31 dezembro, 2013

1 Janeiro 2014: Dia Mundial da Paz - "Fraternidade, fundamento e caminho para a paz

 



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A resposta que damos a Deus hoje incide no nosso futuro - Papa no Te Deum de acção de graças pelo ano de 2013

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(RV) Neste dia 31 de Dezembro, como é tradição, o Papa Francisco presidiu às 17 horas, na Basílica de São Pedro, à celebração das primeiras Vésperas da celebração litúrgica do dia 1 de Janeiro concluindo com o cântico de Te Deum em acção de graças pelo ano de 2013.

Este momento de oração final do ano está tradicionalmente ligado à capital italiana, pelo que nela participou o Vigário para a Diocese de Roma, Cardeal Agostino Vallini, com todos os bispos auxiliares.

Na homilia que proferiu, o Papa Francisco disse que o Apóstolo João define o tempo presente como “a última hora”. E o Papa explicou que isto significa que, com a vinda de Deus na História, estamos já nos últimos tempos depois dos quais será a segunda e definitiva vinda de Jesus. Não haverá, contudo - disse - uma segunda revelação, mas sim a plenitude dos tempos, plenitude de significado e salvação, ou seja a manifestação plena daquilo que Jesus nos revelou; significa que ”cada momento da nossa vida é definitivo e cada uma das nossas acções estão carregadas de eternidade. Com efeito – prosseguiu o Papa - "a resposta que damos hoje a Deus que nos ama em Jesus Cristo, incide no nosso futuro”.

A visão cristã do tempo e da História – disse Francisco – não é cíclica, mas sim linear, é um caminho que vai em direcção à realização plena. “Cada ano que passa nos leva para essa meta de esperança e felicidade, porque encontraremos Deus, razão da nossa esperança e fonte da nossa letícia”.

Depois destas reflexões de carácter teológico o Papa frisou que nesta chegada de fim de ano nos perguntamos como vivemos o tempo que Deus nos deu, usamo-lo só para os nossos interesses ou para os irmãos, e quanto tempo dedicamos a Deus em oração, no silêncio?

E tratando-se duma cerimónia dedicada essencialmente, como dizíamos, à cidade de Roma, o Papa recordou que a qualidade de vida na cidade depende dos seus cidadãos – acrescentando:

Roma é uma cidade de uma beleza única. O seu património espiritual e cultural é extraordinário. No entanto, também em Roma há pessoas marcadas pela miséria material e moral, pessoas pobres, infelizes, sofredoras, que interpelam a consciência não só dos responsáveis públicos, mas também de cada cidadão.”


E o Papa prosseguiu:

Roma é uma cidade cheia de turistas, mas também de refugiados. Roma está cheia de gente que trabalha, mas também de pessoas que não têm trabalho ou que desempenham trabalhos mal pagos e por vezes indignos: Mas todos têm direito a ser tratados com a mesma atitude de acolhimento e equidade, porque cada um é portador da dignidade humana”.

O Papa Francisco concluiu a sua homilia dizendo que a Roma do novo ano terá um rosto mais belo, se for mais rica em humanidade, hospitalidade, acolhimento, se todos – sublinhou - “formos mais atentos e generosos em relação às pessoas em dificuldade; se soubermos colaborar com espírito construtivo e solidário para o bem de todos. (…) Se não houver pessoas que olham tudo da varanda sem se deixar envolver nas vicissitudes da humanidade.”

E o Papa incitou a Igreja de Roma a empenhar-se em dar o próprio contributo para o melhoramento da vida na cidade, animando-a com o fermento do Evangelho, e ajudando-a a ser sinal e instrumento da misericórdia de Deus.

Por fim o Papa encorajou todos a concluir o Ano de 2013 agradecendo ao Deus, pedindo perdão e iniciando uma nova etapa da nossa peregrinação terrena com a ajuda de Nossa Senhora Mãe de Deus, cujo nome se celebra no dia 1 de Janeiro.

No final do Te Deum, o Papa deslocou-se à Praça de São Pedro para uma homenagem orante ao Presépio instalado no centro da mesma.

30 dezembro, 2013

UM ANO QUE PASSOU E UM ANO QUE CHEGA.



Está a chegar um novo ano!
Olho para trás e quero perceber aquilo que mais me marcou neste ano que passou.

E a primeira coisa que me vem à memória e ao coração, é a humildade.

A humildade de Bento XVI, (o tal “pastor alemão” irredutível), que resigna ao seu pontificado, por reconhecer a “fraqueza” das suas forças, motivada pelos seus muitos anos de vida.

A humildade de Francisco que no seu primeiro acto público pede aos fiéis que rezem por ele, humildade demonstrada depois nos muitos gestos que vão preenchendo o dia-a-dia do seu pontificado.

A humildade de tantos cristãos perseguidos por esse mundo fora, e que humildemente baixam a cabeça em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A humildade de tantos Bispos e Sacerdotes que apontam Jesus Cristo, que mostram o Caminho, sem querer ser reconhecidos, fazendo-se “pequenos” perante o Senhor e os homens, sendo trabalhadores da Messe, sem esperar outra recompensa que não seja a graça de Deus.

A humildade de tantos fiéis anónimos que servem a Deus em Igreja, ensinando, catequizando, secretariando, limpando e embelezando as igrejas, sem querer um momento de “glória” ou de elogio, mas apenas para servir a Deus, servindo a Igreja.

A humildade daqueles casais que se amam em doação, procurando o bem e a felicidade do outro, sabendo reconhecer os seus erros, para todos os dias renovarem com ou sem palavras o seu Matrimónio cristão.

A humildade daqueles pais e daqueles filhos, que se dedicam uns aos outros, reconhecendo exageros e irritações, perdoando-se mutuamente, para todos os dias construírem a igreja doméstica que é a família cristã.

A humildade daqueles que, “feridos” por uma qualquer situação irregular nas suas vidas conjugais, aceitam em amor a Doutrina da Igreja, e procuram na obediência o caminho em Igreja, ao encontro do Senhor que sempre se faz presente.

A humildade dos que foram capazes de se aproximar daqueles que ofenderam, ou por eles foram ofendidos, e pediram perdão ou perdoaram.

A humildade que o Senhor coloca no meu coração, (por mim tal humildade não aconteceria), cada vez que se deixa tocar por mim, para que O possa dar como alimento divino, àqueles que O procuram e O reconhecem como Deus e Senhor.

Como Deus faz as coisas bem feitas!

Naquilo que supostamente me poderia humanamente orgulhar, (ah, e eu sei bem o que é o orgulho!), ser Ministro Extraordinário da Comunhão, (a graça maior que Ele entendeu dar-me este ano), é quando me sinto mais fraco, mais pecador, mais servidor.
É então que reconheço que só com Ele, a humildade é graça e caminho para Deus, com Deus e em Deus.

Um Feliz Ano Novo para todos, cheio das graças e das bênçãos de Deus Pai, Filho e Espírito Santo!


Monte Real, 30 de Dezembro de 2013 
Joaquim Mexia Alves

29 dezembro, 2013

Nata«l 2013: Com Jesus, Maria e José




Ainda no clima do Natal, a Igreja celebra a FAMÍLIA SAGRADA de Nazaré.
Queremos também louvar e agradecer a Deus por todas as famílias que são sagradas, pois geram e cuidam da vida.

As leituras bíblicas fornecem indicações práticas para nos ajudar a construir famílias felizes, que sejam espaços de encontro, de partilha, de fraternidade, de amor verdadeiro.

A 1ª Leitura desenvolve e explica o 4Mandamento.
Apresenta indicações práticas dos filhos para com os pais.
Essa observância é desejada e abençoada por Deus. (Sr 5,2-6.12-14)

A 2ª Leitura mostra o espírito que deve reinar numa família:
"Revesti-vos de sincera misericórdia, bondade, mansidão e paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente..."  (Cl 3,12-21)
E aplica isso às Esposas... aos Maridos... aos Filhos... e aos Pais...

O Evangelho apresenta-nos a FAMÍLIA SAGRADA, em três momentos da Infância de Jesus:
Belém... Egito... Nazaré... (Mt 2,13-15.19-23)
Nessas migrações, JESUS é conduzido por Deus e protegido por seus pais...

+ A FAMÍLIA DE NAZARÉ:
É uma família como qualquer família de ontem, de hoje ou de amanhã, que se defronta com crises, dificuldades e contrariedade, no entanto...

- É uma família unida e solidária.
Nela existe verdadeiro Amor e solidariedade.
Não hesita enfrentar os perigos do  deserto e o desconforto do exílio, quando um dos seus membros corre riscos.
Os problemas de um são problemas de todos.

- É uma família onde se escuta a Palavra de Deus
e onde se aprende a ler os sinais de Deus.
Nessa escuta, consegue soluções para vencer as contrariedades e descobrir caminhos a percorrer, para assegurar a vida e o futuro aos seus membros.

José aparece como o homem "justo", atento às indicações de Deus, que sabe discernir e acolher a vontade de Deus, que tudo sacrifica em defesa da vida daquele menino, que Deus lhe confiou.

- É uma família que obedece a Deus
Diante das indicações de Deus, não discute nem argumenta.
No cumprimento obediente aos projetos de Deus, esta família assegura um futuro de vida, de tranqüilidade e de paz.

+ A Sagrada Família, modelo da família cristã?
Costuma-se dizer que a Sagrada Família é o modelo da família cristã, não tanto no seu contexto sociocultural e histórico, tão distante do nosso, mas quanto aos seus valores fundamentais, especialmente o Amor, que lhe deram coesão, significado e missão de salvação nos planos de Deus.

+ A Família é uma instituição em mudança ou já superada?
A família é a célula base da Igreja e da sociedade, mas está a passar por uma transformação profunda...
É uma instituição divina, por isso permanente...
Mas o modo de viver em família pode mudar através dos tempos.

- Na Família do Passado, primava a relação vertical:
uma instituição fechada, de cunho patriarcal.
O Pai detinha a autoridade e era responsável pela parte económica;
A Mãe atendia aos afazeres domésticos e cuidava dos filhos (numerosos);
Os filhos submetidos à autoridade paterna.
= Dava-se muito valor à AUTORIDADE...

- Na Família Atual, primam as relações horizontais dentro da família.
Dá-se preferência ao DIÁLOGO, à co-responsabilidade, à igualdade, ao companheirismo e à amizade entre marido e esposa, entre pais e filhos.
= Contudo a família sofre hoje muitas influências negativas e muitos fatores de desagregação...

+ Quais os valores básicos e permanentes na família?

- Comunhão inter-pessoal de Amor e de Vida...
O Amor fiel, único, exclusivo, totalizante e para sempre...
Os Filhos não são vistos como propriedade ou bens adquiridos para o egoísmo possessivo de seus pais, mas como vida e prolongamento vital de um amor pessoal, que educa e orienta para a liberdade responsável.
"A família é a fonte da vida e o berço da fé." (João Paulo II)

- Comunidade aberta aos valores do mundo de hoje:
A solidariedade, a responsabilidade, a fraternidade, e o compromisso com os direitos humanos...

- Igreja doméstica: Só assim a família cristã testemunhará a fé, a esperança e a caridade.
Uma igreja doméstica que contribui para a santificação do mundo, a partir de dentro, à maneira de fermento.

E a Nossa família, como vai?
  (À moda antiga ou atual?)

 Pe. António Geraldo Dalla Costa - 29.12.2013

(Papa no Angelus) - Tal como a Família de Nazaré, muitas outras se encontram hoje em exílio, mesmo dentro das próprias famílias


(RV) A Sagrada Família de Nazaré que hoje a Igreja comemora, foi o tema da reflexão do Papa Francisco, por ocasião da oração mariana do Angelus, juntamente com os milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro e com quantos o seguiam através dos meios de comunicação social.

Família - porque Deus quis nascer numa família com mãe e pai, como aliás mostram os presépios – disse o Papa - frisando que o Evangelho deste domingo é centrado sobre a fuga da Sagrada Família de Belém para o Egipto devido às ameaças de Herodes.

José, Maria e Jesus experimentam portanto as condições dramáticas dos refugiados, marcadas por medo, incerteza, dificuldades – prosseguiu o Papa - recordando que, infelizmente, também nos nossos dias, milhões de famílias vivem esta triste realidade. Quase todos os dias os meios de comunicação falam de pessoas obrigadas a fugir devido à fome, guerras e outros perigos graves, indo à procura de segurança e de uma vida digna para si e para os próprios familiares…

Mesmo quando esses refugiados e emigrantes encontram trabalho, nem sempre isto é acompanhado dum verdadeiro acolhimento, respeito, apreço dos valores de que são portadores – frisou o Papa, convidando a pensar no drama dos migrantes e refugiados que são vítimas de recusa e exploração.

Mas o Papa convidou também a pensar naqueles que definiu de “exilados escondidos” no seio das famílias, e deu como exemplo os anciãos, por vezes tratados como uma presença incómoda, e recordou mais uma vez que a forma como se tratam os anciãos e as crianças é espelho do estado da família…


E com veemência Francisco voltou a repetir que numa família onde os membros se recordam sempre de pedir licença, dizer obrigado e pedir desculpas, nessa família reina a alegria e a paz…

O Papa Francisco continuou a sua reflexão, fazendo notar que Jesus quis pertencer a uma família humana que passou por várias dificuldades, isto para mostrar que Deus está lá onde a pessoa humana enfrenta perigos, lá onde o homem sofre, onde tem de fugir, onde experimenta a recusa e o abandono; mas está também lá onde a pessoa humana sonha, espera regressar à Pátria em liberdade, projecta e opta pela vida, pela própria dignidade e pela dos seus familiares.


O Papa referiu-se ainda à simplicidade de vida da Família de Nazaré, exemplo para as famílias de hoje, ajudando-as a se tornar comunidades de amor e de reconciliação, em que se experimenta a ternura, a ajuda e o perdão recíprocos. Mas convidou-as também a tomar consciência da importância que têm na Igreja e na sociedade, especialmente no anuncio do Evangelho que da família passa aos diversos âmbitos da vida quotidiana…


Depois da oração mariana do Angelus, o Papa recordou que o próximo Sínodo dos Bispos enfrentará o tema da família e, neste dia da Festa da Sagrada Família confiou à Família de Nazaré os trabalhos do Sínodo, dirigindo a Ela, juntamente como os fiéis, uma oração a favor de todas as famílias do mundo…


ORAÇÃO À SAGRADA FAMÍLIA

Jesus, Maria e José,
em Vós, contemplamos
o esplendor do verdadeiro amor,
a Vós, com confiança, nos dirigimos.

Sagrada Família de Nazaré,
tornai também as nossas famílias
lugares de comunhão e cenáculos de oração,
escolas autênticas do Evangelho
e pequenas Igrejas domésticas.

Sagrada Família de Nazaré,
que nunca mais se faça, nas famílias, experiência
de violência, egoísmo e divisão:
quem ficou ferido ou escandalizado
depressa conheça consolação e cura.

Sagrada Família de Nazaré,
que o próximo Sínodo dos Bispos
possa despertar, em todos, a consciência
do carácter sagrado e inviolável da família,
a sua beleza no projecto de Deus.

Jesus, Maria e José,
escutai, atendei a nossa súplica.


Por fim o Santo Padre dirigiu uma saudação especial aos fiéis que estavam em ligação com a Praça de São Pedro naquele momento a partir da Basílica da Anunciação em Nazaré, para onde se deslocou o Secretário Geral do Sínodo dos Bispos; a partir da Basílica da Sagrada Família em Barcelona, onde se encontra o Presidente do Conselho Pontifício para a Família; a partir da Basílica Santuário da Santa Casa, em Loreto, Itália; e a quantos se encontravam reunidos em várias partes do mundo para celebrações em que a família estava no centro da atenção.

O Papa concluiu saudando os peregrinos que enchiam verdadeiramente a Praça, especialmente as famílias… e ainda diversos outros grupos vindos essencialmente de diversas partes da Itália…

Domingo da Sagrada Família - Papa Francisco fala da bênção que se transmite na família


(RV) O caminhar da família (Papa Francisco, Encíclica "Lumen fidei", 52-53)

"No caminho de Abraão para a cidade futura, a Carta aos Hebreus alude à bênção que se transmite dos pais aos filhos (cf 11, 20-21). O primeiro âmbito da cidade dos homens iluminado pela fé é a família; penso, antes de mais nada, na união estável do homem e da mulher no matrimónio. Tal união nasce do seu amor, sinal e presença do amor de Deus, nasce do reconhecimento e aceitação do bem que é a diferença sexual, em virtude da qual os cônjuges se podem unir numa só carne (cf Gn 2, 24) e são capazes de gerar uma nova vida, manifestação da bondade do Criador, da sua sabedoria e do seu desígnio de amor. Fundados sobre este amor, homem e mulher podem prometer-se amor mútuo com um gesto que compromete a vida inteira e que lembra muitos traços da fé: prometer um amor que dure para sempre é possível quando se descobre um desígnio maior que os próprios projectos, que nos sustenta e permite doar o futuro inteiro à pessoa amada. Depois, a fé pode ajudar a individuar em toda a sua profundidade e riqueza a geração dos filhos, porque faz reconhecer nela o amor criador que nos dá e nos entrega o mistério de uma nova pessoa; foi assim que Sara, pela sua fé, se tornou mãe, apoiando-se na fidelidade de Deus à sua promessa (cf Heb 11, 11).


Em família, a fé acompanha todas as idades da vida, a começar pela infância: as crianças aprendem a confiar no amor de seus pais. Por isso, é importante que os pais cultivem práticas de fé comuns na família, que acompanhem o amadurecimento da fé dos filhos. Sobretudo os jovens, que atravessam uma idade da vida tão complexa, rica e importante para a fé, devem sentir a proximidade e a atenção da família e da comunidade eclesial no seu caminho de crescimento da fé.