30 abril, 2010

Frei Raniero Cantalamessa, em Portugal

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Frei Raniero Cantalamessa

No dia 18 de Abril, Frei Raniero Cantalamessa, esteve no Auditório Vita (Braga), onde profeririu uma conferência sobre o "VENI CREATOR".

Fr. Raniero Cantalamessa, Franciscano Capuchinho, foi ordenado sacerdote em 1958. Doutor em teologia e em literatura, foi professor de história das origens cristãs na Universidade Católica de Milão e director do Instituto de Ciências Religiosas. Membro da Comissão Teológica Internacional de 1975 até 1981. Em 1977 deixou o ensino académico para dedicar-se inteiramente ao serviço da Palavra de Deus.
Em 1980 foi nomeado Pregador da Casa Pontifícia. Por causa dessa missão, todos os anos pregou em cada semana durante a Quaresma e o Advento na presença do Papa e dos cardeais e dos bispos da Cúria Romana e dos superiores das ordens religiosas.
Foi ordenado sacerdote em 1958. Doutor em teologia e em literatura, foi professor de história das origens cristãs na Universidade Católica de Milão e director do Instituto de Ciências Religiosas. Membro da Comissão Teológica Internacional de 1975 até 1981. Em 1977 deixou o ensino académico para dedicar-se inteiramente ao serviço da Palavra de Deus.
Em 1980 foi nomeado Pregador da Casa Pontifícia. Por causa dessa missão, todos os anos pregou em cada semana durante a Quaresma e o Advento na presença do Papa e dos cardeais e dos bispos da Cúria Romana e dos superiores das ordens religiosas.
Muitas vezes é chamado a fazer conferências e pregar retiros e congressos nacionais e internacionais. Pregou nos retiros mundiais para sacerdotes acontecidos em Roma em 1984 e 1990.
Por ocasião da recordação dos quinhentos anos da chegada dos 'descobridores' na América, pregou um retiro no México para 1500 sacerdotes e 70 bispos de toda a América Latina.
Publicou muitos livros de espiritualidade que foram traduzidos em diversas línguas.
Desde o final de 1980 Frei Raniero Cantalamessa, da Província das Marcas, é Pregador Apostólico. Como tal, todas as sextas-feiras do Advento e da Quaresma, ele propõe uma meditação na presença do Papa, dos cardeais, bispos, prelados e superiores gerais de ordens religiosas.
O título e o serviço do Pregador Apostólico remontam a Paulo IV (1555-1559). Até aquele tempo os Procuradores Gerais das quatro ordens mendicantes (Pregadores ou Dominicanos, Menores ou Franciscanos, Eremitas de Santo Agostinho e Carmelitas) pregavam por turno nos domingos do Advento e da Quaresma.
De Paulo IV em diante, os pregadores apostólicos foram estáveis, escolhidos das diversas ordens religiosas. E, em 1743, o Sumo Pontífice Bento XIV, com o breve Inclytum Fratrum Minorum, reservou esse encargo exclusivamente à Ordem dos Frades Menores Capuchinho.
Fonte: http://www.cantalamessa.org/pt/index.php


Para escutar a Conferência,
clica em:

(Fonte: "AUDITÓRIOVITA")

Visita de Bento XVI, a Portugal

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Aura Miguel

No dia 27 de Março realizou-se, no Auditório Vita, em Braga, uma conferência acerca da viagem do Papa a Portugal intitulada "DESAFIOS E ESPERANÇAS" tendo como voz Aura Miguel, Vaticanista da Rádio Renascença.
Ao longo da sua carreira como jornalista especializada em assuntos do Vaticano, Aura Miguel, foi acompanhando Sua Santidade para todo o lado nas suas viagens e conhece bem todo o seu trabalho pastoral. Como tal, podemos afirmar que é a pessoa em Portugal melhor capacitada para nos ajudar a receber o Santo Padre.


Para escutar a Conferência,
clica em:


 (Fonte: "AUDITÓRIOVITA")

20 abril, 2010

16 abril, 2010

Aliança Eterna

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Pe. José Carreira das Neves

A pessoa de Jesus tem sido, ao longo dos dois mil e poucos anos de era cristã, uma grande interrogação para a História. Nos primeiros séculos, durante o império romano, surgiram muitas heresias – a dos gnósticas, dos montanistas, de Pelágio, dos monges encratitas…
Os gnósticos, que hoje conhecemos muito melhor com as descobertas da biblioteca de Nag-Hammadi, no centro do Egipto, defendiam que Jesus era um grande mónada, de entre muitas outras, que se colocou entre o pléroma superior e a humanidade inferior, como avatar salvador. A humanidade inferior - todos nós - é fruto da ignorância da Sabedoria do pléroma superior. Com esta “ignorância” deu-se a queda infernal que retirou à humanidade a faúlha divina de onde todos proviemos.
A redenção constante, por isso, na reconquista dessa faúlha. Entre todos os criados, é Jesus que mais possui o dom da faúlha divina e que, como tal intercede por toda a humanidade “perdida”.
Montano, no século II d. C., defendeu que Jesus não era humano, mas apenas divino e que, como tal, se confundia com o Espírito santo. A sua carne era pura aparência.
Este erro já aparece na 1 João 2, 18-13. Segundo o autor da carta, o “Anticristo” já apareceu dentro dos “anticristos” daquela comunidade cristã. São todos os que negam “que Jesus [o homem Jesus] é o Cristo [o Ungido messiânico]… Todo o que nega o Filho fica sem o Pai; aquele que confessa o Filho tem também o Pai.” Na segunda carta de João, o v. 7 é mais preciso: “É que apareceram no mundo muitos sedutores que afirmam que Jesus Cristo não veio da carne mortal. Esse é o sedutor e o anticristo!”.
Muitíssimos monges encheram os desertos da Síria, Palestina e Egipto, nos séculos III-VI, que negavam o casamento, o sexo, como coisa “feia” e “pecaminosa”. São os célebres encratitas.
A sua doutrina provinha do facto de Jesus ser divino e não humano, apenas espiritual e com uma “carne”apenas aparente. Também são classificados de “doceteas”, do verbo grego dokein, que significa “Carne aparente”.
Pelágio situa-se numa outra vertente: Jesus foi um super-homem. Salvamo-nos pelo mérito das nossas obras e não pela graça. Contra Pelágio lutou sobretudo Santo Agostinho.
No século XVIII muitos intelectuais europeus viram em Jesus um homem liberal, de acordo com a cultura liberal do tempo.
No século XIX, tempo do romantismo, uma vez mais os intelectuais europeus viram em Jesus o maior dos românticos a contemplar as searas da Galileia, os lírios do campo, a pesca do lago, a ternura pelos pobres e doentes e pelas crianças. Leiam Ernest Rénan.
Com a crítica histórico-literária, no século XX, sobretudo com R. Bultmann, muitos exegetas e intelectuais europeus, especialmente na Alemanha”protestante”, concluíram que os evangelhos, como chegaram até nós, não eram de Jesus, mas “criação” das comunidades de cristãos primitivos. O verdadeiro Jesus da Galileia nada tinha a ver com milagres, mas apenas com uma ética de mestre pregador, que “falhou” o seu plano de instalar na terra do Reino de Deus.
Nos nossos dias continua entre os pesquisadores intelectuais esta tentativa de encontrar o verdadeiro Jesus da história na panóplia dos textos sobre Jesus da fé e da Igreja. Em terminologia mais simples, o que esses intelectuais procuram é sempre um Jesus à medida humana.
Como resposta deixemos que o primeiro versículo do evangelista São Marcos, no início da pregação de Jesus na Galileia, nos encha os ouvidos: “Depois de João ter sido preso, Jesus foi para a Galileia, e proclamava o Evangelho de Deus, dizendo: “Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo: arrependei-vos e acreditai no Evangelho”. (Mc 1, 14-15). O “escândalo” reside no verbo de acção: arrependei-vos.
Se Jesus prega o arrependimento é porque há pecado. Simplesmente, na cultura actual, laica e hedonista, não há lugar para o “pecado”. Jesus foi um liberal, um romântico, um amigo de pobres e doentes, pouco interessado nos pecados dos fariseus e saduceus porque combatia os sacrifícios do Templo onde os pecadores eram perdoados por obra e graça do sangue dos animais.
E é verdade que Jesus combateu os sacrifícios do Templo, o que não significa que não combatesse o pecado. Ele existe no coração de todos e não há Reino de Deus onde existe a injustiça, a corrupção, a pedofilia, o orgulho, o interesse egoísta, o desprezo pelo outro. E para que não haja dúvidas sobre o verdadeiro Jesus, o drama da humanidade recai sobre Jesus na ceia pascal:”Tomai e comei: Isto é o meu corpo… Bebei dele todos, porque este é o meu sangue, sangue da Aliança, que vai ser derramado por muitos (todos), para perdão dos pecados” (Mt 26, 25-28 e paralelos).
Na última ceia – ceia pascal – o verdadeiro Jesus apresenta-se como a palavra final do drama da criação de Deus.
O grande pecado “original”, na história de Israel e do mundo, consiste em não aceitar as muitas alianças de Deus com o seu povo. Não aceitar a Aliança é não aceitar que Deus intervenha na História com leis e mandamentos de amor e verdade.
Todos queremos construir a nossa torre de Babel onde a “língua” de Deus não pode entrar. Nós e só nós é que existimos – Deus e as suas leis de aliança são um empecilho.
A última aliança – a de Jesus – deixa, realmente, de lado Moisés, sacrifícios do Templo, leis do puro e impuro, para se fundamentar na aliança que se confunde com a vida, sangue e morte das pessoa de Jesus, a única “eterna”…há olam!
Não há verdadeiro Jesus sem morte e sangue – doação total ao Pai e a Humanidade.
Santa Páscoa!
  
Labat n.º 103 de Abril de 2010

Mistério Pascal: Revelação do Amor


Toda a vida do Verbo Encarnado foi manifestação do amor trinitário, mas o Tríudo pascal coloca diante de nós, dum modo, dum modo muito evidente, a revelação desse amor. Deus é Amor (cf. 1Jo 4, 8), mas o mistério pascal é a mais solene e rica revelação desse amor, numa trilogia enriquecida pelos momentos mais significativos da experiência pascal de Jesus.
Amor eucaristico de Quinta Feira Santa, amor em que Jesus lava os pés com humildade de escravo, em que institui a Eucaristia como sacramento de amor, em que institui o sacramento da Ordem para que homens possam perpetuar a sua oferta e os outros sacramentos, em que Se dá a nós na entrega mais generosa e mais total, como sacerdote e vítima, em que faz a bela e longa Oração sacerdotal que S. João coloca no capítulo 17 do seu evangelho.
Amor eucarístico que prova a eloquência da dádiva do novo Cordeiro pascal que Se entrega para ser nosso alimento, em que Jesus quer ficar connosco no sacramento da Eucaristia, em que há a oração pela unidade de todos com Ele, por Ele, por ele e n’Ele.
Amor eucarístico em que o Bom Pastor se dá em alimento às suas ovelhas, em que o Pão Vivo se torna manjar celeste, em que homens são investidos do poder sacerdotal.
Amor crucificado de Sexta feira Santa, em que a vítima Se oferece em holocausto na Cruz, em que se dá a maior prova de amor, a morte pelos amigos, em que o Cordeiro que tira o pecado do mundo, Se deixa matar para nos remir e salvar, em que a misericórdia se torna operante, perdoando, remindo e fica perpetuada com a palavra “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”.
Amor crucificado em que o cordeiro Imaculado se oferece pela salvação de todos, em que o Bom Pastor vai até ao extremo do dom da vida, em que a oferta é feita em pleno holocausto.
Amor crucificado simbolizado no Coração aberto, para provar a “loucura” apaixonada do nosso Deus, em que todos somos aspergidos pelo sangue redentor, em que a Igreja sai do seu lado aberto no símbolo de água e de sangue, os sacramentos do baptismo e da eucaristia.
Amor crucificado em que Jesus continua a ter sede de nós, da nossa amizade, do nosso amor, da nossa entrega generosa e fiel.
Amor ressuscitado de Domingo de Páscoa, continuado em todo o tempo pascal, em que a paz e a alegria invadem o coração e a vida dos cristãos, começando pelos apóstolos, em que é dado poder de perdoar e a primeira efusão do Espírito, em que Jesus nos envia em missão, para ser no mundo suas testemunhas.
Amor ressuscitado em que nos é dito que Deus é nosso Pai e que somos irmãos de Jesus, em que se gera a fraternidade universal e a comunhão de irmãos, em que o Cristo Pascal nos faz introduzir na comunhão trinitária.
Amor ressuscitado em que a Igreja é consolidada pela força do Espírito, em que Jesus nos convida, como a Tomé, a entrar em seu Coração aberto, em que somos enviados pelo mundo inteiro a baptizar, a anunciar o amor, a fazer discípulos.
Amor ressuscitado em que Jesus, doravante, fica presente e actuante na Igreja, na Palavra, na Eucaristia, em nós, em todos, sobretudo nos mais pobres e nos que sofrem (cf. Mt 25, 31 e seg.)

Trilogia do amor, amor-perfeito com três pétalas: eucarístico, crucificado, ressuscitado. O mistério pascal torna-se a revelação mais esplendorosa do amor. Viver o mistério pascal é entrar neste circuito do amor.

Dário Pedroso, s.j.
(Labat n.º 103 de Abril de 2010)

15 abril, 2010

Vimos o Senhor!



 Se vivemos em cheio a Páscoa, nós vimos o Senhor. Vimo-lo em Fé, cheio de Glória.
Foi esta expressão – Vi o Senhor! – que Maria Madalena proclamou depois de falar com quem ela julgava ser um jardineiro, mas logo reconheceu, qual ele pronunciou o seu próprio nome: “Maria” (Jo 20, 11-18).
Mais lentos a reconhecerem o Senhor foram os dois discípulos que vinham de Emaús. Falaram longamente. Sentiram que lhes ardia por dentro o coração e até pediram ao simpático visitante que ficasse com eles. Mas só ao partir do pão o reconheceram. E então, o Senhor desapareceu! (Lc 24, 13-35).
Um outro dia, o Senhor apareceu-lhes de manhã cedo, junto ao Mar Tiberíades, quando os discípulos regressavam de uma longa noite que esperavam fosse de pesca. “Rapazes, tendes alguma coisa para comer?” Resposta: “MÃO”. O Senhor disse-lhes: “Lançai a rede para a direita do barco e encontrareis”. E logo encontraram. Almoçaram felizes. E a seguir, como sempre, Jesus explicou-lhes muita coisa que eles ainda não haviam entendido (Jo 21, 1-23).
Foi assim que Jesus, a pouco e pouco, foi abrindo o entendimento aos seus discípulos, levando-os a compreender que a felicidade de que a Escritura fala não está onde lhes parecia. A verdadeira porta é estreita. Só a encontrariam pela força do Espírito Santo. Mas mesmo nós, que já O recebemos, ainda falhamos, às vezes, a encontrá-la.
Espírito Santo de Deus, desce sobre mim, cresce em mim, enche a minha verdade, amadurece a minha compreensão, torna feliz a minha vida, faz que me esqueça de mim e só me lembre de ti. Porque só tu és de verdade a minha vida, o meu encanto, o meu amor, o meu futuro, o meu destino.

Ámen, aleluia!

Pe. Luís Archer sj
(Editorial do Labat n.º 103, de Abril de 2010)

Retiro Anual Diocesanao - 2010

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Não desprezeis, Senhor, um espírito humilde e contrito (SL 50, 19)



 ORADOR







Pe. Bruno Machado
Assistente Diocesano
do RCC da Diocese de Lisboa



 Para ouvir na íntegra o Orador, clique na frase abaixo:


 1.º ensinamento
Tópicos para reflexão - síntese
(Pe. Bruno Machado) 


Salmo 51 “Um coração humilhado e contrito”.
David é cada um de nós. Também fomos escolhidos e trocamos Deus por coisa pouca. David era um homem piedoso, um santo. Um santo não é perfeito, mas é o que reconhece o dom de Deus e vai ao seu encontro. Renova e dá firmeza ao meu Espírito. É isto que precisamos pedir.


Lucas 15, 11-32 – O Filho Pródigo
Nesta história está a história do nosso pecado (…).
O filho mais novo é o que quer tudo para si, arrecada tudo para si.
E o pecado consiste em estar sempre voltado para aquilo que eu quero, num permanente olhar para mim. E quando assim é partimos para uma terra longínqua, afastamo-nos dos outros, da comunidade.
Esbanja tudo consigo (…), como nós que fazemos tudo para satisfazer os nossos desejos. Atrás de uma bagatela, vem outra. Estamos sempre desejosos de estar descansadinhos. Há sempre o desejo de mais.
Somos este filho mais novo, tentados a viver entregues às nossas próprias forças.
E aonde tudo isto leva o filho mais novo? Até ao mais baixo do baixo, entregue aos porcos, atormentado ao mais fundo da sua dignidade (…).
O pecado fecha-nos em nós mesmos, deixa-nos atormentados. Hoje em dia vendem-se mais anti-depressivos (…) porque as pessoas se afastaram de Deus.
O pecado afasta-nos da alegria e da esperança, que só Deus as pode dar.
O pecado é muito aliciante e nos chama a guardar tudo para nós e vivemos vazios (…) e, só nos damos conta disso, quando chegamos a uma provação. E isso não nos dá felicidade, nem vida. E é aí, que nós damos conta, porque a Palavra de Deus é verdadeira. O Senhor que fez o céu e a terra não precisa de nada nosso, nem do nosso tempo, nem do nosso dinheiro.
Como diz Santa Teresa “quem tem Deus, tem tudo e coisas que nunca imaginou ter”. Mas vivemos fechados como a ostra que esconde a pérola.
E quando se dá conta do pecado, o que o filho mais novo faz é levantar-se e ir ter com o Pai (…). Quando reconhecemos, levantamos o coração e reconhecemos as nossas faltas e vamos ao encontro do Senhor que se antecipa.
É muito difícil reconhecer a miséria, porque olhamos para nós e achamos que tudo é bom, mas não é bem assim (…). Contudo Deus é misericordioso e quer dar-nos tudo, esbanjar a sua misericórdia connosco. Por isso nos convida a termos este coração contrito e humilhado.
Deus não nos quer mortos, mas para isso é preciso uma dor da alma. O verbo utilizado, levantou-se, é correspondente à ressurreição. Deus sofre connosco porque nos vê cansados, humilhados e por isso corre para nós. Veste-nos uma veste nova. Cobre-nos de beijos e calça-nos as sandálias.
E o Pai não tem uma palavra de repreensão, mas de amor, de ternura e alegra-se com a presença do filho.
Jesus morreu e deu a vida na cruz para nos dar a oportunidade de nos amar, Deus veio para nos libertar.
Deus está aqui porque se quer alegrar com a nossa conversão.
É necessário baixar as armaduras. O Senhor conhece-nos e por isso não temos de esconder nada. Os retiros também servem para estarmos a sós com Deus. Temos hoje muito medo da morte, porque só estamos nós e Deus. Por isso é importante que façamos esta experiência enquanto estamos vivos.
O filho mais velho é aquele que tem o coração duro, que está pertinho de Deus, mas nunca conheceu o dom de Deus (…).
Deus tira o bem do mal. Deus não é uma ideia, uma poeira cósmica, mas é uma pessoa próxima que nos quer dar a vida (…).
Quando adoramos o Senhor deixemos que o olhar de Deus nos toque, nos encontre.
Estar a sós, eu e Deus.
Perceber que Deus está por nós, onde é que Deus quer falar, quer trabalhar.
Deixar que Deus nos dê uma Palavra.
Estar de coração a coração. Não há nada a dizer está tudo dito (…).
Jesus não se escandaliza com o nosso pecado, mas senta-se à mesa connosco em cada Eucaristia.

Síntese do 2.º ensinamento
(Pe. Bruno Machado) 


“Não desprezeis Senhor um coração contrito e humilhado” – tema do Retiro que foi desenvolvido em 3 ensinamentos: um, na sexta-feira, baseado em Lc 15, 11-32 sobre a parábola do Filho Pródigo; o segundo, no sábado, a partir da palavra do Evangelho de Mc 12, 28-34; e o terceiro, testemunhar a misericórdia de Deus.
Nesta edição do Labat apresentamos uma síntese do segundo ensinamento.

Ensinamento de sábado

(…) A Palavra que o Senhor nos dirige esta manhã é tirada do evangelho de S. Marcos 12, 28-34.
A pergunta do escriba que se aproxima de Jesus é bem-intencionada, porque no tempo de Jesus era dado um grande valor a um grande número de preceitos e tradições. Havia uma certa confusão sobre qual deles seria o maior que deveríamos agarrar para sermos fiéis a Jesus.
Estes mandamentos e preceitos, alguns deles encontram-se no livro do Levítico; outros são da tradição do talmude dos rabinos. São muitas tradições acumuladas, transmitidas ao longo dos tempos, para preservar a identidade do povo de Israel e da identidade judaica.

E diante desta pergunta: “Mestre qual é o maior de todos os mandamentos da lei?” Jesus não faz referência ao decálogo, aos mandamentos que Deus deu a Moisés lá no monte.
Jesus remonta à tradição dos pais e responde-lhe com o Shemá Israel, o Senhor é o único Deus, amarás o Senhor teu Deus com toda a tua alma, com todas as tuas forças. Faz isto e serás feliz”.

Este texto do Shemá é muito importante para nós, é a oração privilegiada do povo de Israel e é por isso, também a oração privilegiada de Jesus. Jesus, como todos os israelitas, reza o shemá 3 vezes ao dia (…).
Este famoso Shemá é chamado o credo histórico de Israel, porque encerra esta profissão de fé: o Senhor é o único Deus, não há outro Deus para além do Senhor.
Jesus, nosso Senhor, assume estas palavras como o fundamento da sua relação com o Pai, como o fundamento da sua relação com Deus.
Jesus assume para si estas palavras do Shemá e por isso nós que somos os discípulos de Jesus, que somos os outros cristos, havemos de ter também estas palavras como fundamento da nossa relação com o Pai.
Escuta Israel é a primeira atitude do crente, diante de Deus nós somos todos ouvidos e não língua, escuta Israel, escuta o que o Senhor tem para ti, o que o Senhor diz à tua vida (…).

Escuta, escuta Israel. Faz do teu coração um coração que ouve, um coração que perscruta aquilo que sai da boca de Deus.
Então um coração crente é um coração aberto à novidade de Deus, é um coração que não se escuta a si mesmo, mas que escuta a palavra de Deus.
Olhai, muitas vezes nas orações escutamo-nos a nós mesmo e dizemos muitas palavras, muitas coisas, de tal forma que às vezes até nos esquecemos que estamos a falar com Deus.

Um coração que escuta a Palavra não escuta uma Palavra qualquer, mas uma Palavra criadora. Deus diz e acontece, como na obra da criação.
Deus diz e faz-se. Deus diz, o homem responde e Deus faz a maravilha.

Por isso a Palavra de Deus é uma Palavra criadora, é uma Palavra recreadora. Deus cria-nos e recria-nos constantemente através da sua Palavra e por isso é que é tão importante este Shemá, escuta a palavra que te cria e recria, que te dá a vida eterna de Deus.

Um coração crente é um coração que se deixa conduzir pela verdade revelada pelo próprio Deus, que se deixa conduzir pela verdade, como único critério para a sua vida.
É um coração vigilante que pede a Deus discernimento para acolher esta Palavra no concreto do dia-a-dia, no quotidiano e é esta a primeira coisa que temos de pedir todos os dias.
Não é saúde, não é que tenhamos um dia agradável, nem que o Senhor abençoe os nossos filhos. A primeira coisa é escuta, escuta que o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Depois de pedir isto a Deus podemos pedir tudo o resto, mas primeiro pedir a Deus um ouvido que escuta, um ouvido que desperta para a novidade de Deus.

Este Shemá Israel é a raiz da nossa espiritualidade, da nossa oração. Não seremos cristãos adultos se não treinarmos o nosso ouvido. Não seremos cristãos adultos se não escutarmos a Palavra que nos indica o caminho.
Não podemos ter a vida de Deus, se não escutarmos a sua Palavra. É o próprio Jesus que nos diz: quem é de Deus escuta as palavras de Deus, vós não as escutais porque não sois de Deus.
É muito importante, irmãos, porque está na hora de tirarmos aquele fatinho da primeira comunhão, de sermos cristãos adultos, viris, que se deixam recriar pela palavra de Deus. Desse modo, perceberemos que escutar a Palavra não é um trabalho menor, não é mais uma coisa, mas é a atitude fundante e fundamental do coração crente, do coração que acredita.
Quem não escuta a Palavra não pode viver a verdade porque não a conhece, como diz Jesus a Pilatos naquelas palavras dramáticas do pretório, quando Pilatos pergunta a Jesus tu és rei? E Jesus diz: é verdade Eu sou rei, para isto nasci, para isto vim ao mundo para dar testemunho da verdade. Todo aquele que vive da verdade escuta a minha voz.
Por isso mesmo, rezar o Shemá pela manhã ajuda-nos a ter um coração aberto à palavra criadora de Deus e à sua vontade. Porque Deus está atento à nossa vida. Atende à nossa história concreta. Não está indiferente às nossas vicissitudes, às nossas dores, às nossas tribulações e é por isso, que precisamos de ouvir esta palavra de Deus que nos conduz e nos mostra o caminho.

Este é o caminho da felicidade. Faz isto e serás feliz. Nós, muitas vezes em situações concretas da nossa vida, queremos dizer a Deus: Oh Senhor, tu não vês isto, tu não vês aquilo, as minhas dores; olha isto olha, aquilo, como se fôssemos os autores da Palavra.
E isto, porque nós temos sempre a tentação terrível de construir a nossa história e então muitas vezes na nossa oração damos recados a Deus, lembramos Deus da nossa fragilidade, das nossas dores, das nossas vicissitudes. Quando deve ser o contrário. É Deus nos convida a escutar a sua vontade, a escutar a sua Palavra.
Deus é omnisciente, sabe tudo. Por isso, rezar o Shemá é também um exercício de humildade. Colocamo-nos nas mãos de Deus, quando Tu quiseres, como Tu quiseres e onde Tu quiseres. Aqui estou Senhor para fazer a Tua vontade. É o coração que se abre à novidade de Deus.

É também um convite à obediência, a seguir o caminho que Deus traçou para nós. Rezar o Shemá é uma profissão de fé. Nós não acreditamos muitas vezes.
Não acreditamos que Deus seja o Senhor da nossa história e por isso estamos sempre tentados a providenciar a resolver as coisas à nossa maneira. Pensamos que Deus nem sempre acerta.
Mas isso é um engano do demónio. É uma mentira que nos está sempre a dizer que se Deus fosse o autor da nossa história nós não teríamos esta vicissitude, não teríamos estes filhos, não teríamos este marido, nem estes pais, nem esta mulher, nem este emprego.
É um engano do demónio que nos diz olha lá, tu achas mesmo que Deus existe? Se Deus existisse, se Deus te amasse, não estarias nessa fragilidade, não estarias nessa precariedade.
E é verdade que nós damos ouvidos ao demónio que está sempre aqui a rosnar, que nos tenta enganar.
O demónio é como uma seta que não vai direita ao alvo. É isto que o demónio provoca no nosso caminho.
Então tudo o que Deus faz através da sua Palavra, criadora e recreadora, através da palavra incarnada que é Jesus Cristo a última Palavra de Deus, é a novidade de Deus, Jesus Cristo, é a Palavra que se faz carne, que se faz história e tudo o que Deus faz por Jesus Cristo é bom e belo, tudo o que Deus permite na nossa vida é para nosso bem, tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus, diz S. Paulo.

Por exemplo, esse marido que tu tens ou essa mulher é a escada que te levará ao céu, é para a tua conversão, é para não seres um tirano, para te relativizares e perceberes que não és tu o senhor, que não há outro senhor para além de Iavé. (…).
Essa comunidade que Deus te deu, que não é ideal nem poderia ser, porque ninguém se escolheu, mas foi Deus que escolheu a comunidade, o grupo de oração, esse irmão que te atrapalha, que fala muito, que diz sempre muitas coisas e com o passar dos anos vemos que diz sempre as mesmas coisas e que já não o podes ouvir. Esse irmão é para que tu te relativizes, é para que tu saias do teu trono, para que deixes a tua cadeira e te ponhas a caminho.

Então esta Palavra de S. Paulo “tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus” é uma palavra muito difícil de por em prática. Custa-nos muito aceitar e por isso reproduzimos em nós as murmurações do povo de Israel a caminho da terra prometida.
Deus faz maravilhas naquele povo, vai resgatá-lo da casa da escravidão, leva-o pelo deserto, abre o mar vermelho, derrota os inimigos e quando tudo está em paz, o povo tem fome e o que faz depois de ter visto tudo aquilo que Deus fez? Murmura: porque é que Tu nos tiras-te do Egipto. Lá tínhamos que comer. E Deus dá-lhes o maná que os acompanha até às portas da terra prometida onde eles podem semear.
Entretanto, tem sede e o que faz? O mesmo, vai ter com Moisés e pergunta, mas porque é que nos fostes buscar ao Egipto, para nos matares à sede e Deus providencia água no rochedo.

Passado um pouco Deus chama Moisés para subir ao monte para lhe dar as tábuas da lei e o decálogo, Moisés demora-se mais um pouco e o que acontece? Impaciente o povo fabrica um ídolo, um bezerro de ouro, e assim sucessivamente até chegarem à terra prometida.

É o que acontece connosco porque a história de Israel é a minha história e é a tua história.
 

Escutar Deus que me fala na escritura e na minha vida. A Palavra de Deus está na escritura, mas também se torna presente na minha vida concreta.

Shemá! Escuta o Senhor!

Labata n.º 103 de Abril de 2010

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Para visualizar as imagens do Retiro, clica em:

REPORTAGEM



Síntese da Homilia de D. Joaquim Mendes
(Encerramento do Retiro)
- 21 de Março de 2010 -



O Senhor D. Joaquim Mendes falou-nos sobre como a conversão é um «êxodo» permanente e de como este é um convite a olhar um futuro novo, de esperança, que o Senhor prepara para o seu povo.
É na Páscoa que está “este futuro novo pleno e definitivo, que o Senhor nos oferece”.
É um anúncio de “um futuro de graça transformando o deserto num lugar de amor, de intimidade, de vida em Aliança, de comunhão com o seu povo”.
E “é assim que passo a passo, o Senhor edifica e forma o seu povo, através da experiência do êxodo, do caminho do retorno, da conversão, da oferta gratuita e perene do seu amor e da sua misericórdia, que assume em Cristo rosto, realidade, plenitude.
A Páscoa é a libertação suprema e definitiva que nos abre um futuro sempre mais belo e mais pleno.”
O anúncio de S. Paulo que “olha o futuro como uma meta a alcançar” e de como “exprime o dinamismo essencial da vida cristã que é conformação com Cristo, através da conversão, do despojamento de si, da escolha dos valores cristãos, da identificação progressiva com Ele”.
É “o encontro com Cristo, a experiência do seu amor, que transforma o coração, torna a vida fecunda e leva a celebrar os seus louvores.
Este encontro, absolutamente necessário, com Cristo libertador da escravidão do pecado e dador de todos os bens, porque o homem, por si só, é incapaz de se libertar, de se salvar”.
Sobre o Evangelho o Senhor Bispo explicou que este é “um convite à confiança em Deus, que através de Jesus, se revela um Deus misericordioso”. “Revela-nos o essencial da missão de Jesus, ‘que não veio chamar os justos, mas os pecadores’ (Lc 5,32).
Veio procurar a ovelha perdida, ferida, maltratada, para a curar, salvar, libertar e reconduzir ao seio da vida, da comunhão com Deus”.
“A mulher pecadora, infeliz, humilhada, arrependida, confiante, acusada por escribas e fariseus é apresentada a Jesus que improvisamente, com sabedoria divina, lança-lhes um desafio, que cai como uma espada que penetra a profundidade das suas consciências: ‘Quem de vós estiver sem pecado, atire a primeira pedra’”.
“Jesus manifesta a compaixão e o amor misericordioso de Deus para com os pecadores e denuncia o comportamento de todos aqueles que estão sempre prontos para descobrir e denunciar o pecado dos outros.
Se nos olharmos com os olhos com que Deus nos olha, sentiremos necessidade do perdão e da misericórdia de Deus e seremos levados a usar, em relação aos outros, a mesma compaixão e misericórdia com que Deus nos olha e usa para connosco.”
“São muitos e variados modos que o Senhor nos convida a percorrer o caminho da conversão, do retorno à comunhão com Ele”.
Converter-se é descobrir o rosto misericordioso de Deus Pai, em Jesus; a alegria de ser filho de Deus, deixar-se amar por Ele, passar do pecado à reconciliação, da morte à vida.
“Somos amados por Deus, não porque sejamos «justos», não porque sejamos bons, mas porque Deus é nosso Pai, um Pai bom e misericordioso, que nos ama com amor fiel e gratuito, que não retira um milímetro do amor que nos tem, mesmo quando rompemos a comunhão com Ele, quando reivindicamos a nossa «herança», a nossa autonomia, a nossa independência, para buscarmos uma liberdade sem limites, que nos lança numa escravidão degradante.”
Convido-vos a caminharmos “em direcção à Páscoa, assumindo, com “verdade e generosidade, aquela «passagem», aquela mudança na nossa vida, que nos permita sentir a alegria da vida nova que começa com a ressurreição de Cristo, aquela luz que aponta novos caminhos e dá à nossa vida um sentido novo.
Em cada Páscoa devemos sentir que a morte de Cristo não foi em vão, que ela continua a ser fonte abundante donde jorra a água que fecunda e transforma, capaz de mudar o coração do homem e de o tornar digno da vida eterna” (Mensagem do Cardeal Patriarca, para a Quaresma de 2010).

Labat n.º 103 de Abril de 2010

08 abril, 2010

Informação do Núcleo do GOVV



O Grupo de Oração “Verdade e Vida”, reuniu-se em oração, no dia 7 de Abril de 2010,  com o Grupo de Azambuja (em formação), no Centro Paroquial daquela localidade.
A reunião de irmãos decorreu em perfeita comunhão, com a presença da Equipa do Serviço Diocesano, da Diocese de Lisboa, e teve como objectivo a preparação para o Seminário de Vida Nova no Espírito, que terá início no dia 14 de Abril, pelas 21 horas, naquele Centro Paroquial.
Perante esta excelente oportunidade, informamos que a realização das nossas orações semanais, no Centro Paroquial de Ota, serão suspensas até à concretização do referido Seminário, de Formação e Aprofundamento, em que o GOVV participará.