31 dezembro, 2014

Papa pede renovação moral e espiritual

É preciso servir os fracos e não servir-se dos fracos, avisou Francisco



(RR) O Papa pediu esta quarta-feira um renovado empenho dos cristãos para construir uma sociedade mais justa e solidária e apelou a uma renovação moral e espiritual da Igreja. Na Basílica de São Pedro, onde presidiu à celebração de vésperas e ao Te Deum, o Papa Francisco convidou também todos os baptizados a uma reflexão sobre a verdadeira liberdade.

Francisco chamou a atenção para a especial responsabilidade da Igreja de Roma, lembrando as palavras de Jesus. “O nosso tempo representa uma grande responsabilidade. Jesus disse: ‘A quem muito foi dado, muito será pedido.’ Então, é preciso questionarmo-nos: nesta cidade, nesta comunidade eclesial, somos livres ou somos escravos? Somos sal e somos luz? Somos fermento? Ou somos apagados, insípidos, hostis, desconfiados, irrelevantes, cansados?”, perguntou o Papa.

E, com uma alusão aos escândalos de corrupção que têm afectado a Igreja, pediu uma renovação moral. “Os graves actos de corrupção que aconteceram recentemente exigem uma séria e consciente conversão dos corações para uma renovação moral e espiritual, bem como um renovado empenho na construção de uma sociedade mais justa e solidária, onde os pobres, os fracos e os marginalizados estejam no centro das nossas preocupações e do nosso agir quotidiano”, disse o Papa, acrescentando: “É necessária uma grande e quotidiana atitude de liberdade cristã para ter a coragem de proclamar na nossa cidade que é preciso defender os pobres e não defender-se dos pobres, que é preciso servir os fracos e não servir-se dos fracos.”

Livres ou escravos?
Na sua homilia, o Papa fez e apelou a sua reflexão sobre a verdadeira liberdade. “Vivemos como filhos ou como escravos?”, perguntou Francisco, dizendo que desse exame de consciência, que todos os cristãos devem fazer no fim do dia e no fim do ano, depende a qualidade da sua presença no mundo e a qualidade da participação nas instituições públicas e eclesiais.

O Papa lembrou a todos os baptizados a sua condição de filhos de Deus. Uma condição que, disse Papa, muitas vezes o homem continua a negar, tornando-se escravo do pecado. E esse é um perigo para o qual Francisco alertou: o perigo de, muitas vezes, ter medo da liberdade e preferir a aparente segurança da escravidão, que “impede de viver plenamente” e fecha as portas da eternidade. Recorde-se que a mensagem do Papa para o dia Mundial da Paz [1 de Janeiro] é, precisamente, sobre a escravatura e as várias formas de escravidão.

Francisco terminou com um apelo à sociedade para que não ignore nem persiga os pobres e os fracos porque essa atitude implica também a perda da liberdade. “Quando numa cidade os pobres e os fracos são socorridos e ajudados a promoverem-se na sociedade, revela-se o tesouro da Igreja e um tesouro na sociedade. Pelo contrário, quando uma sociedade ignora os pobres, os persegue, criminaliza e os obriga a tornarem-se mafiosos, essa sociedade empobrece até à miséria e perde a liberdade”, avisou o Papa neste fim de ano.

30 dezembro, 2014

Presépio na Cidade: Bênção das Grávidas

O Patriarca de Lisboa presidiu à bênção das grávidas na Basílica dos Mártires, sublinhando que cada vida é um “dom de Deus” e uma “promessa de futuro de humanidade”. Nesta celebração, no passado dia 20 de dezembro, D. Manuel Clemente abençoou dezenas de grávidas

 “Acreditais que, se a vida é um dom de Deus, no fundo, no fundo, é Deus que a garantirá e é por isso que estais aqui”, lembrou o Patriarca, citado pela Agência Ecclesia, aos pais que participavam na Eucaristia, dirigindo-se depois, em particular, às futuras mães, para afirmar que a sua gravidez é “uma promessa de futuro para toda a humanidade”. “As coisas acontecem porque nós acreditamos. Não é ‘nós acreditamos porque as coisas acontecem’, não é assim”, prosseguiu.Nesta celebração de Bênção das Grávidas, que decorreu no contexto da iniciativa Presépio na Cidade, no Chiado, D. Manuel Clemente sustentou que para Deus “tudo é possível” e disse que, tal como Maria foi mãe de Jesus, a Igreja é chamada a fazer com que “Cristo venha ao mundo, com palavras e obras”. “Faça-se segundo a vontade de Deus. As coisas acontecem assim”, precisou. O Patriarca de Lisboa assinalou ainda que no Natal se celebra mais do que o nascimento de um “grande homem”, porque Jesus “não é apenas isso”. “Jesus é o Filho de Deus, por isso a sua conceção virginal acontece como aconteceu a criação da humanidade no princípio dos tempos, ou seja, por ação de Deus, porque em Jesus o mundo não é apenas melhorado ou continuado, é recriado”, observou.

Desde o ano 2000A Bênção das Grávidas é uma cerimónia que acontece todos os anos, na igreja dos Mártires, no Chiado, desde o ano 2000, segundo explicou à Rádio Renascença Sofia Guedes, da organização do Presépio na Cidade: “Sempre que há uma grávida, sempre que vemos aqui uma família, percebemos que a vida continua e é por isso que nós existimos. Cada vida é importante, cada vida é um mistério, cada vida é uma novidade. Todos somos importantes”.

Ano 2014 em revista - Compromisso para chegar a todos

Na primeira edição do ano 2015, o jornal diocesano VOZ DA VERDADE faz o balanço dos principais acontecimentos na vida da Igreja, no ano que passou.
 

O Papa Francisco visitará o Santuário de Pompeia em 2015



(RV) O Santuário de Pompeia será a primeira etapa da terceira viagem que o Papa Francisco fará à região italiana da Campania, antes de visitar Nápoles. O anúncio foi feito pelo Arcebispo-Prelado e Delegado Pontifício de Pompeia, Dom Tommaso Caputo, que "com imensa alegria" e fazendo-se intérprete da "Cidade de Maria", precisou que o Pontífice estará em visita à Igreja local, no sábado 21 de março de 2015.

“São vários os motivos pelos quais a presença do Papa Francisco em Pompeia representa um evento de extraordinário significado eclesial – acrescentou Dom Tommaso. A filial e terna devoção mariana que o Papa continua a manifestar é também a raiz do forte compromisso da Igreja de Pompeia para com os últimos e os mais necessitados, compromisso que deu vida à existência da cidade mariana”.

“Hoje, mais do que nunca – prosseguiu - as motivações de caridade, ligadas intimamente às exigências de justiça e respeito pela dignidade de cada pessoa, devem ter uma resposta. Esperamos que o Papa Francisco nos indique o caminho a ser percorrido para estarmos ainda mais próximos e solidários com a nossa gente”.

Também João Paulo II, em 21 de outubro de 1979, visitou Pompeia e Nápoles, iniciando a sua viagem juntamente pelo santuário mariano, onde retornou em 7 de outubro de 2003 para a conclusão do Ano do Rosário. Em 19 de outubro de 2008 foi a vez de Bento XVI visitar o santuário. (JE/BS)

DIÁLOGOS COM O SENHOR DEUS (8)




 Senhor, aproxima-se o começo de um novo ano e no meu coração e na minha mente tenho um grande desejo de mudar coisas na minha vida.
Então, meu filho, e o que pretendes mudar?
Oh, Senhor, mudar o meu feitio, (por vezes um pouco irrascível), as criticas e julgamentos que faço aos outros, a minha ânsia, por vezes, de protagonismo, o meu orgulho e a minha vaidade.
Tantas coisas, Senhor, que preciso de mudar.
Pois, meu filho, essa é uma boa mudança, mas sabes bem que não acontece apenas por prometeres fazê-la, sabes bem que essa é uma mudança de combate diário.
É verdade, Senhor, e eu percebo bem isso, porque tantas vezes prometo, tantas vezes começo e tantas vezes vou arranjando desculpas para me convencer que afinal está tudo bem.
Sabes, meu filho, a maior parte das vezes que começas essas mudanças esqueces-te que Eu estou aqui e que te posso e quero ajudar, mostrando-te caminho para o fazeres.
Tens razão, Senhor, empenho-me muito, mas rapidamente perco forças para continuar a mudança que quero fazer.
E já me perguntaste o que realmente deves mudar em ti? Tens a certeza de que é isso que Eu quero que mudes em ti? Não serão essas coisas reflexo de outras que deverias mudar e assim talvez estas de que agora falas acabassem por não te incomodar ou parecer tão importantes na tua conversão diária?
Talvez, Senhor, talvez! Mas como fazer, como perceber a tua vontade, como perceber o que queres que eu mude em mim, ou melhor que deixe Tu mudares em mim?
Disseste tudo, meu filho! Que tu deixes Eu mudar em ti! Para isso é preciso estares cada vez mais perto de Mim, mais em comunhão comigo, ou seja, que não me excluas de nada da tua vida, nem mesmo dos erros em que cais como qualquer homem cai.
E como faço isso, Senhor?
Procura-me mais na Eucaristia, na Comunhão, na oração, sobretudo no teu coração. Se assim fizeres conseguirás, comigo, as mudanças que necessitas fazer para a tua conversão ser uma realidade diária. Sabes porquê?
Não, Senhor, diz-me por favor?
Porque «Eu renovo todas as coisas»*!

*Ap 21,5
Marinha Grande, 30 de Dezembro de 2014
Joaquim Mexia Alves

Com este texto quero desejar a todas as amigas e amigos, bem como a todos as/os que visitam esta página, um Bom Ano Novo, cheio das bênçãos de Deus.

Série constante na faixa lateral, em "Pesquisa rápida" -  "DIÁLOGOS COM O SENHOR DEUS"
 

MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA O XXIII DIA MUNDIAL DO DOENTE 2015

 

Tema: «Sapientia cordis. “Eu era os olhos do cego e servia de pés para o coxo” (Job 29, 15)»
 

Queridos irmãos e irmãs,

Por ocasião do XXIII Dia Mundial do Doente, instituído por São João Paulo II, dirijo-me a todos vós que carregais o peso da doença, encontrando-vos de várias maneiras unidos à carne de Cristo sofredor, bem como a vós, profissionais e voluntários no campo da saúde.

O tema deste ano convida-nos a meditar uma frase do livro de Job: «Eu era os olhos do cego e servia de pés para o coxo» (29, 15). Gostaria de o fazer na perspectiva da «sapientia cordis», da sabedoria do coração.

1. Esta sabedoria não é um conhecimento teórico, abstracto, fruto de raciocínios; antes, como a descreve São Tiago na sua Carta, é «pura (…), pacífica, indulgente, dócil, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem hipocrisia» (3, 17). Trata-se, por conseguinte, de uma disposição infundida pelo Espírito Santo na mente e no coração de quem sabe abrir-se ao sofrimento dos irmãos e neles reconhece a imagem de Deus. Por isso, façamos nossa esta invocação do Salmo: «Ensina-nos a contar assim os nossos dias, / para podermos chegar à sabedoria do coração» (Sal 90/89, 12). Nesta sapientia cordis, que é dom de Deus, podemos resumir os frutos do Dia Mundial do Doente.

2. Sabedoria do coração é servir o irmão. No discurso de Job que contém as palavras «eu era os olhos do cego e servia de pés para o coxo», evidencia-se a dimensão de serviço aos necessitados por parte deste homem justo, que goza duma certa autoridade e ocupa um lugar de destaque entre os anciãos da cidade. A sua estatura moral manifesta-se no serviço ao pobre que pede ajuda, bem como no cuidado do órfão e da viúva (cf. 29, 12-13).

Também hoje quantos cristãos dão testemunho – não com as palavras mas com a sua vida radicada numa fé genuína – de ser «os olhos do cego» e «os pés para o coxo»! Pessoas que permanecem junto dos doentes que precisam de assistência contínua, de ajuda para se lavar, vestir e alimentar. Este serviço, especialmente quando se prolonga no tempo, pode tornar-se cansativo e pesado; é relativamente fácil servir alguns dias, mas torna-se difícil cuidar de uma pessoa durante meses ou até anos, inclusive quando ela já não é capaz de agradecer. E, no entanto, que grande caminho de santificação é este! Em tais momentos, pode-se contar de modo particular com a proximidade do Senhor, sendo também de especial apoio à missão da Igreja.

3. Sabedoria do coração é estar com o irmão. O tempo gasto junto do doente é um tempo santo. É louvor a Deus, que nos configura à imagem do seu Filho, que «não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para resgatar a multidão» (Mt 20, 28). Foi o próprio Jesus que o disse: «Eu estou no meio de vós como aquele que serve» (Lc 22, 27).

Com fé viva, peçamos ao Espírito Santo que nos conceda a graça de compreender o valor do acompanhamento, muitas vezes silencioso, que nos leva a dedicar tempo a estas irmãs e a estes irmãos que, graças à nossa proximidade e ao nosso afecto, se sentem mais amados e confortados. E, ao invés, que grande mentira se esconde por trás de certas expressões que insistem muito sobre a «qualidade da vida» para fazer crer que as vidas gravemente afectadas pela doença não mereceriam ser vividas!

4. Sabedoria do coração é sair de si ao encontro do irmão. Às vezes, o nosso mundo esquece o valor especial que tem o tempo gasto à cabeceira do doente, porque, obcecados pela rapidez, pelo frenesim do fazer e do produzir, esquece-se a dimensão da gratuidade, do prestar cuidados, do encarregar-se do outro. No fundo, por detrás desta atitude, há muitas vezes uma fé morna, que esqueceu a palavra do Senhor que diz: «a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40).

Por isso, gostaria de recordar uma vez mais a «absoluta prioridade da “saída de si próprio para o irmão”, como um dos dois mandamentos principais que fundamentam toda a norma moral e como o sinal mais claro para discernir sobre o caminho de crescimento espiritual em resposta à doação absolutamente gratuita de Deus» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 179). É da própria natureza missionária da Igreja que brotam «a caridade efectiva para com o próximo, a compaixão que compreende, assiste e promove» (Ibid., 179).

5. Sabedoria do coração é ser solidário com o irmão, sem o julgar. A caridade precisa de tempo. Tempo para cuidar dos doentes e tempo para os visitar. Tempo para estar junto deles, como fizeram os amigos de Job: «Ficaram sentados no chão, ao lado dele, sete dias e sete noites, sem lhe dizer palavra, pois viram que a sua dor era demasiado grande» (Job 2, 13). Mas, dentro de si mesmos, os amigos de Job escondiam um juízo negativo acerca dele: pensavam que a sua infelicidade fosse o castigo de Deus por alguma culpa dele. Pelo contrário, a verdadeira caridade é partilha que não julga, que não tem a pretensão de converter o outro; está livre daquela falsa humildade que, fundamentalmente, busca aprovação e se compraz com o bem realizado.

A experiência de Job só encontra a sua resposta autêntica na Cruz de Jesus, acto supremo de solidariedade de Deus para connosco, totalmente gratuito, totalmente misericordioso. E esta resposta de amor ao drama do sofrimento humano, especialmente do sofrimento inocente, permanece para sempre gravada no corpo de Cristo ressuscitado, naquelas suas chagas gloriosas que são escândalo para a fé, mas também verificação da fé (cf. Homilia na canonização de João XXIII e João Paulo II, 27 de Abril de 2014).

Mesmo quando a doença, a solidão e a incapacidade levam a melhor sobre a nossa vida de doação, a experiência do sofrimento pode tornar-se lugar privilegiado da transmissão da graça e fonte para adquirir e fortalecer a sapientia cordis. Por isso se compreende como Job, no fim da sua experiência, pôde afirmar dirigindo-se a Deus: «Os meus ouvidos tinham ouvido falar de Ti, mas agora vêem-Te os meus próprios olhos»(42, 5). Também as pessoas imersas no mistério do sofrimento e da dor, se acolhido na fé, podem tornar-se testemunhas vivas duma fé que permite abraçar o próprio sofrimento, ainda que o homem não seja capaz, pela própria inteligência, de o compreender até ao fundo.

6. Confio este Dia Mundial do Doente à protecção materna de Maria, que acolheu no ventre e gerou a Sabedoria encarnada, Jesus Cristo, nosso Senhor.

Ó Maria, Sede da Sabedoria, intercedei como nossa Mãe por todos os doentes e quantos cuidam deles. Fazei que possamos, no serviço ao próximo sofredor e através da própria experiência do sofrimento, acolher e fazer crescer em nós a verdadeira sabedoria do coração.

Acompanho esta súplica por todos vós com a minha Bênção Apostólica.
Vaticano, 3 de Dezembro – Memória de São Francisco Xavier – do ano 2014. 

Franciscus

28 dezembro, 2014

Oferecer calor humano: Papa Francisco na Festa da Sagrada Família



(RV) Aos milhares de fiéis presentes na Praça de S. Pedro para a oração mariana do Angelus neste primeiro domingo depois do Natal, o Papa Francisco começou por dizer que a Igreja nos convida a contemplar a Sagrada Família de Nazaré e que o evangelho nos apresenta a Virgem Maria e São José quando levam o Menino ao Templo de Jerusalém, 40 dias após o seu nascimento, em obediência à Lei de Moisés, que prescreve que o filho primogénito deve ser oferecido  ao Senhor.

Esta pequena família, disse o Papa, no meio de tanta gente, nos grandes corredores do templo, não se se destaca aos olhos, não se distingue e entretanto não passa despercebida.

Dois idosos, Simeão e Ana, movidos pelo Espírito Santo, aproximam-se e começam a louvar a Deus por aquela criança, no qual reconhecem o Messias, a luz das nações e salvação de Israel. É um momento simples, mas rico de profecia: o encontro entre dois jovens esposos cheios de alegria e fé pelas graças do Senhor e dois anciãos também eles cheios de alegria e fé pela acção do Espírito.

E quem os faz encontrar? se interroga o Papa. É Jesus, responde:

Jesus é Aquele que aproxima as gerações. É a fonte daquele amor que une as famílias e as pessoas, vencendo qualquer desconfiança, qualquer  isolamento, qualquer distância. E isto nos faz pensar também nos avós: quanto é importante a sua presença! Quanto é precioso o seu papel nas famílias e na sociedade! A boa relação entre os jovens e os idosos é fundamental para o caminho da comunidade civil e eclesial.

E olhando para as figuras dos velhões Simeão e Ana, o Papa pediu uma saudação a todos os avós do mundo. A mensagem que nos vem da Sagrada Família é antes de tudo uma mensagem de fé, continuou o Papa. Na vida familiar de Maria e José, Deus está verdadeiramente no centro, e também a pessoa de Jesus, e é por isso que Família de Nazaré é santa, porque está centrada em Jesus, explicou acrescentando que quando pais e filhos respiram juntos este clima de fé, possuem uma energia que lhes permite enfrentar mesmo as provações difíceis, como mostra a experiência da Sagrada Família, por exemplo, no caso dramático da fuga para o Egito.

O Menino Jesus com Maria sua Mãe e São José são um ícone familiar simples mas tão luminoso. A luz que ele irradia é luz de misericórdia e salvação para o mundo inteiro, luz de verdade para cada homem, para a família humana e para cada família individual. Esta luz que vem da Sagrada Família nos encoraja a oferecer calor humano naquelas situações familiares em que, por várias razões, falta a paz, a harmonia e o perdão.

E a todos o Papa pediu  solidariedade concreta especialmente para as famílias que vivem em situações muito difíceis pelas doenças, a falta de emprego, as discriminações, a necessidade de emigrar … E pediu para que em silêncio cada qual reze por estas famílias em dificuldades tendo em seguida convidado todos a recitar o Ave Maria:

Ave Maria …

E confiou a Maria, Rainha das famílias, todas as famílias do mundo, para que possam viver na fé, na concórdia, na ajuda mútua, tendo invocado sobre elas a protecção maternal daquela que foi mãe e filha do  seu Filho.

Depois do Angelus o Papa dirigiu um pensamento particular aos passageiros do avião malaio desaparecido e os navios acidentados no mar Adriático:

O meu pensamento neste momento vai aos passageiros do avião malaio que desapareceu durante o voo entre a Indonésia e Singapura e também aos passageiros dos navios em trânsito nas últimas horas nas águas do mar Adriático que tiveram alguns acidentes. Estou próximo deles com afecto e a oração aos familiares e a quantos vivem com apreensão e sofrimento estas situações difíceis, e a quantos estão empenhados nas operações de socorro.

E por fim o Papa saudou cordialmente a todas as famílias presentes na Praça pedindo para que a Sagrada Família as bendiga e as guie no seu caminho. E  concluiu pedindo para que continuem a rezar por ele e desejando bom domingo e bom almoço a todos. (BS)

P. Lombardi: a cultura do encontro no ano 2014 do Papa Francisco

 

(RV) 2014 foi outro ano muito intenso para o Papa Francisco. Para além das inúmeras audiências e encontros no Vaticano, o Pontífice realizou cinco viagens internacionais: Terra Santa, Coreia, Albânia, Estrasburgo e Turquia.

Em entrevista à Rádio Vaticano, o Director Pe. Federico Lombardi, também Director da Sala de Imprensa da Santa Sé, afirmou que “a cultura do encontro” caracterizou o ano do Papa Francisco.

Pe. Lombardi: – As palavras que o Papa Francisco usa e que impressionam são inúmeras, portanto poderiam ser escolhidas várias. Mas uma que com o tempo creio faz compreender sempre melhor e entender o seu significado crucial é o da cultura do encontro. Ou seja, o Papa Francisco tem justamente esta atitude, um modo de se relacionar com os outros como pessoa que encontra pessoas e que coloca profundamente em jogo a sua vida e o seu ser e busca que o outro, o seu interlocutor, coloque em jogo a si mesmo. Vem-me à mente o método dos relacionamentos do Papa com as grandes personalidades. Com o Patriarca Bartolomeu é um encontro pessoal, é amizade verdadeira, e isso faz pensar que também no ecumenismo é possível progredir … Do mesmo modo, também este recente sinal de esperança nas relações entre Estados Unidos e Cuba, em que os dois líderes agradeceram ao Papa pela carta que ele lhes enviou. Também nessa dimensão das relações internacionais com as grandes personalidades do mundo, o Papa tem uma metodologia que é muito pessoal e envolvente, manifesta o seu carisma, a sua capacidade de ir ao coração do outro e convidá-lo a dar passos, a colocar-se em caminho pelo bem da humanidade. Pois bem, isso me parece algo de muito precioso, muito importante e também de muito característico do Papa Francisco.

Reforma

O sacerdote jesuíta falou também do projeto de reforma da Cúria Romana, que é “simplesmente uma parte de um projeto de renovação muito mais amplo que o Papa formulou na Exortação apostólica ‘Evangelii Gaudium’: de uma Igreja em saída, missionária. Mas o que me parece muito importante notar é que para o Papa o coração de toda reforma é interior: as reformas partem do coração: é daí que é preciso partir para renovar ou curar quando há inconvenientes”.

Sínodo sobre a família

“Eu acredito que a iniciativa do Sínodo dedicado à família seja uma das principais ações pastorais e eclesiais propostas pelo Papa Francisco. Talvez a principal, pois toca realmente a vida de todos: a vida dos fiéis, mas também a vida de todas as pessoas humanas do nosso tempo. É uma iniciativa muito corajosa, porque o Papa colocou sobre a mesa temas inclusive difíceis, delicados: porém, era algo realmente necessário”, declarou Pe. Lombardi.

Viagens

Quanto às viagens internacionais realizadas em 2014, Pe. Lombardi destacou um detalhe comum a todas elas: a dimensão do martírio. “Seja na Coreia, onde a história da Igreja é caracterizada pelo martírio, seja na Albânia, onde o martírio em tempos recentes, sob o comunismo, foi fortíssimo, seja no Médio Oriente, onde o martírio é uma realidade actual para os muitos problemas que ocorrem, o Papa encontra esta realidade e nos recorda a actualidade desta dimensão na vida da Igreja de todos os tempos e também do nosso.” (BF/BS)

26 dezembro, 2014

Testemunhar Jesus com coerência



(RV) 26 de dezembro, Dia de Santo Estevão, Angelus do Papa Francisco na Praça de S. Pedro:

“...hoje a liturgia recorda o testemunho de Santo Estevão. Escolhido pelos Apóstolos juntamente com outros seis, para a diaconia da caridade na comunidade de Jerusalém, ele transforma-se no primeiro mártir da Igreja. Com o seu martírio, Estevão honra a vinda ao mundo do Rei dos reis, oferecendo-lhe o dom da sua própria vida. E, assim, mostra-nos como viver em plenitude o mistério do Natal.”

O Evangelho do dia retirado da narrativa de S. Mateus recorda uma parte do discurso de Jesus aos seus discípulos no momento em que os envia em missão. O Santo Padre citou-o no Angelus: “Sereis odiados por todos por causa do meu nome. Mas quem tiver perseverado até ao fim será salvo”.

Estas palavras – continuou o Santo Padre – “não perturbam a celebração do Natal mas retiram-lhe aquele falso revestimento adocicado que não lhe pertence”. E apontou o caminho do cristão – declarou o Papa Francisco.

“... para acolher verdadeiramente Jesus na nossa existência e prolongar a alegria da Noite Santa, o caminho é aquele indicado por este Evangelho, ou seja, dar testemunho de Jesus na humildade, no serviço silencioso, sem medo de andar contra a corrente e de pagar pessoalmente”.

O Papa Francisco pediu especialmente a graça da coerência.

Neste nomento da sua mensagem antes da oração do Angelus o Santo Padre lançou uma intenção especial:

“Hoje rezamos em modo particular por quantos são discriminados pelo testemunho dado a Cristo. Gostaria de dizer a cada um deles: se levais esta cruz com amor, entrareis no mistério do Natal, sereis no coração de Cristo e da Igreja.”

“Rezemos ainda para que graças também ao sacrifício destes mártires de hoje, se reforce em todo o mundo o empenho para reconhecer e assegurar concretamente a liberdade religiosa, que é um direito inalienável de cada pessoa humana.”

Após a oração do Angelus o Papa Francisco renovou os seus votos de paz para as famílias, comunidades paroquiais e religiosas, para os movimentos e associações. Aproveito ainda a ocasião para agradecer as tantas mensagens de boas festas que lhe foram enviadas de todo o mundo.

O Santo Padre a todos desejou uma boa festa e um bom almoço e recordou que devem testemunhar Jesus com coerência, pois não devem ser cristãos com comportamento pagão.

(RS)

25 dezembro, 2014

Crianças vítimas dos Herodes de hoje: Papa na Mensagem Urbi et Orbi



(RV) Aos mais de 80 mil fiéis, entre romanos e peregrinos, reunidos na Praça de S. Pedro neste dia de Natal o Papa Francisco, na sua mensagem, começou por reafirmar que o Filho de Deus e Salvador do mundo nasceu em Belém, da Virgem Maria, e que ele nasceu para nós, dando cumprimento às antigas profecias, e foram as pessoas humildes (como Maria, S. José, os pastores, os velhos Simeão e Ana …) que o acolheram:

São as pessoas humildes, cheias de esperança na bondade de Deus, que acolhem Jesus e O reconhecem. Assim o Espírito Santo iluminou os pastores de Belém, que acorreram à gruta e adoraram o Menino. E mais tarde o Espírito guiou os anciãos Simeão e Ana, no templo de Jerusalém, e eles reconheceram em Jesus o Messias.

E foi assim, continuou o Papa, porque Jesus é a salvação para cada pessoa e para cada povo! E a este propósito o Pontífice dirigiu o seu pensamento para o povo sofredor do Iraque, Síria e do mundo inteiro:

Ao Salvador do mundo, peço que olhe para os nossos irmãos e irmãs do Iraque e da Síria que há tanto tempo sofrem os efeitos do conflito em curso e, juntamente com os membros de outros grupos étnicos e religiosos, padecem uma perseguição brutal. Que o Natal lhes dê esperança, como aos inúmeros desalojados, deslocados e refugiados, crianças, adultos e idosos, da Região e do mundo inteiro; mude a indiferença em proximidade e a rejeição em acolhimento, para que todos aqueles que agora estão na provação possam receber a ajuda humanitária necessária para sobreviver à rigidez do inverno, retornar aos seus países e viver com dignidade. Que o Senhor abra os corações à confiança e dê a sua paz a todo o Médio Oriente, a começar pela Terra abençoada pelo seu nascimento, sustentando os esforços daqueles que estão activamente empenhados no diálogo entre Israelitas e Palestinianos.

Em seguida o Papa pediu a Jesus, Salvador do mundo, para que olhe para os que sofrem na Ucrânia e conceda àquela terra a graça de superar as tensões, vencer o ódio e a violência e embocar um caminho novo de fraternidade e reconciliação, também rezou pela paz na Nigéria  onde mais sangue foi derramado e muitas pessoas se encontram injustamente subtraídas aos seus entes queridos e mantidas reféns ou massacradas. E o Papa invocou paz também para as outras partes do continente africano, particularmente a Líbia, o Sudão do Sul, a República Centro-Africana e as várias regiões da República Democrática do Congo, e pediu a quantos têm responsabilidades políticas que se empenhem, através do diálogo, a superar os contrastes e construir uma convivência fraterna duradoura.

Foi igualmente forte o pensamento do Papa para as crianças em situações difíceis e as vítimas do Ébola, verdadeiras lágrimas (disse o Papa) neste Natal, juntamente com as lágrimas do Menino Jesus:

Jesus salve as inúmeras crianças vítimas de violência, feitas objecto de comércio ilícito e tráfico de pessoas, ou forçadas a tornar-se soldados, tantas crianças abusadas. Dê conforto às famílias das crianças que, na semana passada, foram assassinadas no Paquistão. Acompanhe todos os que sofrem pelas doenças, especialmente as vítimas da epidemia de ébola, sobretudo na Libéria, Serra Leoa e Guiné. Ao mesmo tempo que do íntimo do coração agradeço àqueles que estão trabalhando corajosamente para assistir os doentes e os seus familiares, renovo um premente apelo a que sejam garantidas a assistência e as terapias necessárias.

Jesus Menino. O meu pensamento vai a todas as crianças hoje mortas e maltratadas, quer aquelas antes de ver a luz, privadas do amor generoso dos seus pais e sepultadas no egoísmo de uma cultura que não ama a vida, quer aquelas crianças deslocadas por causa das guerras e das perseguições, abusadas e exploradas, sob os nossos olhos e o nosso silêncio cúmplice, e às crianças massacradas sob os bombardeamentos também lá onde nasceu o Filho de Deus. Ainda hoje, o seu silêncio impotente grita sob a espada de tantos Herodes, por cima do seu sangue sobressai hoje a sombra dos Herodes actuais.

E o Papa rezou para que todos nós, iluminados pelo Espírito Santo, possamos reconhecer no Menino Jesus a salvação oferecida por Deus a cada um de nós, a todo o ser humano e a todos os povos da terra e, a concluir, disse:

Que o poder de Cristo, que é libertação e serviço, se faça sentir a tantos corações que sofrem guerras, perseguições, escravidão. Que este poder divino tire, com a sua mansidão, a dureza dos corações de tantos homens e mulheres imersos no mundanismo e na indiferença. Que a sua força redentora transforme as armas em arados, a destruição em criatividade, o ódio em amor e ternura. Assim poderemos dizer com alegria: «Os nossos olhos viram a vossa salvação».

E o Papa desejou bom Natal para todos e deu a sua tradicional bênção “urbi et orbi”. (BS)