22 setembro, 2014

Padre Lombardi: viagem sob o signo da esperança


(RV) Para um comentário sobre a quarta viagem internacional do Papa Francisco, Fabio Colagrande contactou por telefone o Padre Federico Lombardi, na comitiva do Papa:
Gostaria de dar imediatamente uma pequena nota interessante. Falei há pouco com o Padre David Djudja, um colega nosso da Rádio Vaticano, que faz de intérprete para o Papa nesta viagem, e ele me dizia que, enquanto estavam juntos no carro, vindo do aeroporto para Tirana, o Papa lhe dizia: "Mas que população jovem! Mas quantos jovens!" Pensando que estamos na Europa que, pelo contrário – como ele muitas vezes diz – está a envelhecer um pouco. Então, este tema da população jovem, que o impressionou, nós o ouvimos regressar nos seus discursos: disse-o claramente quer na homilia, quer depois no momento do Angelus. O Papa fala a um povo jovem e, neste sentido, realça a esperança na construção do futuro e em dar um contributo positivo à Europa, na qual este povo se quer inserir plenamente. E depois uma outra coisa: o Papa, vendo todos os símbolos das águias ao longo da estrada, dizia ao Padre David que a águia voa alto, mas não abandona o seu ninho, sempre volta ao seu ninho, mesmo voando alto. E este é também um tema que sobressaiu nos seus discursos esta manhã, e que se vê que o toca. Albânia, País das águias: este símbolo é muito interessante, muito importante: a águia é capaz de grandes altitudes, de ideais, de grandes testemunhos, como o dos mártires que estamos a comemorar aqui neste dia de uma forma muito, muito intensa. Mas também é fiel: fiel à sua história, fiel às suas origens, capazes de voltar aos valores das suas origens, para testemunhá-los no futuro.
Uma outra coisinha que o Papa disse ao Padre David, vindo no carro, é que ele conheceu Madre Teresa no Sínodo de 94. O Papa estava no Sínodo e Madre Teresa também estava no Sínodo. Como se sabe, de vez em quando, de facto, as grandes figuras do catolicismo são chamadas pelo Papa para participar no Sínodo. Bergoglio tinha Madre Teresa atrás de si, perto, e ouvia-a intervir muitas vezes com muita força, sem se deixar, no mínimo, impressionar com toda aquela assembleia de bispos. E então havia conservado uma grande estima por ela, precisamente como uma mulher forte, como uma mulher capaz de dar um testemunho corajoso. Depois fazia a piada: "Eu teria medo de tê-la como superiora, porque era uma mulher muito forte". Bem, este é o Papa que chega a Tirana do aeroporto, faz este tipo de observações. Quando chega no Palácio presidencial, o presidente fá-lo sentar diante de um livro de honra para nele colocar o seu testemunho. Posso dizer-vos o que ele escreveu, porque depois eu tomei nota. Ele escreveu: "Ao nobre povo albanês, com o meu respeito e admiração pelo seu testemunho e a sua fraternidade em levar para frente o país”.
Portanto, vemos que voltam estes conceitos que ele nos havia acenado, enquanto falava da preparação da viagem. Voltam um pouco como refrão nos seus discursos e nos vários momentos: a admiração e a estima para com este povo, quer pelo testemunho de coragem, de que os mártires são o exemplo mais extraordinário, quer pela fraternidade, a capacidade de convivência, apesar das diferenças.
Disseram-me que também o colóquio com o presidente foi muito intenso, que o presidente estava muito emocionado, muito comovido, talvez até um pouco amedrontado, mas certamente muito emocionado. O Presidente Bektashi é muçulmano e falou com o Papa com muita gratidão, dizendo-lhe que de facto a harmonia entre as religiões, que se tenta viver agora aqui na Albânia, fortalece muito também a democracia e o desenvolvimento da nação. Portanto, é muito grato ao apoio que a Santa Sé dá e que também o Papa dá com esta viagem, e diz que esta é uma bênção. Este tema da bênção, vê-se que é fortemente sentido, mesmo pelos muçulmanos. É uma palavra forte, e todos esperam esta viagem como uma bênção do Santo Padre para o povo, para o País, para o seu futuro. Não sei se vos apercebestes, durante o seu discurso, o Papa num ponto fez uma pequena nota e disse a palavra "respeito". A palavra "respeito" aqui é, pois, uma palavra essencial. O Padre David, que estava presente como intérprete durante o colóquio, me disse: "Sim, durante o colóquio, falou-se e insistiu-se muito no respeito; é uma palavra - disse o presidente - muito importante para os albaneses na sua convivência". E o Papa imediatamente o retomou e no seu discurso voltou a este tema do respeito que, obviamente, o presidente lhe havia sugerido como importante
Eu diria, portanto, que estamos a avançar com uma viagem em que as contribuições do Papa são muito fortes sobre estes temas, que de alguma forma nos havia anunciado: da convivência na paz, da religião, da convivência entre as religiões como elemento de paz e de diálogo e não de tensão e conflito, o que é hoje uma mensagem de actualidade incrível para as diferentes partes do mundo; e depois também o tema da esperança, da fidelidade aos grandes valores, à coragem e à força do testemunho na construção do futuro. Parece-me, pois, que é uma viagem que se apresenta muito uniforme em termos de mensagens, muito forte e com um povo que está mais do que pronto para receber estas mensagens, ansioso para recebê-las. Esperamos, portanto, que seja precisamente aquilo que esta viagem deve ser: uma mensagem de grande força e encorajamento para este povo extraordinário, com a sua história de sofrimento e de testemunho, que também possa ser um bom futuro de paz, de construção e serviço à comunidade internacional, a quem os albaneses podem dar muito (BS).

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