30 novembro, 2011

PAPA BENTO XVI - Audiência Geral

Sala Paulo VI
 Quarta-feira, 30 de Novembro de 2011


Queridos irmãos e irmãs,
Depois de ter tratado alguns exemplos de oração no Antigo Testamento, convido-vos hoje a olhar para a oração de Jesus. Esta atravessa todos os momentos da sua vida, guiando-o até ao dom total de Si mesmo, segundo os desígnios de Deus Pai. Jesus é o nosso mestre de oração. Mas, quem O ensinou a rezar? O seu coração de homem aprendeu a rezar com a sua Mãe e a tradição judaica. Mas a sua oração brota duma fonte secreta, porque Ele é o Filho eterno de Deus, que, na sua santa humanidade, dirige a seu Pai a oração filial perfeita. Assim, olhando para a oração de Jesus, devemo-nos perguntar: Como é a nossa oração? Quanto tempo dedicamos à nossa relação com Deus? Hoje, num mundo frequentemente fechado ao horizonte divino, os cristãos estão chamados a ser testemunhas de oração. E é através da nossa oração fiel e constante, na amizade profunda com Jesus, vivendo n'Ele e com Ele a relação filial com o Pai, que poderemos abrir, no mundo, as janelas para o Céu.
* * *
Saúdo os peregrinos de língua portuguesa, particularmente os brasileiros vindos de Lorena e de Curitiba, a quem desejo uma prática de oração constante e cheia de confiança para poderdes comunicar a todos quantos vivem ao vosso redor a alegria do encontro com o Senhor, luz para as nossas vidas! E que Ele vos abençoe a vós e às vossas famílias!
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29 novembro, 2011

«QUE DEUS ESPERAMOS NÓS?»



Ontem, na Missa da tarde da minha Paróquia da Marinha Grande, o sacerdote que presidia à celebração, fazia-nos esta mesma pergunta durante a homilia.

E foi-nos conduzindo nesta reflexão, que despertou em mim a vontade de meditar sobre tão importante pergunta.

Com efeito, vivendo o Advento, tempo de espera, mas também de reflexão, de conversão, para o encontro com o Senhor, devemo-nos perguntar:
«Que Deus espero eu?»

Espero um deus por mim idealizado, por mim “construído”, enfim, um deus que sirva os meus propósitos, os meus desejos, as minhas vontades?

Espero um deus que se “dedique” a dizer sim a tudo o que eu lhe pedir?

Espero um deus que me faça importante aos olhos dos outros, que me faça ser reconhecido pelos outros?

Espero um deus que não me dê missões, “obrigações”, ou necessidades de reflectir e meditar naquilo que faço?

Espero um deus que se “contente” com um simples, “eu acredito”, mas que não me “incomode” com orações e celebrações?

Espero um deus que “perceba” que uma coisa é a minha relação com ele, outra coisa é a minha relação com o mundo?

Espero um deus que me dê “presentes”, que me dê tudo o que quero e julgo ser importante para a minha vida, que me dê o peixe, em vez de me ensinar a pescar?

Espero, enfim, (porque a lista seria longa demais), um deus que nasça igual aos homens, mas que não passe pela Paixão, nem a Morte, mas apenas a Ressurreição?

Se é este deus que eu espero, estou enganado, porque o Deus que nasce da Virgem Maria, e se faz Homem, em tudo igual a nós, (excepto no pecado), é um Deus que “apenas” tem amor para dar.

E esse amor é tão universal, tão infinito, que não se esgota em mim, mas se derrama, em tudo igual, em todos os outros, em todo o tempo e em qualquer lugar.

O Deus que vem ao meu encontro, é um Deus que me liberta de mim próprio, se eu com Ele me quiser encontrar.

É um Deus que nunca me faltará com nada do que verdadeiramente preciso para viver e ser feliz, mas que muito raramente são as coisas que eu julgo, (na minha ignorância e pequenez), importantes para isso mesmo.

É um Deus que me mostra o Caminho, que me revela a Verdade, que me dá a Vida, mas que a nada me obriga, pois tudo faz por amor.

É um Deus que me conduz e ampara, mas não dá os passos que devem ser meus, nem toma as decisões que eu devo tomar.

É um Deus que não quer fazer de mim alguém diferente dos outros, mas quer sim, (por minha vontade própria), fazer-me mais igual aos outros, mais irmão, mais comunhão com todos.

É um Deus que não me quer mudar naquilo que sou, (foi Ele, aliás, que assim me criou), mas quer sim que tudo o que me deu, eu saiba aproveitar para, dando-me mais a Ele me dar mais aos outros, e assim fazendo a Sua vontade encontrar a plenitude da vida que Ele me deu.

Se é este o Deus que eu espero, sou feliz, porque Ele vem, já veio, e só espera que eu me deixe encontrar por Ele, para me dar e fazer viver o verdadeiro Natal.

Nota:
Texto “provocado” pela homilia do Padre Pedro Viva, Vigário Paroquial da Paróquia da Marinha Grande, na Missa de ontem.
Joaquim Mexia Alves

23 novembro, 2011

PAPA BENTO XVI - Audiência Geral

Sala Paulo VI
Quarta-feira, 23 de Novembro de 2011


Amados irmãos e irmãs,

Deus concedeu-me voltar à África, no passado fim de semana, para uma visita ao Benim, que celebra cento e cinquenta anos de evangelização. Um momento extraordinário de oração e de festa foi a solene Eucaristia de domingo, no Estádio da Amizade de Cotonou, na qual participaram milhares de fiéis de todas as idades: um testemunho maravilhoso da fé que consegue unir as gerações e dar resposta aos desafios de cada estação da vida. Confiei-lhes a Exortação apostólica pós-sinodal «O Serviço da África», que é um grande apelo a todos os fiéis cristãos para um redobrado esforço na comunicação do Evangelho a quantos ainda não o conhecem e que anseiam pela reconciliação, a justiça e a paz. Os africanos responderam, com o seu entusiasmo inconfundível, a este apelo; e, nos seus rostos, na sua fé ardente, na sua adesão convicta ao Evangelho da vida, pude uma vez mais vislumbrar sinais consoladores de esperança para o continente africano e para o mundo inteiro.
* * *
Queridos amigos e irmãos de língua portuguesa, que hoje parais junto do túmulo de São Pedro e neste Encontro com o Seu Sucessor: Obrigado pela vossa presença! A todos saúdo, especialmente aos brasileiros da Comunidade Arca da Aliança, confiando à Virgem Maria os vossos corações e os vossos passos ao serviço da evangelização e do anúncio da Palavra de Deus. Para vós e vossas famílias, a minha Bênção!
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22 novembro, 2011

PREPARANDO O ADVENTO

 
Uma das muitas coisas que o meu pai me ensinou ao longo da minha vida, foi a pontualidade, e, com a pontualidade, o saber esperar.


Quando se é pontual, espera-se sempre que os outros também o sejam, e por isso a espera é sempre uma certeza de que os outros chegam e não vão faltar ao encontro.

Mas nós homens, com as nossas fraquezas e imponderáveis, falhamos muitas vezes os encontros, porque somos impedidos pelas mais diversas razões, e, mesmo quando comparecemos, chegamos muitas vezes atrasados.

Com Deus não é assim!

O Senhor Jesus “comparece” sempre ao encontro, é sempre pontual, e basta nós querermos verdadeiramente encontrarmo-nos com Ele, para Ele logo se fazer presente.

Curiosamente, entre nós homens, aqueles que são muito pontuais até costumam chegar adiantados ao encontro marcado.

Pois com Jesus ainda mais, porque lendo Ele o nosso coração e percebendo o nosso desejo, a nossa vontade de com Ele nos encontrarmos, logo se faz presente, esperando por nós de braços abertos.

Mas nós, os homens pontuais, somos muito exigentes com essa pontualidade, e por isso mesmo, se os outros não chegam à hora marcada, damos-lhes pouca tolerância, e passado um tempo de espera, desistimos do encontro.

Já com o Senhor Jesus, isso não se passa, pois para além da sua “pontualidade” ser uma constante, (porque Ele sempre está à nossa espera), nunca desiste do encontro connosco mesmo que cheguemos muito atrasados, mesmo até que faltemos inúmeras vezes ao encontro.

Aliás, Ele veio ao mundo, fez-se igual a nós em tudo, (excepto no pecado), precisamente para isso, para se encontrar connosco e nos mostrar o caminho da salvação, por isso mesmo a Sua espera por nós é uma espera permanente, constante, a fim de nos encontrar, para nos conduzir à felicidade eterna na Sua presença.

Por isso mesmo, também a nossa espera para o encontro com Jesus é uma certeza tão infalível da Sua presença, e assim, apenas O devemos esperar também em serena alegria, preparando-nos em tudo para O receber, e encontrando-nos com Ele, O seguirmos sempre e em tudo.

Vêm estas palavras, a propósito da chegada do Tempo do Advento já no próximo Domingo, que poderíamos reconhecer como o tempo da espera na ansiosa alegria, que se concretiza infalivelmente, se assim o desejarmos.

É difícil e inquietante esperar quando se tem dúvidas do que se espera, ou se receia que o esperado não apareça.

Agora, quando se espera por Aquele que se faz sempre presente, que nunca falta ao encontro, e que traz “apenas” o amor, a paz e o bem para nos dar, essa espera é uma tranquilidade, uma serenidade, uma alegria, que só é ultrapassada quando o verdadeiro encontro com Ele se dá, e enchendo-nos por completo, transforma esse encontro em vida plena, em «vida em abundância» (Jo 10,10), para que «a nossa alegria seja completa». (Jo 15, 11)

Vem Senhor Jesus,
nós Te esperamos em ansiosa e serena alegria.
Joaquim Mexia Alves