08 agosto, 2014

Urgente acudir às pessoas expulsas de suas casas no Iraque: arcebispo Tomasi, Observador da Santa Sé na ONU, em Genebra

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(RV) Sobre a situação de milhares de civis expulsos das suas cidades pelos milicianos jihadistas, o colega italiano, Sergio Centofanti entrevistou o arcebispo D. Silvano Maria Tomasi, Observador Permanente da Santa Sé, na sede de Genebra, das Nações Unidas.

É evidente que existe a urgência de defender, mesmo fisicamente, os cristãos do norte do Iraque, providenciar à ajuda humanitária – água, alimentos – porque as crianças estão a morrer, os idosos estão a morrer, por falta de ajudas alimentares. Há que intervir agora, antes que seja demasiado tarde. Uma intervenção humanitária é exigida pela realidade destas dezenas e dezenas de milhares de cristãos e de outras minorias na Planície de Nínive, que tiveram de escapar sem levar nada consigo… apenas a roupa que vestiam. Precisam de ser ajudados com toda a urgência.
A ação militar é porventura necessária neste momento, mas parece-me também urgente fazer com que venham à luz aqueles que fornecem aos fundamentalistas armas e dinheiro, os países que os apoiam taticamente, e que ponham de lado este tipo de apoio, que ao fim e ao cabo não faz bem nem aos cristãos nem aos muçulmanos.
- Uma situação dramática…

Trata-se de uma nova tragédia no Médio Oriente, onde são violados os direitos humanos fundamentais de tantíssimas pessoas e de inteiras comunidades. Encontramo-nos perante uma situação verdadeiramente complicada: por um lado, temos estes fundamentalistas jihadistas, que em nome de um Califado que querem elevar estão a destruir e a matar sem misericórdia; por outro lado, há uma certa indiferença da parte do mundo ocidental. De facto, quando se trata de cristãos, há um falso pudor que impede que se fale disso e que se defendam os seus direitos. Portanto, é um momento em que deve emergir com clareza a voz da consciência.
- Em todo o caso, agora algo se está movendo…

A comunidade internacional começa a fazer qualquer coisa. Vimos o Secretário Geral das Nações Unidas falar do inaceitável crime cometido contra os cristãos, pela primeira vez mencionando expressamente a palavra. Depois, também o Conselho de Segurança abordou a questão das minorias no Médio Oriente, em particular dos cristãos e de outros grupos que se encontram em maior risco. Diria portanto que isto parece ser o início de uma mudança de atitude, em que se referem explicitamente os cristãos, que se encontram expostos a uma violação radical dos seus direitos, no contexto da complexidade política e militar que vemos no Médio Oriente.
A novidade parece-me estar no facto de que alguns muçulmanos, por exemplo o Secretário Geral da Organização para a Cooperação Islâmica, exprimiram-se em termos bastante fortes para condenar esta perseguição de cristãos inocentes e para defender o seu direito, não só a não serem mortos e a serem respeitados no seu próprio ambiente, mas também a viver na própria casa, como todos os outros cidadãos do Iraque (por exemplo) ou da Síria. Um Médio Oriente sem cristãos seria um empobrecimento, não só porque a Igreja estaria ausente, mas também para o próprio Islão, ao qual viria a faltar o estímulo à democracia e a um sentido de diálogo com o resto do mundo.

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