos são muitos.”

O Papa lembrou também que há dois dias iniciaram em Brazzaville, capital da República do Congo, a décima-primeira edição dos Jogos Africanos, em que participam milhares de atletas de todo o Continente.

“Exprimo o desejo de que esta grande festa do desporto contribua para a paz, a fraternidade e o desenvolvimento de todos os Países da África. Saúdo, saudemos essa décima –primeira edição dos jogos africanos”.

Francisco concluiu sandando os diversos grupos presentes na Praça e os peregrinos de várias partes da Itália e do mundo, a todos desejando bom domingo, bom almoço e pedindo para que não nos esqueçamos de rezar por ele.  (DA)

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