28 fevereiro, 2014

Que os jovens se sintam em casa na Igreja: Papa à Comissão para a América Latina


RV) “A Igreja quer imitar Jesus ao abordar os jovens”. (Ela) “está convencida de que o melhor Mestre para os jovens é Jesus Cristo” – sublinhou o Papa Francisco, recebendo, nesta sexta ao meio-dia, no Vaticano, os membros da Comissão Pontifícia para a América Latina, na conclusão da sua assembleia anual, consagrada em grande parte a uma reflexão sobre a JMJ do Rio de Janeiro, de julho passado.
Partindo do episódio do jovem rico, que se encontrou com Jesus, o Santo Padre referiu três momentos e atitudes, na relação da Igreja e dos seus pastores com os jovens de hoje, a começar pelo acolhimento:
“O acolhimento: é este o primeiro gesto de Jesus e também o nosso”. “Cristo deteve-se com aquele jovem, olhou-o com afeto, com muito amor: é o abraço da caridade sem condições”.
“Depois, Jesus entabulou um diálogo franco e cordial com aquele jovem.” Jesus escutou as suas inquietações e clarificou-as à luz da Sagrada Escritura… não começa por condenar, não tem preconceitos.
“os jovens têm que sentir-se em casa na Igreja.” Há que abrir-lhes as portas, mais ainda – há que sair à busca deles… dando-lhes espaço para que se sintam escutados.
“Finalmente, Jesus convida aquele jovem a segui-Lo”. “Cristo – observou o Papa - não é um personagem de romance, é uma pessoa viva que quer partilhar esse desejo irrenunciável que eles (os jovens) têm de vida, de compromisso, de entrega”.
“A Igreja na América Latina não pode dispersar o tesouro da sua juventude , com todas as suas potencialidades para o crescimento da sociedade, com as suas grandes aspirações a forjar uma grande família de irmãos reconciliados no amor”.
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Para além da Comissão para a América Latina, o Santo Padre recebeu nesta manhã, em audiências sucessivas, mais catorze bispos espanhóis, das províncias eclesiásticas de Madrid e Valência, liderados pelos respectivos arcebispos metropolitas, o cardeal Rouco Varela e D. Carlos Sierra.
Ainda nesta sexta-feira, ao fim da tarde, o Papa Francisco desloca-se ao Seminário Maior de Roma, junto à basílica de São João de Latrão, por ocasião da festa da padroeira, Nossa Senhora da Confiança.

A armadilha da casuística – o Papa falou sobre o amor matrimonial na missa em Santa Marta

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(RV) or trás da casuística está sempre uma armadilha contra nós e contra Deus – esta a mensagem do Papa Francisco na homilia em Santa Marta nesta sexta-feira em que o Evangelho de S. Marcos nos propõe a pergunta ardilosa dos fariseus a Jesus sobre o divórcio. Segundo o Santo Padre eles procuravam através de um pequeno caso criar uma armadilha a Jesus:

“Sempre o pequeno caso. E esta é a armadilha: por trás da casuística, por trás do pensamento casuístico, sempre há uma armadilha. Sempre! Contra a gente, contra nós e contra Deus, sempre! Mas é lícito fazer isto? Repudiar a própria mulher? E Jesus respondeu, perguntando-lhes o que dizia a lei e explicando porque Moisés fez aquela lei assim. Mas não pára ali: da casuística vai ao centro do problema e aqui vai mesmo aos dias da Criação. É tão bela aquela referência do Senhor: ‘Desde o início da Criação, Deus fê-los homem e mulher, por isto o homem deixará o seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher e os dois serão uma só carne. Assim, não dois, mas uma só carne’.”


O Papa Francisco desenvolveu, assim, a sua homilia falando sobre a beleza do matrimónio considerando que, mesmo quando este tem problemas, deve ser acompanhado e nunca condenado. E recordou a obra-prima da Criação: o homem e a mulher que devem ser uma só carne:

“O Senhor toma este amor da obra-prima da Criação para explicar o amor que tem com o seu povo. É um passo a mais: quando Paulo tem necessidade de explicar o mistério de Cristo, fá-lo também em relação e em referência à sua Esposa: porque Cristo é casado, Cristo é casado, casou com a sua Igreja, o seu povo. Como o Pai tinha casado com o povo de Israel, Cristo casou com o seu povo. Esta é a história do amor, esta é a história da obra-prima da Criação! E perante este percurso de amor, perante este ícone, a casuística cai e torna-se em dor. Mas quando este deixar o pai a a mãe e unir-se a uma mulher, faz-se uma só carne e irá em frente e se este amor entra em falência, devemos sentir a dor da falência, acompanhar aquelas pessoas que tiveram esta falência no próprio amor. Não condenar! Caminhar com eles! E não fazer casuística com a situação deles.” (RS)

27 fevereiro, 2014

Colocar-se na perspectiva de Cristo para a escolha dos Bispos, acima de preferências, simpatias, pertenças ou tendências: Papa Francisco à Congregação dos Bispos

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(RV) “Não existe um Bispo standard para todas as Igrejas. É Cristo que conhece a singularidade do Pastor que cada Igreja requer para que responda ás suas necessidades e a ajude a realizar as suas potencialidades. O desafio que se nos põe é o de entrar na perspectiva de Cristo, tendo em conta a singularidade das Igrejas particulares” – palavras do Papa Francisco, numa extensa e vigorosa intervenção, nesta quinta de manhã, dirigindo-se à Congregação dos Bispos. O Santo Padre teceu considerações sobre “o essencial da missão (desta) Congregação” a que está confiada a escolha dos Bispos. Insistiu que é o horizonte de Deus que determina esta missão.

“Não podemos contentar-nos com medidas baixas – insistiu. Temos que nos elevarmos para além e acima das nossas eventuais preferências, simpatias, pertenças ou tendências, para entrarmos na vastidão do horizonte de Deus”. É Deus, soberano, que escolhe os Pastores da Igreja. Trata-se de tudo fazer para discernir os candidatos que correspondem à vontade de Deus.
Ponto obrigatório de referência é a Igreja Apostólica e os critérios seguidos nos primeiros tempos para a escolha dos sucessores dos Apóstolos – sublinhou o Papa, que evocou diversos tipos e as qualidades fundamentais dos Bispos: testemunhas do Ressuscitado, kerigmáticos, orantes, pastores. “Não padrões da Palavra, mas servos da Palavra - clamou.

“O Concílio Vaticano II afirma que aos Bispos é ‘plenamente confiado o múnus pastoral, ou seja, o assíduo e quotidiano cuidado do rebanho” (LG 27). É preciso determo-nos mais sobre estes dois qualificativos do cuidado do rebanho: assídua e quotidiana” – insistiu o Papa Francisco.

Os cristãos incoerentes são um escândalo que mata – o Papa na missa em Santa Marta

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(RV) O cristão incoerente dá escândalo e o escândalo mata – estas as palavras muito fortes do Papa Francisco, pronunciadas nesta quinta-feira na missa em Santa Marta. Tomando como primeiro estímulo da sua homilia um crisma administrado durante a Missa, o Santo Padre afirmou que quem recebe este sacramento manifesta a sua vontade de ser cristão. Quem pensa como cristão deve agir como cristão e apontou a leitura da Carta de S. Tiago:

Ouvimos o Apóstolo Tiago que diz a alguns incoerentes, que se envaideciam de serem cristãos, mas exploravam os seus trabalhadores e diz assim: ‘Olhai que o salário que não pagastes aos trabalhadores que ceifaram os vossos campos está a clamar; e os clamores dos ceifeiros chegaram aos ouvidos do Senhor do universo!’ É forte o Senhor.”

Quem ouve isto até pode pensar que o disse um comunista. Não disse-o o Apóstolo Tiago! É Palavra do Senhor. É a incoerência. E quando não há coerência cristã e se vive com esta incoerência, faz-se o escândalo. E os cristãos que não são coerentes fazem escândalo.

Este escândalo de que fala o Papa Francisco começa, desde logo, no tipo de atitude que um cristão deve ter para com os outros: acolher e testemunhar o amor de Deus. E tal como S. Francisco que disse para pregarmos o Evangelho em todo o tempo, se necessário também com as palavras, o Papa Francisco, sem se referir ao “pobrezinho de Assis” concretizou com um exemplo muito parecido e definidor da atitude de coerência que deve ter um cristão:

Se tu te encontras – imaginemos – perante um ateu e ele diz-te que não crê em Deus, tu podes ler—lhe toda uma biblioteca, onde diz que Deus existe e mesmo provar que Deus existe, mas ele não terá fé. Mas se perante este ateu tu dás testemunho de coerência de vida cristã, alguma coisa começará a trabalhar no seu coração. Será precisamente o teu testemunho aquilo que o levará a esta inquietude, sobre a qual trabalha o Espírito Santo. É uma graça que todos nós, toda a Igreja deve pedir: ‘Senhor, que sejamos coerentes’.” (RS)

26 fevereiro, 2014

Unção dos Enfermos: presença de Jesus na doença e velhice – Papa na audiência geral. Apelo à reconciliação na Venezuela

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(RV) Na audiência geral desta quarta-feira o Papa Francisco propôs uma catequese sobre o Sacramento da Unção dos Enfermos. Um sacramento que nos fala da compaixão de Deus pelo homem no momento da doença e da velhice.

Há um ícone bíblico que exprime em toda a sua profundidade o mistério que transparece na Unção dos Enfermos: é a parábola do bom samaritano no Evangelho de Lucas.

A parábola do “bom samaritano” oferece-nos uma imagem desse mistério – afirmou o Papa Francisco - o bom samaritano cuida de um homem ferido, derramando sobre as suas feridas óleo e vinho, recordando o óleo dos enfermos. Em seguida, sem olhar a gastos, confia o homem ferido aos cuidados do dono de uma pensão: este representa a Igreja, a quem Jesus confia os atribulados no corpo ou no espírito.

Este mandato é repetido em modo explícito e preciso na Carta de Tiago, onde recomenda que: ‘Quem está doente, chame para si o presbítero da Igreja e esse reze por ele, ungindo-o com o óleo no nome do Senhor. A oração feita com fé salvará o doente: o Senhor o aliviará e os seus pecados serão perdoados’.”

Também a Carta de S. Tiago – continuou o Santo Padre - recomenda que os doentes chamem os presbíteros, para que rezem por eles ungindo-os com o óleo. De fato, Jesus ensinou aos seus discípulos a mesma predileção que Ele tinha pelos doentes e atribulados, difundindo alívio e paz. O problema – considerou ainda o Santo Padre - é que cada vez menos se pede para celebrar este Sacramento.

Há um pouco a ideia que depois da visita do sacerdote a um doente chega o caixão da funerária

Segundo o Papa em muitas famílias cristãs chegou-se a uma situação em que, debaixo do influxo da cultura e da sensibilidade moderna, considera-se o sofrimento e a própria morte como um tabú, como algo que se deve esconder e falar o menos possível. Assim – considerou ainda o Santo Padre - é preciso lembrar a todos aqueles que consideram o sofrimento e a morte como um tabu, que, na unção dos enfermos, Jesus nos mostra que pertencemos a Ele e que nem a doença, nem a morte, poderão separar-nos d’Ele.

No final da catequese o Papa Francisco, nas saudações, dirigiu-se também aos peregrinos de língua portuguesa:

Queridos peregrinos de língua portuguesa: sede bem-vindos! Em cada um dos sacramentos da Igreja, Jesus está presente e nos faz participar da sua vida e da sua misericórdia. Procurem conhecê-Lo sempre mais, para poderem servi-Lo nos irmãos, especialmente nos doentes. Sobre vós e sobre as vossas comunidades, desça a benção do Senhor!

No final da audiência o Papa Francisco fez um apelo para a paz e reconciliação nacional na Venezuela:

Sigo com particular apreensão o que está a acontecer nestes dias na Venezuela. Desejo vivamente que acabem o mais depressa possível as violências e as hostilidades e que todo o povo venezuelano, a partir dos responsáveis políticos e institucionais, favoreçam a reconciliação nacional, através do perdão recíproco e de um diálogo sincero, respeitoso da verdade e da justiça, capaz de enfrentar temas concretos para o bem comum. Ao mesmo tempo asseguro a minha constante oração, em particular, para todos quantos perderam a vida nos confrontos e pelas suas famílias, convido todos os crentes a elevar súplicas a Deus, pela materna intercessão de Nossa Senhora de Coromoto, por forma a que o país reencontre prontamente paz e concórdia.”

O Papa Francisco a todos deu a sua benção! (RS)



25 fevereiro, 2014

TEMPO DA IGREJA, TEMPO DO ESPÍRITO SANTO

 
 
Ouço e leio tanta gente que quer à viva força interpretar as palavras, o pensamento do Papa Francisco, muito especialmente sobre a Família, em todas as suas situações.

E no meio de todos os que, avidamente, ouvem as suas palavras e vêem os seus gestos, há aqueles que querem, “excitadamente”, que o Papa Francisco diga exactamente aquilo que eles desejam, seja porque razão for, mas a maior parte das vezes para resolver os seus próprios problemas ou para encontrar apoio para as suas opiniões, faladas e/ou escritas, tantas vezes em desacordo com a Doutrina da Igreja.
E já dão como certo que será assim ou assado, conforme aquilo em que querem acreditar, julgando talvez que com tal posição podem pressionar, interferir, em alguma decisão que possa vir a ser tomada nesse campo da Doutrina sobre a Família.

E, como sempre, perfilam-se alguns considerando-se “vencedores”, não se percebe bem de quê, perante outros, que esses mesmos considerarão “vencidos”, num jogo de em que sobressaem palavras como “conservadores” e “progressistas”.

E eu, confesso humildemente, que não entendo isto!

Alguma vez até agora o Papa Francisco disse algo que não fosse completamente de acordo com a Doutrina da Igreja?
Não penso nas interpretações que alguns fazem, naquilo que cada um julga ouvir ou quer entender, mas tão só nas reais palavras do Papa.

Muitas coisas a Igreja nos ensina e uma delas, sem dúvida, é a paciência que é necessário ter para tomar decisões que impliquem mudanças, no conteúdo e/ou na forma.
Sinceramente, alguém espera que o Papa Francisco ou qualquer outro Papa, anuncie qualquer mudança, sem um estudo ponderado, sem ouvir o Magistério da Igreja, sem uma profunda reflexão orada e meditada?

Por mim, serenamente, ouço, vejo, guardo no coração, e espero, confiando que se houver decisões a tomar, se houver mudanças, sejam elas quais forem, estará sempre “por detrás” o Espírito Santo que ilumina e conduz a Igreja.
E é precisamente essa certeza que me acalma, que me tranquiliza, que me edifica e me faz desde já dar graças ao Senhor por tudo o que vier a ser feito, mudando ou mantendo, pois tudo será para a glória de Deus e assim sendo, só poderá ser bom para o homem.

Com o mesmo amor e a mesma alegria, aceitarei de coração aberto tudo o que a Igreja, pela voz do Papa Francisco, me disser, no tempo próprio da Igreja, que é o tempo do Espírito Santo.



Marinha Grande, 25 de Fevereiro de 2014
Joaquim Mexia Alves

Carta às famílias: Papa Francisco pede orações para o próximo Sinodo dos Bispos sobre a Família


(RV) Foi hoje tornada pública uma Carta do Papa às famílias do mundo inteiro, para lhes falar do próximo Sínodo extraordinário dos Bispos que terá por tema “os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização” e pedir-lhes oração para o seu bom êxito. Este importante encontro – escreve o Papa – “envolve todo o Povo de Deus: Bispos, sacerdotes, pessoas consagradas e fiéis leigos das Igrejas particulares do mundo inteiro, que participam activamente, na sua preparação, com sugestões concretas e com a ajuda indispensável da oração”. O apoio da oração – prossegueo Pontífice – “é muito necessário e significativo” para esta Assembleia sinodal que “é dedicada de modo especial a vós, à vossa vocação e missão na Igreja e na sociedade, aos problemas do matrimónio, da vida familiar, da educação dos filhos, e ao papel das famílias na missão da Igreja” - frisa o Papa pedindo às “caras famílias” para invocarem “intensamente o Espírito Santo a fim de que ilumine os Padres sinodais e os guie na sua exigente tarefa”.

O Papa recorda às famílias, que a esta Assembleia sinodal extraordinária, seguir-se-á, um ano depois, uma outra sobre o mesmo tema da família e o Encontro Mundial das Famílias agendado para Setembro de 2015 em Filadélfia, Estados Unidos.

E mais uma vez, Francisco pede orações para que “a Igreja realize através desses acontecimentos, um verdadeiro caminho de discernimento e adopte os meios pastorais adequados para ajudarem as famílias a enfrentar os desafios actuais com a luz e a força que provêm do Evangelho”.

Dizendo ter escrito esta Carta no dia em que Jesus era apresentado no Templo (domingo 2 de Fevereiro), o Papa sublinha que por causa desse Menino um casal jovem de pais (José e Maria) e duas pessoas idosas (Simeão e Ana) se reuniram. Jesus faz, portanto, com que “as gerações se encontrem e unam! Ele é a fonte inesgotável daquele amor que vence todo o isolamento, toda a solidão, toda a tristeza”.
E o Papa conclui recordando mais uma vez às famílias que a sua “oração pelo Sínodo dos Bispos será um tesouro precioso que enriquecerá a Igreja”. Agradece e pede que rezem também por ele, “para que possa servir o povo de Deus na verdade e na caridade”.

Crianças esfomeadas nos campos de refugiados enquanto os fabricantes de armas vivem em festas – o Papa em Santa Marta

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(RV) Crianças esfomeadas nos campos de refugiados enquanto os fabricantes de armas vivem em festas – esta a frase forte e sem rodeios do Papa Francisco pronunciada na homilia desta terça-feira na missa em Santa Marta. Partindo da Leitura da Carta de S. Tiago onde logo no início se lê a pergunta:
De onde vêm as guerras e as lutas que há entre vós? – o Santo Padre evidenciou que quando os corações se distanciam nasce a guerra:

E os mortos parecem fazer parte de uma contabilidade quotidiana. Somos habituados a ler estas coisas! E se nós tivéssemos a paciência de elencar todas as guerras que neste momento existem no mundo, seguramente teríamos muitos papeis escritos. Parece que o espírito da guerra se esteja a apoderar de nós. Comemora-se o centenário de uma Grande Guerra, tantos milhões de mortos... E todos escandalizados! Mas hoje em dia é igual! Em vez de uma grande guerra, pequenas guerras por todo o lado, povos divididos... E para conservar o próprio interesse matam-se, matam-se uns aos outros.”

Pensai nas crianças esfomeadas nos campos de refugiados... Pensai nisto apenas: isto é o fruto da guerra! E se quereis pensai nos grandes salões, nas festas que fazem aqueles que são os patrões das industrias das armas, que fabricam as armas. A criança esfomeada, doente, esfomeada, um campo de refugiados e as grandes festas, a boa vida que fazem aqueles que fabricam as armas.

O Papa Francisco afirmou ainda que este espírito de guerra, que nos afasta de Deus, também está na nossa casa onde, muitas vezes, não se encontra o caminho da paz e prefere-se a guerra:

Quantas famílias destruídas porque o pai, a mãe não são capazes de encontrar o caminho da paz e preferem a guerra... As guerras destroem! ‘De onde vêm as guerras e as lutas que há entre vós? Não virão das vossas paixões?’ Eu proponho-vos hoje de rezar pela paz, por aquela paz que apenas parece ter-se transformado numa palavra, nada mais. Para que esta palavra tenha a capacidade de agir, sigamos o conselho do Apóstolo Tiago: ‘Reconhecei a vossa miséria!
(RS)

23 fevereiro, 2014

"O Cardeal entra na Igreja de Roma, não entra numa corte" - Papa aos novos Cardeais

 
(RV) Na manhã deste domingo, 23 de Fevereiro, o Papa Francisco presidiu à missa concelebrada com os novos Cardeais criados sábado no primeiro Consistório do seu pontificado. Foi na Basílica de São Pedro.

A vossa ajuda, Pai misericordioso, sempre nos torne atentos à voz do Espírito

Foi desta oração da Colecta que o Papa partiu para a sua homilia, em que se dirigiu de modo particular aos novos Cardeais, convidando-os a escutar a voz do Espírito que fala através das Escrituras proclamadas na missa deste domingo. Leituras que apelam à santidade e à perfeição, como Santo é Senhor, como perfeito é o Pai Celeste.

Santidade e perfeição que – disse o Papa – “interpelam-nos a todos nós, discípulos do Senhor; e hoje são dirigidas especialmente a mim e a vós, discípulos do Senhor, mas de modo particular a vós, queridos Irmãos que ontem começastes a fazer parte do Colégio Cardinalício.”

O Papa prosseguiu dizendo que “imitar a santidade e a perfeição de Deus pode parecer uma meta inatingível”, mas recordou que as leituras deste domingo oferecem exemplos concretos e que sem a ajuda do Espírito Santo tudo seria vão, pois a santidade cristã é antes de mais fruto da docilidade – deliberada e cultivada - ao Espírito de Deus.

Detendo-se depois sobre a leitura do Evangelho em que São Mateus nos fala de santidade através de algumas antíteses entre a justiça imperfeita dos escribas e fariseus e a justiça superior do Reino de Deus, o Papa Francisco pôs em evidência duas dessas antíteses: a vingança e os inimigos. A este respeito recordou que não só não devemos restituir ao outro o mal que nos fez, como devemos esforçar-nos por fazer o bem magnanimamente e que devemos amar e orar pelos nossos inimigos. É isto que Jesus pede a quem quer segui-Lo. Ele não veio para nos ensinar as boas maneiras e cortesias, mas sim para nos mostrar o caminho…

Cristo veio para nos salvar, para nos mostrar o caminho, o único caminho de saída das areias movediças do pecado, e este caminho é a misericórdia. Ser santo não é um luxo, é necessário para a salvação do mundo.”

Dirigindo-se depois aos “Queridos Irmãos Cardeais”, o Papa recordou-lhes que o Senhor e a Mãe da Igreja pedem-lhes ardor e zelo no testemunho da santidade. É neste suplemento de alma que consiste a santidade dum Cardeal – disse acrescentando:

Por conseguinte, amemos aqueles que nos são hostis; abençoemos quem fala mal de nós; saudemos com um sorriso a quem talvez não mereça; não aspiremos a fazer-nos valer, mas oponhamos a mansidão à prepotência; esqueçamos as humilhações sofridas. Deixemo-nos guiar pelo Espírito de Cristo: Ele santificou-se a si próprio na cruz, para podermos ser “canais” por onde corre a sua caridade. Este é o comportamento, esta é a conduta de um Cardeal. O Cardeal entra na Igreja de Roma, não entra numa corte. Evitemos todos – e ajudemo-nos mutuamente a evitar – hábitos e comportamentos de corte: intrigas, críticas, facções, favoritismos, preferência. A nossa linguagem seja a do Evangelho: “sim, sim; não, não”; as nossas atitudes, as das bem-aventuranças; e o nosso caminho, o da santidade

O Papa passou depois a citar São Paulo que nos recorda que o Templo de Deus é Santo.

Neste Templo que somos nós, celebra-se uma liturgia existencial: a da bondade, do perdão, do serviço: numa palavra, a liturgia do amor. Este nosso templo fica de certo modo profanado, quando descuidamos os deveres para com o próximo: quando no nosso coração encontra lugar o menor dos nossos irmãos é o próprio Deus que aí encontra lugar; e, quando se deixa fora aquele irmão, é o próprio Deus que não é acolhido. Um coração vazio de amor é como uma igreja dessacralizada, subtraída ao serviço de Deus e destinada a outro fim”.

O Papa Francisco concluiu a sua homilia, com esta exortação:

Queridos Irmãos Cardeais, permaneçamos unidos em Cristo e entre nós! Peço-vos que me acompanheis de perto, com a oração, o conselho, a colaboração”.

Por fim pediu a todos os consagrados e aos leigos a se unirem na “invocação do Espírito Santo para que o Colégio dos Cardeais seja cada vez mais inflamado de caridade pastoral, cada vez mais cheio de santidade, para servir o Evangelho e ajudar a Igreja a irradiar pelo mundo o amor de Cristo.”
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Ao meio dia o Papa apareceu à janela do Palácio Apostólico para a recitação das Ave Marias, ocasião em que retomou as palavras da segundo leitura deste domingo, centrada sobre as divisões na comunidade de Coríntio, onde se tinham formado grupos referentes a um ou a outro apóstolo. O Papa chamou a atenção para isso dizendo que a comunidade não pertence aos apóstolos, mas são eles que pertencem à comunidade; e que a comunidade toda pertence a Cristo. Todos pelo baptismo somos filhos de Deus. E aqueles que receberam um ministério de guia, pregação, administração dos sacramentos, não devem considerar-se proprietários de poderes especiais, mas sim pôr-se ao serviço da comunidade, ajudando-a a percorrer com alegria o caminho da santidade.

A Igreja confia hoje o testemunho deste estilo de vida pastoral aos novos Cardeais, com os quais celebrei a missa esta manhã” – disse o Papa - recordando que “o Consistório de ontem e a Celebração eucarística deste domingo foram uma preciosa ocasião para “experimentar a catolicidade da Igreja, bem representada pelas diferentes proveniências dos membros do Colégio Cardinalício, reunidos em estreita comunhão em torno de do sucessor de Pedro.

O Papa pediu depois um aplauso para os novos Cardeais e a assisti-los com a oração, a fim de que guiem sempre com zelo o povo que lhes foi confiado, mostrando a todos a ternura e o amor do Senhor.

Depois da oração mariana do Angelus, Francisco saudou os peregrinos presentes, de modo particular os vindos para o Consistorio. Agradeceu também as delegações oficiais que quiseram honrar com a sua presença nas celebrações de ontem e hoje, celebrações que o Papa disse esperar que reforcem a nossa fé.

22 fevereiro, 2014

Com a presença do emérito Bento XVI, Papa Francisco criou novos Cardeais, exortando-os à comunhão, ao anúncio da Palavra e à oração

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(RV) A solenidade dos grandes momentos mas ao mesmo simplicidade e recolhimento caracterizaram o clima com que decorreu, na basílica de São Pedro, com a presença do Papa emérito, Bento XVI, o primeiro consistório do pontificado do Papa Francisco para a criação de 19 cardeais, incluindo 16 eleitores. A celebração inclui o rito de entrega do barrete e do anel cardinalícios (momentos unificados desde 2012, por decisão de Bento XVI), assim como a tradicional atribuição a cada um dos novos cardeais do “título” de uma igreja de Roma.

O Papa Francisco comentou o Evangelho proclamado (Marcos 10, 32-45), sublinhando duas afirmações do texto: “Jesus caminhava à frente deles” e “Jesus chamou-os”.

Também neste momento Jesus caminha à nossa frente. Ele está sempre à nossa frente. Precede-nos e abre-nos o caminho... E esta é a nossa confiança e a nossa alegria: ser seus discípulos, estar com Ele, caminhar atrás d’Ele, segui-Lo...

O Santo Padre evocou a primeira concelebração, há um ano, na Capela Sistina, após a eleição. Já nessa altura, recordou, «caminhar» foi a primeira palavra que o Senhor nos propôs: caminhar e, em seguida, construir e confessar.
Hoje de novo volta esta palavra, mas como um acto, como a acção de Jesus que continua: «Jesus caminhava…»

Isto é uma coisa que impressiona nos Evangelhos: Jesus caminha muito e instrui os seus discípulos ao longo do caminho. Isto é importante. Jesus não veio para ensinar uma filosofia, uma ideologia... mas um «caminho», uma estrada que se deve percorrer com Ele; e aprende-se a estrada, percorrendo-a, caminhando. Sim, queridos Irmãos, esta é a nossa alegria: caminhar com Jesus.

Isso não é fácil, não é cómodo, porque a estrada que Jesus escolhe é o caminho da cruz. Enquanto estão a caminho, fala aos seus discípulos do que Lhe acontecerá em Jerusalém: preanuncia a sua paixão, morte e ressurreição. E eles ficam «surpreendidos» e «cheios de medo». Surpreendidos, sem dúvida, porque, para eles, subir a Jerusalém significava participar no triunfo do Messias, na sua vitória – como se vê em seguida pelo pedido de Tiago e João; e cheios de medo, por causa daquilo que Jesus haveria de sofrer e que se arriscavam a sofrer eles também.
Mas nós, ao contrário dos discípulos de então, sabemos que Jesus venceu e não deveríamos ter medo da Cruz; antes, é na Cruz que temos posta a nossa esperança. E, contudo, sendo também nós humanos, pecadores, estamos sujeitos à tentação de pensar à maneira dos homens e não de Deus.

E quando se pensa de maneira mundana, qual é a consequência? – interrogou-se o Papa. «Os outros dez indignaram-se com Tiago e João» (cf. Mc 10, 41). Indignaram-se.
Se prevalece a mentalidade do mundo, sobrevêm as rivalidades, as invejas, as facções… Assim, esta palavra que o Senhor nos dirige hoje, é muito salutar! Purifica-nos interiormente, ilumina as nossas consciências e ajuda a sintonizarmo-nos plenamente com Jesus; e a fazê-lo juntos, no momento em que aumenta o Colégio Cardinalício com a entrada de novos Membros.

Comentando depois a outra passagem do texto em que se refere: «Jesus chamou-os...» (Mc 10, 42). É o outro gesto do Senhor. Ao longo do caminho, dá-Se conta que há necessidade de falar aos Doze, pára e chama-os para junto de Si.

Irmãos, deixemos que o Senhor Jesus nos chame para junto de Si! Deixemo-nos “con-vocar” por Ele. E ouçamo-Lo, com a alegria de acolhermos juntos a sua Palavra, de nos deixarmos instruir por ela e pelo Espírito Santo para, ao redor de Jesus, nos tornarmos cada vez mais um só coração e uma só alma.

É isto de que a Igreja precisa – sublinhou o Papa Francisco, dirigindo-se aos cardeais presentes:

A Igreja precisa de vós, da vossa colaboração e, antes disso, da vossa comunhão, comunhão comigo e entre vós. A Igreja precisa da vossa coragem, para anunciar o Evangelho a tempo e fora de tempo, e para dar testemunho da verdade. A Igreja precisa da vossa oração pelo bom caminho do rebanho de Cristo; oração que é, juntamente com o anúncio da Palavra, a primeira tarefa do Bispo. A Igreja precisa da vossa compaixão, sobretudo neste momento de tribulação e sofrimento em tantos países do mundo.

Neste contexto, o Papa exprimiu “proximidade espiritual às comunidades eclesiais e a todos os cristãos que sofrem discriminações e perseguições”.

A Igreja precisa da nossa oração em favor deles, para que sejam fortes na fé e saibam reagir ao mal com o bem. E esta nossa oração estende-se a todo o homem e mulher que sofre injustiça por causa das suas convicções religiosas.
A Igreja precisa de nós também como homens de paz, precisa que façamos a paz com as nossas obras, os nossos desejos, as nossas orações: por isso invocamos a paz e a reconciliação para os povos que, nestes tempos, vivem provados pela violência e a guerra.

Após esta homilia e o profundo silêncio de recolhimento que se lhe seguiu, o Papa Francisco procedeu à leitura da fórmula de criação e proclamou solenemente os nomes dos novos cardeais, para os unir com “um vínculo mais estreito à Sé de Pedro”.
Teve depois lugar a profissão de fé e o juramento dos novos cardeais, de fidelidade e obediência a Francisco e seus sucessores, “agora e para sempre”. Um a um ajoelharam-se aos pés do Papa, para dele receberem o barrete cardinalício, imposto “como sinal da dignidade do cardinalato”, significando que todos devem estar prontos a comportar-se “com fortaleza, até à efusão do sangue", como refere o ritual
O Papa entregou depois aos novos cardeais o respectivo anel, para que se “reforce o amor pela Igreja”. E nessa altura, foi atribuído a cada cardeal uma igreja de Roma (título ou diaconia) - simbolizando a “participação na solicitude pastoral do Papa” na cidade -, recebendo ainda a bula de criação cardinalícia, momento selado por um abraço de paz.

Esta tarde, entre as 16h30 e as 18h30, têm lugar as visitas de cortesia aos novos cardeais, distribuídos por diversos locais do Palácio Apostólico do Vaticano e da sala Paulo VI.
Amanhã, domingo, o Papa presidirá à missa com os novos cardeais, a partir das 10h00, de novo na Basílica de São Pedro.
Com os novos purpurados o Colégio Cardinalício passa a ter 218 cardeais vindos de 68 países (53 com cardeais eleitores), entre eles Portugal, representado por D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos (com mais de 80 anos), D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor da Santa Sé, e D. José Policarpo, patriarca emérito de Lisboa.

21 fevereiro, 2014

No segundo dia do Consistório o Papa fez uma oração pela Ucrânia. Comentou também a conferência do Card. Kasper

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(RV) O Papa Francisco participa nesta sexta-feira das duas sessões do Consistório sobre a Família previstas para a manhã e a tarde deste dia 21 na Sala do Sínodo. Na sua saudação matinal o Santo Padre manifestou a sua preocupação com a violência na Ucrânia:

“Gostaria de enviar uma saudação, não somente pessoal mas em nome de todos, aos cardeais ucranianos – o Cardeal Jaworski, emérito de Leopoldi, e o Cardeal Huzar, emérito de Kiev – que nesses dias sofrem muito e enfrentam muitas dificuldades na sua pátria.
De seguida o Papa Francisco contou aos cardeais presentes que releu a conferência do Card. Kasper sobre a família considerando ser um texto de “teologia serena”:
“Ontem, antes de dormir, mas não para adormecer, li e reli – o trabalho do Card. Kasper e gostaria de lhe agradecer, porque encontrei profunda teologia. É agradável ler teologia serena. E encontrei aquilo que Santo Inácio nos dizia, aquele sensus ecclesiae, o amor à Mãe Igreja. Fez-me bem e veio-me uma ideia, desculpe-me eminência se a faço envergonhar, mas a isto chama-se ‘fazer teologia de joelhos’.” (RS)

Patriarca e Bispos Auxiliares proferem Catequeses Quaresmais

As habituais Catequeses Quaresmais no Patriarcado de Lisboa vão ser este ano proferidas pelo Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, e pelos dois Bispos Auxiliares, D. Joaquim Mendes e D. Nuno Brás.


‘A fé atua pela caridade: a dimensão social da evangelização’, retirado do capítulo IV da Exortação Apostólica ‘Evangelii Gaudium’, do Papa Francisco, é o tema das Catequeses Quaresmais que decorrem aos Domingos, às 18h, durante a Quaresma, na Sé Patriarcal de Lisboa.

A 9 de março, D. Manuel Clemente reflete sobre ‘No próprio coração do Evangelho, aparece a vida comunitária e o compromisso com os outros’, e dia 16 de março D. Nuno Brás sobre ‘Este laço indissolúvel entre a receção do anúncio salvífico e um efetivo amor fraterno exprime-se nalguns textos da Escritura’. Na semana seguinte, novamente o Patriarca de Lisboa fala sobre ‘Ninguém pode exigir-nos que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional’, e a 30 de março será D. Joaquim Mendes a proferir a catequese quaresmal ‘Cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres’. A 6 de abril, D. Nuno Brás lembra que ‘Para a Igreja, a opção pelos pobres é mais uma categoria teológica que cultural, sociológica, política ou filosófica’, terminando as Catequeses Quaresmais no dia 13 de abril, Domingo de Ramos, com o Patriarca de Lisboa a proferir a catequese ‘A pior discriminação de que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual’.

As Catequeses Quaresmais decorrem nos Domingos da Quaresma e vão ter transmissão vídeo em direto pelo site do Patriarcado (www.patriarcado-lisboa.pt), pelo Portal Sapo (http://videos.sapo.pt/patriarcadodelisboa) e pela televisão, através do Meo Kanal ‘Patriarcado TV’ (acessível no canal 210021, após carregar na tecla verde do comando Meo).

Patriarcado de Lisboa

20 fevereiro, 2014

Para conhecer Jesus não basta o catecismo é preciso segui-Lo como discípulo – o Papa em Santa Marta

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RV) Para conhecer Jesus é preciso segui-Lo – esta a principal mensagem do Papa Francisco na missa desta quinta-feira em Santa Marta. O Evangelho de S. Marcos apresenta-nos a figura de Pedro que perante a pergunta de Jesus: Quem dizeis vós que eu sou? – respondeu que Jesus era o Messias. Contudo, logo a seguir, quando Jesus ensinava os seus discípulos dizendo-lhes que teria que sofrer muito e que seria morto, Pedro repreende Jesus que logo se afasta de Pedro chamando-o de Satanás e dizendo-lhe que os seus pensamentos não são os de Deus mas os dos homens. O Papa escolhe este modelo de Pedro para afirmar que não basta saber dar boas respostas a Jesus mas é preciso segui-Lo:

“Parece que para responder àquela pergunta que nós todos sentimos no coração – ‘Quem é Jesus para nós?’ – não é suficiente aquilo que nós aprendemos e estudamos no catecismo, que é importante, mas não é suficiente. Para conhecer Jesus é necessário fazer o caminho que fez Pedro: depois desta humilhação, Pedro foi para a frente com Jesus, viu o seus milagres, viu o seu poder... “
“... Mas, a uma certa altura, Pedro renegou Jesus, traiu Jesus e aprendeu aquela tão difícil ciência – mas d
o que ciência, sabedoria – das lágrimas, do choro.”

“Esta primeira pergunta – Quem sou eu para vós, para ti? - a Pedro, apenas se percebe através de um caminho, depois de um longo caminho, um caminho de graça e de pecado, um caminho de discípulo. Jesus a Pedro e aos discípulos não disse ‘Conhece-me? mas disse ‘Segue-me’. E este seguir Jesus faz-nos conhecer Jesus. Não é um estudo de coisas que é preciso mas uma vida de discípulo.”

O Papa Francisco considera que é preciso um encontro quotidiano com o Senhor, com as nossas debilidades e as nossas vitórias. Mas – continuou o Santo Padre – é “um caminho que nós não podemos fazer sozinhos”. É necessária a intervenção do Espírito Santo:

“Olhemos Jesus, Pedro, os apóstolos e ouçamos no nosso coração esta pergunta: ‘Quem sou eu para ti?’ E como discípulos peçamos ao Pai que nos dê o conhecimento de Cristo no Espírito Santo, que nos explique este mistério.” (RS)

Aprofundar a teologia da família e a pastoral, sem cair na "casuística": Papa aos Cardeais reunidos em Consistório. A família é hoje desprezada. Pastoral corajosa e cheia de amor

 
(RV) Uns 150 cardeais participam hoje e amanhã no Consistório convocado pelo Papa Francisco, por ocasião da criação de novos purpurados, sábado, festa da Cátedra de São Pedro. A família é o tema deste encontro, que iniciou nesta quinta de manhã, com a recitação da Hora de Tércia, uma breve saudação do Cardeal Sodano, Decano do Colégio Cardinalício, a que se seguiu uma alocução do Santo Padre. O Cardeal Walter Kasper interveio depois com uma longa conferência sobre "O Evangelho da Família" e os desafios com que se confronta.

Eis o texto integral da intervenção do Papa Francisco:

"Amados Irmãos,
Saúdo-vos cordialmente e, convosco, agradeço ao Senhor que nos proporciona estes dias de encontro e trabalho em comum. Damos as boas-vindas de forma particular aos Irmãos que vão ser criados Cardeais, no Sábado, e acompanhamo-los com a oração e a estima fraterna.
Nestes dias, reflectiremos especialmente sobre a família, que é a célula fundamental da sociedade humana. Desde o início, o Criador colocou a sua bênção sobre o homem e a mulher, para que fossem fecundos e se multiplicassem sobre a terra; e assim a família torna presente, no mundo, como que o reflexo de Deus, Uno e Trino.
A nossa reflexão terá sempre presente a beleza da família e do matrimónio, a grandeza desta realidade humana, tão simples e ao mesmo tempo tão rica, feita de alegrias e esperanças, de fadigas e sofrimentos, como o é toda a vida. Procuraremos aprofundar a teologia da família e a pastoral que devemos implementar nas condições actuais. Façamo-lo com profundidade e sem cairmos na «casística», porque decairia, inevitavelmente, o nível do nosso trabalho. Hoje, a família é desprezada, é maltratada, pelo que nos é pedido para reconhecermos como é belo, verdadeiro e bom formar uma família, ser família hoje; reconhecermos como isso é indispensável para a vida do mundo, para o futuro da humanidade. É-nos pedido que ponhamos em evidência o plano luminoso de Deus para a família, e ajudemos os esposos a viverem-no com alegria ao longo dos seus dias, acompanhando-os no meio de tantas dificuldades. Também com uma pastoral inteligente, corajosa e cheia de amor.
Agradecemos ao Cardeal Walter Kasper a preciosa contribuição que nos oferece com a sua introdução.
Obrigado a todos! Bom trabalho!"

Na base das discriminações e exclusões há uma questão antropológica: Papa Francisco em mensagem à Academia Pontifícia para a Vida


(RV) Envelhecimento e incapacidade” é um tema de grande actualidade, que a Igreja tem muito a peito – sublinha o Papa Francisca numa mensagem à assembleia geral da Academia Pontifícia para a Vida, reunida nestes dias em Roma para abordar precisamente esta questão.
Evocando os 20 anos da sua criação da parte de João Paulo II, a mensagem papal recorda a sua tarefa específica: “estudar, informar e formar sobre os principais problemas de biomedicina e de direito, no que diz respeito à promoção e defesa da vida”. Tudo isso (observa o Papa Francisco) para, à luz da moral cristã e das directrizes do Magistério da Igreja, “dar a conhecer aos homens de boa vontade que a ciência e a técnica, colocadas ao serviço da pessoa humana e dos seus direitos fundamentais, contribuem para o bem integral da pessoa”.

Referindo o tema este ano abordado pela Academia para a Vida – “Envelhecimento e incapacidade”, o Santo Padre sublinha a sua actualidade e a importância que a Igreja lhe atribui. “De facto – escreve – nas nossas sociedades verifica-se o domínio tirânico de uma lógica económica que exclui e por vezes mata, e de que hoje em dia muitos são vítimas, a partir dos nossos idosos”. Na prática – prossegue o Papa Francisco, citando a Exortação Apostólica (“Evangelii gaudium”, 53), promove-se a cultura do descarte. Já não é apenas o fenómeno da exploração e da opressão, mas algo de novo… Os excluídos não são mesmo tomados em consideração: são meros detritos, os “restos”.
“Na base das discriminações e das exclusões – observa a mensagem do Papa – está uma questão antropológica: quanto vale o homem e sobre o que é que se baseia o seu valor. A saúde é sem dúvida um valor importante, mas não determina o valor da pessoa. (…) Portanto, a falta de saúde e uma deficiência nunca são uma razão para excluir ou, pior ainda, para eliminar uma pessoa”.

Referindo-se ainda à família, como “mestra de acolhimento e solidariedade”, onde o “cuidar do outro se torna um fundamento da existência humana e uma atitude moral a promover”, “uma missão a realizar”, a mensagem do Papa Francisco conclui:
“Uma sociedade é verdadeiramente acolhedora em relação à vida quando reconhece que esta é preciosa mesmo na velhice, na situação de incapacidade, na doença grave e mesmo quando está falecendo; quando ensina que a chamada à realização humana não exclui o sofrimento, mais ainda, (quando) ensina a ver na pessoa doente e sofredora um dom para toda a comunidade”.

19 fevereiro, 2014

O Sacramento da Reconciliação tem uma dimensão eclesial – na audiência geral o Papa apelou para a paz na Ucrânia


(RV) Na audiência geral desta quarta-feira, 19 de fevereiro, o Papa Francisco propôs uma catequese sobre o Sacramento da Reconciliação. E começou logo por concretizar a origem deste sacramento.

“O Sacramento da Penitência e da Reconciliação brota diretamente do mistério pascal.”

O Sacramento da Reconciliação foi-nos dado por Jesus no domingo de Páscoa, quando disse aos discípulos: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados». Como vedes – continuou o Papa Francisco - o perdão dos nossos pecados não o podemos dar a nós mesmos, mas é dom do Espírito Santo: Ele derrama sobre nós torrentes de graça e misericórdia do Pai, que jorram sem cessar do Coração aberto de Cristo Ressuscitado. A Confissão é deixar-se envolver no abraço da misericórdia infinita do Pai, que nos comunica toda a sua alegria pelo nosso regresso a casa, à família de Deus.

“Ao longo do tempo, a celebração deste sacramento passou de uma forma pública àquela pessoal e reservada da Confissão. Isto porém não deve fazer perder a matriz eclesial que constitui o contexto vital.”

Na verdade, embora a forma ordinária da Confissão seja pessoal e secreta, não se deve perder de vista a sua dimensão eclesial – considerou o Papa Francisco - por isso, não basta pedir perdão a Deus no íntimo do próprio coração, mas é necessário confessar os pecados ao sacerdote. Este, no confessionário, não representa apenas Deus, mas toda a comunidade eclesial, a qual se reconhece na fragilidade dos seus membros, constata comovida o seu arrependimento, reconcilia-se com eles e encoraja-os no caminho de conversão e amadurecimento humano e cristão.

Apesar dos perigos da perda do sentido do pecado o Sacramento da Reconciliação – concretizou o Santo Padre – “representa um verdadeiro tesouro confiado às mãos da Igreja” e “celebrar este sacramento significa sermos envolvidos num abraço caloroso da infinita misericórdia do Pai.”

O Papa Francisco saudou também os peregrinos de língua portuguesa:

“Queridos peregrinos de língua portuguesa, sede bem-vindos! A todos vos saúdo, especialmente aos fiéis de São Sebastião do Rio de Janeiro com o vosso Pastor Dom Orani João Tempesta, desejando-vos que nada e ninguém possa impedir-vos de viver e crescer na amizade de Deus Pai; mas deixai que o seu amor sempre vos regenere como filhos e vos reconcilie com Ele, com vós mesmos e com os irmãos. Desça, sobre vós e vossas famílias, a abundância das suas bênçãos.”

No final da audiência o Santo Padre fez um apelo para a paz na Ucrânia pedindo que cessem as violências e assegurou a sua solidariedade e oração pelas vítimas.

O Papa Francisco a todos deu a sua bênção! (RS)

Conselho dos Cardeais reunido com o Papa. Padre Lombardi informa também sobre Consistório de quinta e sexta

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(RV) Decorre desde segunda-feira, 17, prolongando-se até quarta, uma reunião do Papa Francisco com o "Conselho de cardeais" criado em abril do ano passado para o ajudar no governo universal da Igreja e para estudar um projeto de revisão da Cúria Romana. A ilustrar os trabalhos, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, teve um encontro com os jornalistas, em que referiu que o encontro dos oito Cardeais conselheiros conta desta vez com a participação do Secretário de Estado, don Parolin, proximamente cardeal. Tanto hoje como ontem os purpurados concelebraram com o Papa, às 7h da manhã, como fazem habitualmente quando estão aqui em Roma; e depois começaram as suas reuniões numa sala adjacente à capela da Casa Santa Marta.

Nesta segunda-feira de manhã – informou o porta-voz do Vaticano – tiveram lugar as audições dos representantes da Comissão referente de estudo e orientação sobre a organização da estrutura económico-administrativa da Santa Sé" (COSEA). Estavam presentes três representantes da Comissão: o presidente, Dr. Zahra; o secretário, Mons. Valejo Balda; e o alemão Jochen Messemer, que é também revisor internacional da Prefeitura dos Assuntos Económicos". Apresentaram o trabalho realizado pela Comissão nestes 7-8 meses de atividade. Fornecendo já, provavelmente, algumas conclusões, ideias ou propostas possíveis”.

Nesta terça-feira de manhã – segundo informou, já hoje, Padre Lombardi – com a participação do Secretário de Estado, o Santo Padre e o Conselho dos (Oito) Cardeais procederam à audição da “Comissão Pontifícia relativa ao Instituto para as Obras de Religião” (IOR). Presentes: o respectivo presidente, cardeal Farina; o cardeal Tauran, membro; D. Juan Arrieta, coordenador; mons. Peter Wells, secretário. Presente também mons. Xuereb, como Delegado do Santo Padre para esta Comissão.
A Comissão procedeu a uma apresentação ampla e detalhada sobre a realidade do IOR, os problemas passados (com uma leitura das suas causas), e ainda sobre a situação actual, indicando possíveis linhas a seguir. Aparece como “muito importante aprofundar a missão do Instituto, na perspectiva do serviço religioso e pastoral da Igreja”.
Os Cardeais exprimiram o seu apreço pela apresentação feita pela Comissão e intervieram com perguntas de aprofundamento. Não foi tomada qualquer decisão. Os trabalhos prosseguem na parte de tarde.

Padre Lombardi recordou também que na quinta-feira, dia 20, às 9.30, tem início o Consistório extraordinário, reunião para a qual são convocados todos os cardeais. Essa reunião, de dois dias, terá lugar, como no passado, na Sala Nova do Sínodo. Após a saudação do Cardeal Decano, Angelo Sodano, ao Papa, em nome dos purpurados, e de uma saudação deste a todos os presentes, o cardeal Walter Kasper pronunciará uma conferência introdutória sobre “O Evangelho da família”. O tema indicado pelo Papa para este Consistório dos Cardeais é a família, também em vista da assembleia do Sínodo dos Bispos, que terá lugar em outubro. Seguir-se-ão as intervenções livres dos cardeais, que se prolongarão até sexta de tarde, em duas sessões diárias: 9h30 às 12h30 e das 16h30 às 19h.

18 fevereiro, 2014

As tentações matam. A Palavra de Jesus é que nos salva – o Papa em Santa Marta

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(RV)
Resistir à sedução das tentações é possível só quando se escuta a Palavra de Jesus – esta a principal mensagem do Papa Francisco na Missa em Santa Marta nesta terça-feira. Partindo daquilo que diz S. Tiago na liturgia de hoje ao afirmar: “Porque Deus não é tentado pelo mal, nem tenta ninguém”, o Santo Padre deixou claro que as tentações nunca vêm de Deus mas das nossas paixões e debilidades:
“A tentação, de onde vem? Como age dentro de nós? O apóstolo diz-nos que não vem de Deus, mas das nossas paixões, das nossas debilidades interiores, das feridas que deixou em nós o pecado original: dali vêm as tentações, das nossas paixões. É curioso, a tentação tem três caraterísticas: cresce, contagia e justifica-se. Cresce: começa com um ar tranquilo e cresce... O próprio Jesus dizia isto, quando falou da parábola do trigo e do joio: o trigo crescia, mas também o joio semeado pelo inimigo. E a tentação cresce, cresce... E se não a paramos, ocupa tudo”.
S. Marcos relata-nos no Evangelho do dia a experiência dos Apóstolos que se culpavam uns aos outros por só terem um pão a bordo do barco. Jesus intervém e explica-lhes que devem confiar na sua Palavra , recordando-lhes o que tinha já acontecido no passado na multiplicação dos pães. Mas, eles continuavam mais tentados em não parar para pensar e acolher a Palavra de Jesus:
“E assim, quando nós estamos em tentação, não ouvimos a Palavra de Deus: não ouvimos. Não percebemos. E Jesus teve que recordar a multiplicação dos pães para fazê-los sair daquele ambiente, porque a tentação fecha-nos, tira-nos a capacidade de ver largo, fecha-nos cada horizonte e, assim, leva-nos ao pecado. Quando nós estamos em tentação, apenas a Palavra de Deus, a Palavra de Jesus nos salva. Ouvir aquela Palavra que nos abre o horizonte... Ele sempre está disposto a ensinar-nos como sair das tentações. E Jesus é grande porque não só nos faz sair das tentações, mas dá-nos mais confiança.”
Esta confiança que nos dá o Senhor – concluiu o Papa Francisco - abre-nos sempre horizontes, ao contrário das tentações que nos fazem viver em ambiente fechado. O Santo Padre pediu para que não nos esqueçamos que o Senhor diz-nos para levantar o olhar, fixar o horizonte e andar para a frente: “E esta palavra salva-nos de cair em pecado no momento da tentação”. (RS)

17 fevereiro, 2014

É o povo de Deus que leva a Igreja para a frente, com a sua paciência e santidade – o Papa na missa desta segunda-feira

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(RV) Na Missa desta segunda-feira na Capela da Casa de Santa Marta o Papa Francisco partindo da Leitura da Carta de S. Tiago em que se lê: “... considerai como uma enorme alegria o estardes rodeados de provações de toda a ordem” – o Santo Padre apontou o caminho da paciência para suportar as coisas que não queremos. Quem não tem paciência – continuou o Papa – não cresce, fica como uma criança caprichosa que pede milagres, como os fariseus pediram a Jesus um sinal dos céus: ‘queriam um espetáculo, um milagre’.
“Confundem o modo de agir de Deus com o modo de agir de um bruxo. E Deus não age como um bruxo, Deus tem o seu modo de andar para a frente. A paciência de Deus. Também Ele tem paciência. Cada vez que nós vamos ao sacramento da reconciliação, cantamos um hino à paciência de Deus! Mas o Senhor como que nos leva às costas, com tanta paciência! A vida cristã deve desenvolver-se sobre esta musica da paciência, porque foi precisamente a música dos nossos pais, do povo de Deus, aqueles que acreditaram na Palavra de Deus, que seguiram o mandamento que o Senhor tinha dado ao nosso Pai Abraão: ‘Caminha perante mim e sejas irrepreensivel’.”
O Papa Francisco louvou a “gente do nosso povo, gente que sofre, que sofre tantas, tantas coisas, mas não perde o sorriso da fé e que têm a alegria da fé”:
Quão paciente é o nosso povo! Ainda agora! Quando vamos nas paróquias e encontramos aquelas pessoas que sofrem, que têm problemas, que têm filhos com deficiência ou com doença, mas levam para a frente a vida com paciência. Não pedem sinais, como estes do Evangelho, que queriam um sinal. Diziam: ‘Dá-nos em sinal!’ Não, não pedem, mas sabem ler os sinais dos tempos: sabem que quando brota o figo, vem a primavera; sabem distinguir isto. Ao contrário, estes impacientes do Evangelho de hoje, que queriam um sinal, não sabiam ler os sinais dos tempos, e por isto não reconheceram Jesus.”
“E esta gente, o nosso povo, nas paróquias, nas nossas instituições – tanta gente – é aquela que leva para a frente a Igreja, com a sua santidade, de todos os dias, de cada dia.” (RS)

Papa Francisco: “Pautar pela verdade e sinceridade as relações com o próximo”

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(RV) “Pautar pela verdade e sinceridade as relações com o próximo”: pediu o Papa Francisco, neste domingo à tarde, na Missa celebrada na paróquia do Apóstolo São Tomé, na zona sul de Roma. Caloroso o acolhimento que lhe foi reservado da parte de toda a comunidade e do pároco, padre António D’Errico.
A primeira saudação, reservou-a o Papa às crianças, propondo-lhes uma receita infalível para iniciar um fecundo caminho de fé:
“Vou dizer-vos um segredo para amar Jesus. Escutai bem: para amar Jesus, é preciso deixar-se amar por Ele. Percebestes? É Ele que faz o trabalho, não somos nós. É Ele o primeiro a amar-nos!”
Seguiu-se o encotnro com os batizados nos últimos meses e respectivos pais e padrinhos, e com os idosos, os doentes, os padres e a Associação das famílias, com os filhos deficientes. Finalmente, ainda antes da missa, o Santo Padre confessou alguns penitentes. A celebração eucarística decorreu num clima de intenso recolhimento. Na homilia, improvisada, o Papa Francisco, partindo do Evangelho dominical, sublinhou que as relações interpessoais, sobretudo no ambiente restrito do bairro se devem inspirar no critério da sinceridade e da verdade, uma verdade que vem directamente do nosso coração:
“Creio que nos fará bem pensar, hoje, não se a minha alma está limpa ou suja, mas sim como está o meu coração, o que é que há lá dentro. Dizer-nos a verdade a nós próprios.”
Mas não basta um genérico interrogar-se – considerou o Papa – há que ir mais ao fundo e interpelar o próprio coração, para descobrir os reais sentimentos que o dominam:
“Há ali amor? … Há ódio? … Há uma atitude de perdão àqueles que me ofenderam, ou é uma atitude de vingança? Temos que nos perguntar, o que é temos dentro, porque isto que há dentro de nós depois sai e faz mal, se é mal; e, se é bem, quando sai faz bem”.
É um percurso que não é fácil – faz notar o Santo Padre. Para seguir este caminho precisamos da oração e da intervenção do Senhor.
“Pedir sempre esta graça: conhecer o que sucede no meu coração, para fazer sempre a escolha justa, para escolher o bem. Recordando que o que mancha a nossa vida é o mal que sai do nosso coração. E que o Senhor nos ajude”.
No final da Missa, o pároco saudou e agradeceu ao Papa a sua visita. Esta paróquia do Apóstolo São Tomé foi a quarta paróquia de Roma visitada pelo Papa Francisco. Uma comunidade paroquial que surgiu há 50 anos e que hoje em dia conta umas 25 mil pessoas. Há um ano, teve lugar a dedicação da igreja paroquial.