24 setembro, 2014

Deve-se proteger a criação: Cardeal Parolin na Cimeira das Nações Unidas sobre o clima


(RV) O clima da Terra não melhora, apesar dos numerosos acordos adoptados a nível internacional. Para salvaguardar o planeta das mudanças climáticas é necessário um empenho comum a longo prazo. Disto se falou nesta terça-feira na ONU, à margem da 69ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Em destaque os discursos do Presidente americano Obama e do Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin.
No Palácio de Vidro circulavam ontem os dados compilados pela Global Carbon Project, segundo os quais as emissões de dióxido de carbono não dão sinais de diminuir. O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, destacou no seu discurso o imperativo moral de se agir para que todos tenhamos a responsabilidade de proteger a criação para o bem desta e das futuras gerações. Citando o Papa Francisco, o cardeal sublinhou a importância de "proteger o nosso ambiente que muitas vezes exploramos com ganância". Para isso, o secretário citou a necessidade de iniciar uma autêntica transformação cultural, por meio de esforços de formação e educação. O presidente americano recordou aos líderes reunidos em Nova York que "somos a primeira geração a sentir o impacto do aquecimento global, mas também a última que pode fazer algo para pará-lo". "A ameaça do clima que antes era distante agora é presente, e nenhum país está imune dela", comentou Obama, pedindo à comunidade internacional para chegar a um acordo "ambicioso, abrangente e flexível” sobre o clima.
A cimeira sobre o clima foi convocada para tentar alcançar, até 2015, um acordo sobre as mudanças climáticas. Na ocasião, foi apresentada ao Secretário-geral das Nações Unidas Ban Ki-moon uma declaração do Vértice inter-religioso sobre as mudanças climáticas, que teve lugar nos últimos dias, também em Nova York, na qual se sublinha que "a mudança climática é realmente uma ameaça para a vida, um dom precioso que recebemos e que devemos defender" e se pede um empenho concreto de todos os países da ONU em matéria de clima.

Stefan von Kempis entrevistou o Padre Michael Czerny, representante do Conselho Pontifício Justiça e Paz, e um dos signatários do texto:
As tradições de fé das diversas religiões do mundo, como parte da realidade humana, devem confrontar-se com o desafio do clima, do ambiente, do tempo e de todos os novos perigos. E, embora as várias tradições não estejam totalmente de acordo sobre a origem ou o destino do ser humano e do universo, como parte da família humana devemos unir-nos e pedir aos líderes políticos para tomarem boas decisões.
Qual é a novidade do empenho inter-religioso para a protecção do ambiente?
Tivemosuma série de encontros sobre o clima. O primeiro foi em Copenhaga, em 2009, depois em Cancun, no México, em 2010, em seguida, em Durban, na África do Sul, em 2011. Estes encontros não nos levaram a decisões definitivas. Agora, existe uma nova unidade entre as religiões do mundo que reconhecem a urgência de formar uma frente comum perante os desafios. Assim, em Nova York, as várias tradições religiosas produziram uma declaração conjunta para pressionar os líderes políticos do mundo a tomar decisões e iniciar um processo melhor de responsabilidade sobre o clima e o meio ambiente.
Falando da mudança climática, qual é a posição da Igreja e da Santa Sé?
A Santa Sé e a Igreja Católica participam neste encontro inter-religioso, porque todos estamos conscientes da urgência da situação e da necessidade de responder juntos como comunidade humana. Esta responsabilidade faz parte da tradição da Igreja e a Doutrina social nos ensina que somos responsáveis​​, que devemos cuidar das coisas que o Criador nos confiou, que os bens da criação são destinados para o uso de todos. Devemos estar conscientes das gerações futuras, e não apenas da nossa situação: devemos garantir o futuro das próximas gerações e o ambiente em que eles viverão, mesmo que sejam decisões a serem tomadas agora. (BS)

Sem comentários:

Enviar um comentário